Placa Amarela

Um sonho dourado

Simca Chambord de ferramenteiro renasceu após ter sido transformado em hot rod

Roberto Bascchera

23 de set, 2016 · 6 minutos de leitura.

Um sonho dourado
Crédito: Simca Chambord de ferramenteiro renasceu após ter sido transformado em hot rod

O Chambord 1962: saia-e-blusa

O ferramenteiro paulistano Walmir Plínio Buzatto, de 66 anos, teve de esperar quase 50 para realizar o sonho de juventude: ter um Simca Chambord, ícone dos anos 60 e, por suas belas linhas, um dos mais marcantes automóveis produzidos no País. Depois que comprou o carro, Buzatto passou mais quatro anos lapidando a máquina, como que curtindo cada peça que ele mesmo fazia, ou mandava fazer, para restaurar as características originais.

Finalizado o trabalho, Chambord 1962 chama a atenção por onde passa. O clássico que hoje desfila pelas ruas com a pintura vermelha e branca perolizada chegou à sua garagem, na zona sul de São Paulo, bem diferente do que é hoje. “O carro era um hot rod, estava bem modificado, precisei investir muito tempo e dinheiro para deixar do meu gosto”, conta.

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Das mudanças feitas pelo antigo dono, uma das poucas que Buzatto decidiu manter foi o motor 318 de Dodge Charger, um V8 com carburador quadrijet e muita saúde para acelerar. A mudança não é de se estranhar: o propulsor original do carro, um V8, rendia apenas 84 cv. O diferencial também é de Dodge Charger. O câmbio, automático, veio de um Galaxie, com alavanca na coluna de direção – a caixa de velocidades original tinha 3 velocidades e acionamento manual, também na coluna.

Capricho nos detalhes de acabamento

Os bancos dianteiros, na versão hot do antigo dono, eram individuais, e foram substituídos por um inteiriço semelhante ao original feito pelo próprio ferramenteiro e revestido de couro nas tonalidades branca e vermelha, com a logomarca Simca bordada. “Peguei um banco emprestado como modelo, montei a estrutura e instalei molas. O tapeceiro fez o resto”, conta.

Ainda no interior, no qual predomina o vermelho, o velocímetro ganhou iluminação personalizada com a inscrição Simca ao fundo, uma ideia de Buzzato. O rádio, de época, da marca Simca e funcionando, foi garimpado no encontro mensal de carros antigos, na Estação da Luz, no centro de São Paulo. E um sistema de ar-condicionado foi instalado.


Os para-choques, bem torneados e com cromo de qualidade, foram feitos sob encomenda, assim como o adorno em aço inox, com andorinhas gravadas, nos dois para-lamas traseiros e a porta — o Simca modelo “3 Andorinhas” foi lançado justamente em 1962.

Frente, imponente, ganhou detalhes em dourado
Adornos foram feitos pelo ferramenteiro
Na traseira, para-choque novo
Desenho das grandes lanternas traseiras era uma das marcas registradas do Simca

Ainda na parte externa, as rodas de hot rod foram trocadas por um jogo feito por encomenda a partir de rodas de Chevrolet Meriva. As calotas raiadas são de época e também ganharam detalhe em dourado. Os pneus são na medida 205/75R15. Os frisos externos e a grade dianteira foram restaurados.

O toque pessoal ficou por conta na cromação dourada de detalhes como retrovisores externos, aros de faróis e buzina, emblemas, centro das calotas e centro da grade dianteira. Os puristas torcem o nariz, mas o ferramenteiro não se importa. Afinal, ele esperou cinco décadas para realizar seu sonho dourado.


 

Banco dianteiro foi feito por Buzatto
Vermelho predomina no interior: escolha do dono

 

Aro do volante ganhou tom dourado
Maçanetas internas
Miniatura caracterizada como o carro original: capricho
Motor V8 veio do Dodge Charger
Plaqueta com indicação de lubrificantes é detalhe original
Hodômetro recebeu, ao fundo, inscrição Simca
Rádio, original, foi “garimpado” em encontro de antigos
O criador e a criatura: quatro anos de trabalho e dedicação

 


Simca Simca; Simca Chambord; Simca 3 Andorinhas
Simca Simca; Simca Chambord; Simca 3 Andorinhas

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