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O Porsche brasileiro

Réplica do Porsche 356 Super 90 fabricada pela Envemo une beleza e (muita) qualidade

Roberto Bascchera

27 de abr, 2016 · 5 minutos de leitura.

O Porsche brasileiro
Crédito: Réplica do Porsche 356 Super 90 fabricada pela Envemo une beleza e (muita) qualidade
Um dos grandes feitos da indústria automobilística brasileira – e desconhecido de muita gente – não é exatamente uma criação, mas uma réplica: o Porsche 356 Super 90, da Envemo.
 
No início dos anos 80, quando as réplicas de esportivos em fibra de vidro eram uma febre no País, o construtor Luís Fernando Gonçalves desmontou seu próprio Porsche 356 para fazer os moldes em fibra de vidro. O capricho e a qualidade de seu Super 90 foram tamanhos que o esportivo chegou a ser exportado para a Europa e o resultado impressionou os alemães de Stuttgart.
Beleza e estilo alemães
 
Fabricado entre 1980 e 1983, o Super 90 foi bem aceito no mercado brasileiro, mesmo porque as importações de veículos estavam proibidas desde 1976 e o público era sedento por novidades – e exclusividades. O carro, montado sobre a plataforma do VW Brasília, era empurrado pelo motor 1.6 litro de 66 cv – o propulsor Super 90 original, alemão, também era um boxer refrigerado a ar, tinha 1.582 cm3 de cilindrada e 90 cavalos daí a denominação do modelo.
Grade traseira com emblemas: espírito alemão

Mas o que chamava atenção era a qualidade do produto, que lembrava em tudo o mítico esportivo alemão. O estofamento em couro, os instrumentos de painel, maçanetas e manivelas de portas, as rodas aro 15, a chave de ignição no lado esquerdo do painel, tudo tinha o espírito Porsche.
 
 
Uma dessas réplicas está nas mãos de um colecionador paulista, que leva a joia para passear nos domingos ensolarados. Seu exemplar, vermelho, fabricado em 1982, foi adquirido há sete anos. Desde então, vem recebendo mimos e caprichos. O interior, que segundo o dono era branco, recebeu carpete vermelho e forração dos bancos e laterais de porta na mesma cor. O resultado combinou com o painel, também vermelho, e com o volante de madeira e três raios. O atual dono do Super 90 também trouxe da Alemanha um rádio original Blaupunkt de época, a cereja do bolo da cabine.  
 
O painel: chave do lado esquerdo, volante e rádio Blaupunkt são destaques
 
Por fora, as rodas, cinzas, receberam calotas. Os faróis têm lentes trazidas da Alemanha e os dois belos olhos-de-gato sobre as lanternas em forma de gota, um charme da época, ajudam a moldar a personalidade da traseira. Por fim, o motor VW 1.6 nacional recebeu injeção eletrônica e teve partes cromadas. O preço da joia? “Já me ofereceram R$ 120 mil, mas não quero vender”, afirma o dono. Não deve. 
Motor VW 1.6
Lanterna em forma de gota e olho-de-gato
O DNA das competições

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”