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‘Honda perdeu seu mojo’, diz CEO da montadora
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‘Honda perdeu seu mojo’, diz CEO da montadora

Para Takahiro Hachigo, Honda estava tão obcecada em derrotar a Toyota que perdeu a qualidade

Redação

08 de set, 2017 · 6 minutos de leitura.

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honda civic
Queda
Crédito:Para executivos, Civic de nona geração é um dos exemplos de queda de qualidade dos produtos da Honda (Foto: Honda)
honda civic

“Não há dúvidas: a Honda perdeu o seu mojo.” A frase de efeito se torna mais ainda impactante com a revelação de quem é seu autor. Ela foi dita por ninguém menos que o CEO mundial da Honda, Takahiro Hachigo.

E não foi só isso. Para executivos da montadora, a Honda passou tantos anos obcecada em bater a Toyota que perdeu a qualidade. As afirmações surgiram em entrevista coletiva com mais de 20 alto executivos da companhia, de acordo com a agência Reuters.

Na ocasião, o objetivo era revelar as metas que têm o objetivo de levar a fabricante de volta ao caminho do sucesso. “Nós perdemos os atributos de empresa de engenharia que fizeram da Honda tudo o que ela representou no passado”, falou Hachigo.

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De acordo com o artigo da Reuters, nos anos 80 a empresa estava na vanguarda. Nas pistas e fora delas. A parceria com a McLaren à época, na Fórmula 1, foi muito bem sucedida. Ayrton Senna sagrou-se tricampeão pela equipe e passou a ser o garoto propaganda da Honda.

Fora das pistas, a marca obtinha grande sucesso com Civic e Accord, que eram dois dos carros mais adorados dos Estados Unidos. Além disso, foi a primeira montadora, conforme a Reuters, a revelar um carro elétrico a bateria, o EV Plus.

Trinta anos após o que a Reuters chama de “Momento Senna”, a situação é bem diferente. A qualidade dos produtos despencou. Indício disso é o fato de a montadora ter promovido recall de mais de 11 milhões de veículos desde 2018. Isso apenas nos Estados Unidos.


A empresa também perdeu também o bonde da história no desenvolvimento de elétricos, ultrapassada pela Tesla, entre outras. Na Fórmula 1, a parceria com a McLaren foi retomada.

No entanto, em sua terceira temporada na categoria, a Honda é a empresa que produz os piores motores da categoria. Por causa da parceria, a McLaren, que sempre manteve a tradição de disputar títulos, amarga agora posições no fundo do grid.

 


A ORIGEM DO PROBLEMA

A obsessão pela Toyota, e por ganhar participação de mercado, foi a principal razão para a perda de qualidade dos produtos da Honda. “Priorizamos a participação de mercado, em detrimento da inovação”, disse o CEO de pesquisa e desenvolvimento da marca, Yoshiyuki Matsumoto, à Reuters.

“Estávamos tão obcecados em bater a Toyota que começamos a nos parecer com ela. Nos esquecemos de nossa essência como companhia”, complementou.


Um exemplo dessa política é o Civic de nona geração – anterior a que é vendida atualmente. Lançada no início do ano, ela é fruto da redução de custos.

Seu design era mais careta que o do modelo de oitava geração, com o qual compartilhava a maioria das peças. Além disso, foram tantas as determinações de redução de custo durante seu desenvolvimento que o carro acabou ficando menor e menos espaçoso que o planejado.

Quando foi lançado, no início da década, o Civic foi muito criticado por especialistas da indústria mundial. O sedã só começou a recuperar sua reputação em 2015, com o lançamento da décima – e atual – geração.


A Honda sofreu uma queda abrupta em rankings de qualidade dos EUA. Em 2000, era a sétima montadora mais renomada, de acordo com a J.D. Power. Em 2017, ficou a 20ª posição nessa mesma lista.

 

COMO ‘VOLTAR AO CAMINHO’


De acordo com Hachigo, a base do plano de voltar a brilhar é dar aos engenheiros a liberdade de correr riscos. Para o executivo, isso é primordial na cultura Honda, mas a empresa deixou de arriscar nas últimas duas décadas.

O executivo disse que a Honda formou diversos grupos de engenheiros para pensarem exclusivamente em inovação. Os moldes são adotados por empresas como a Apple, por exemplo.

O objetivo é colocar a Honda de volta à vanguarda do desenvolvimento do carro do futuro – eletrificado, autônomo e conectado. No momento, a empresa está atrasada na criação de inovações para esses parâmetros.


 

VEJA TAMBÉM: CARROS QUE PERDERAM RELEVÂNCIA NO MERCADO

 


 

 

 


 

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”