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Por favor, salvem os hatchs médios!

Segmento perde vendas a cada ano para os SUVs e modelos consagrados podem estar à beira da extinção

Diego Ortiz

05 de jun, 2017 · 5 minutos de leitura.

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Subaru Impreza WRX STI
Crédito: Crédito: Subaru

Eu adoro insetos, aracnídeos e bichos peçonhentos. Se não tivesse sido arrebatado pelo jornalismo automotivo eu poderia muito bem ser um feliz entomologista ou aracnologista. E um bicho que sempre me encantou muito foi a Tarântula de Gooty (Poecilotheria metallica, as fotos estão aqui caso você goste do tema). Sua cor azul metálica, o desenho quase sânscrito de seu abdome… tudo nela é lindo.

Estava lembrando dela e lamentando o fato deste incrível espécime indiano estar à beira da extinção e fiz a associação, quase imediata, de seu azul com o do Subaru Impreza WRX STi, de quase o mesmo tom. O modelo japonês é feito para quem gosta de dirigir: não tem muita frescura, não tem um sistema multimídia de última geração, mas acelera e faz curvas como poucos. E assim como a Tarântula de Gooty, pode estar em extinção.

Ele faz parte do segmento de hatchs médios, que é a última vítima dos SUVs. Aliás, nem é mais, já que o WRX agora é quase um notchback e apenas o Impreza tem versões hatch. A debandada dos clientes é geral a ponto de sucessos mundiais como o Golf, Cruze e o Focus sofrerem, o que é uma pena. Para você ter uma ideia da situação, no ano passado, de janeiro a abril, o líder em vendas do segmento no Brasil foi o Golf, com 3.478 emplacamentos. Em 2017, no mesmo período e com o mercado dando sinais de melhora, o líder Cruze teve apenas 2.562 unidades entregues, queda de 27% em apenas um ano.

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Você, que gosta de carros como eu e aprecia uma condução mais desafiadora, compre hatchs médios, não os deixe morrer. É um apelo que eu faço. Tirando as peruas, nada é mais divertido de guiar do que este tipo de modelo. Eixos perto do fim do carro, centro de gravidade baixo, bom espaço interno e porta-malas decente… tudo neles atrai.

Aqui vou dar um exemplo claro. Pegue uma marca que faz carros diversos com o mesmo apuro técnico, como a Audi. Coloque a pimenta caseira deles chamada de preparação esportiva RS em dois modelos distintos, o A3 e o Q3, um hatch e um SUV, respectivamente, e espere alguns segundos. Você vai começar a dirigir o RS Q3 e vai achar o máximo;e terá razão, o carro é animal. Tem ótima dirigibilidade, suspensão acertada… um divertimento só. Saia dele, tome um gole de água e depois pegue no volante do RS3 e comece a acelerar. Sim, é esse o momento em que o palavrão não cabe mais na boca e que se percebe que os hatchs médios podem ser tão sensacionais quanto práticos, mesmo os esportivos. Como já disse, só as peruas são melhores.

Se mesmo assim você ainda duvida de mim, depois que acabar de ler esse texto, vá na busca do Jornal do Carro e digite Civic Type R para ver do que estou falando. Harmonia no design, pneus largos e de perfil baixo, aerofólio de verdade… eu poderia ficar até amanhã falando sobre as coisas boas que os hatchs médios têm, mas o assunto é para hoje. Quem tem fome (de vendas) tem pressa.


Por falar em vendas baixas, dá uma olhada nesta lista:

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