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Como o calor europeu afetou os carros

A onda de calor que atingiu a Europa na semana passada prejudicou não somente as pessoas, mas também os carros

Hairton Ponciano

01 de ago, 2019 · 4 minutos de leitura.

Poluição França" >
Uma das consequências do calor e da seca na França foi a redução em 20 km/h na velocidade máxima, para conter a poluição
Crédito: Guilherme Ponciano/Estadão

Provavelmente vocês devem ter acompanhado notícias sobre o calor beirando os 40°C durante a semana passada em várias cidades europeias. O assunto sempre rende boas fotos, com crianças e até adultos se refrescando em fontes públicas. Mas, na prática, as altas temperaturas provocam sérios transtornos a quem não está acostumado com isso. O que seria algo comum no Brasil torna-se um caos no velho continente.

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Na França, a palavra mais ouvida nos noticiários era “canicule”, termo que designa “onda de calor”. Pois ela causou influência até sobre a circulação de carros. Isso porque, juntamente com a elevação da temperatura, a Europa está sendo assolada por uma grave seca.

Rios outrora caudalosos, como o Loire (o mais longo da França, e repleto de castelos em suas margens), perderam muita água (foto abaixo).


Basta andar pelo interior do país para ver trechos com leito quase seco em alguns pontos.

Calor, seca e poluição

Com a seca, a dispersão de poluentes piora. Por isso, na terça-feira da semana passada, dia 23/7, Paris proibiu a circulação de veículos mais poluentes (leiam-se antigos) na região central. Na França, de acordo com o nível de gases que emitem, os automóveis devem exibir obrigatoriamente um selo no para-brisa, que vai de 0 (para os menos poluentes) a 6 (os que mais emitem). Naquele dia, só puderam entrar na parte central da capital veículos com selos 0, 1 e 2.


Redução de velocidade em estradas

Outra providência adotada em situações consideradas críticas é a redução da velocidade nas estradas. Por causa da poluição, painéis eletrônicos ao longo das vias passaram a exibir mensagens para a redução da velocidade em 20 km/h. Assim, em auto-estradas, nas quais a máxima costuma ser de 130 km/h, a limitação baixou para 110 km/h. Pelo que foi possível observar (eu estava rumando para Paris exatamente nesse dia), a maioria dos motoristas acata a orientação.

Trem fora dos trilhos

Além dos automóveis, os trens também foram afetados pelo calor. Com o aquecimento fora do comum dos trilhos, várias partidas foram canceladas ou sofreram atrasos. O motivo é que a alta temperatura causou dilatação além do esperado nos trilhos. Como consequência, os trens tiveram de circular com velocidade reduzida, para evitar aquecimento ainda maior do material. Em casos extremos, havia o risco de descarrilamento.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”