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Crise faz Brasil perder duas picapes

Recessão na Argentina, local de produção das picapes, e reduções sucessivas de projeção de crescimento do PIB no Brasil fizeram Mercedes a Renault recuarem

Diego Ortiz

29 de abr, 2019 · 4 minutos de leitura.

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Mercedes-Benz Classe X
Crédito: Mercedes/Divulgação

A crise financeira que assola a América Latina fez o mercado brasileiro perder dois novos projetos de picapes que estariam em nossas ruas em breve, a Renault Alaskan e a Mercedes-Benz Classe X. Ambas seriam feitas na Argentina, na fábrica da Nissan, que recebeu um bom investimento para a produção de ambas e de sua Frontier (as três usam a mesma plataforma).

Como a Argentina vive uma das suas maiores recessões da história, com direito a congelamento de preços, as marcas francesa e alemã recuaram. As vendas para o Brasil poderiam segurar este investimento, mas os últimos boletins de projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de apenas 1,7% neste ano no País fizeram as montadoras não arriscar.

Como são de produtos de alto valor agregado, em especial a Mercedes Classe X, que poderia chegar aos R$ 300 mil em algumas versões, um baixo crescimento econômico faz os compradores desistirem de abrir a carteira para um montante tão alto.

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Carros que perderam o prestígio

Tanto Renault quanto Mercedes continuam comunicando oficialmente que os modelos não foram descartados, mas sim apenas postergados para o ano que vem, não se sabe ainda em qual período. Ocorre que estas picapes já estão no mercado desde o ano passado em vários países. E perigam chegar por aqui no fim de 2020, com praticamente três anos de vida, já em fase de implementação para ganharem reestilizações ou novas gerações.


Portanto, é uma conta de investimento que não fecha com facilidade. A Renault Alaskan, inclusive, seria uma das atrações da marca no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, e sequer foi citada, colocada de canto no estande após os dias de imprensa.

Picapes estão entre os segmentos mais disputados do Brasil, perdendo apenas para o de hatchs compactos e SUVs. Por isso é de se estranhar que Renault e Mercedes estejam tão pessimistas assim, a ponto de atrasar tanto a chegada de seus produtos. Mas como as vendas de automóveis não estão tão boas assim em lugar nenhum do mundo (EUA e China são exceções), pode não ser mesmo hora de arriscar. Se acionista fosse de uma das duas, também não assinaria esse cheque em branco.

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”