Primeira Classe

Coisas que não te contaram sobre o Civic

Geração anterior do Civic foi 'vítima' de obsessão da Honda pela Toyota

Rafaela Borges

16 de abr, 2019 · 6 minutos de leitura.

Honda Civic de décima geração" >
A atual geração do Civic
Crédito: Foto: Felipe Rau/Estadão

Aos poucos, a série “coisas que não te contaram” vai ficando mais interessante. Neste terceiro capítulo, depois de HR-V e Yaris, o escolhido é o Civic.

Está ficando muito japonesa essa série, né? Mas é que me lembrei de uma história muito legal sobre o Honda. Na próxima prometo dar uma variada e colocar um modelo de marca europeia ou americana.

Vamos ao sedã médio da Honda, então? A coisa mais interessante que não te contaram sobre o Civic envolve a histórica rivalidade com o Corolla. E um grande erro motivado pela ânsia em derrotar a Toyota.

Publicidade


 

Veja também: Os melhores usados até R$ 40 mil

 


Civic ‘geração’ nove

Em setembro de 2017 o CEO da Honda, Takahiro Hachigo, convocou a imprensa para falar sobre os problemas enfrentados pela montadora que comanda e admitir os erros do passado. O principal alvo? A nona geração do Civic.

Para o executivo japonês, aquele modelo foi um dos principais exemplos de queda de qualidade por produtos da Honda. A razão dessa queda, segundo Hachigo? A obsessão por superar a Toyota em vendas.

 


LEIA TAMBÉM

 

“Priorizamos a participação de mercado, em detrimento da inovação”, disse Hachigo à época. Por isso, o Civic geração nove foi uma “vítima” da redução de custos.


Vídeo da semana: M2 Competition e TT RS vão para a pista

O projeto inicial era de um carro totalmente diferente, com nova plataforma. Uma nova geração de verdade. No entanto, o Civic nove acabou virando uma atualização do oitavo modelo, com porta-malas maior e estilo mais careta.


Além disso, com demandas de redução de custo, o carro acabou ficando menor e menos espaçoso que o planejado.

Civic geração nove
O Civic de nona geração

 


Campeão de vendas?

Já o modelo anterior, o de oitava geração, foi um marco na história do Civic. Ele trouxe visual moderno e atraiu os jovens.

Antes de ser lançada, porém, enfrentou muita resistência no alto escalão da Honda. Havia um temor de que ele fosse moderno demais para o público até então conservador do Civic.

Aqui no Brasil, porém, o sedã fez muito sucesso. Tanto que a oitava geração foi ápice da carreira do modelo do País, em termos de vendas, e a glória na briga pessoal com o Corolla.


 

Vídeo: Teste e detalhes sobre o Honda HR-V 2019


 

Porém, apesar de muitos acharem que aquele geração foi uma líder absoluta de vendas, na verdade ela só conquistou o primeiro lugar durante dois anos.

Um deles foi em 2007, primeiro ano cheio de vendas da oitava geração do Civic. Ele conquistou 47.747 emplacamentos, ante os 34.461 do Corolla. A outra liderança do Honda ocorreu em 2008.


Em 2009, o Corolla retornou à primeira posição do segmento, da qual nunca mais saiu.

Outras curiosidades

Dos sedãs médios de marcas generalistas (que não são premium) vendidos hoje no Brasil, o Civic é o único a ter sistema de suspensão independente nas quatro rodas. Os demais trazem eixo de torção.

O motor 1.5 turbo da versão de topo é a gasolina. Ela ainda não recebeu tecnologia flexível porque, diferentemente do motor 2.0, o turbo é importado dos EUA.


Civic Type-R de corrida

 

O Civic de décima geração (a atual) já passou por diversos reajustes de preço desde que foi lançado, em 2016. A versão de topo, Touring, foi a que registrou menos altas na tabela.


Dos R$ 125 mil de preço que tinha quando foi lançado, hoje o Civic Touring custa R$ 128.900.

O carro faz carreira nas pistas. A versão Type-R, a mais esportiva (e baseada no hatch), está no campeonato mundial de turismo WTCR. O modelo de corrida, aliás, foi apresentado no Salão de Genebra de 2018.

 


Veja também: Os SUVs que chegam até o fim do ano

Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”