Com toda a indústria automotiva focada em SUVs, a vida de alguns modelos tem sido difícil. O JAC T50 que o diga. Lançado no começo de 2016, o utilitário compacto chegou a tempo de pegar a primeira grande onda de SUVs, que veio em 2015 com Honda HR-V e Jeep Renegade. Entretanto, a JAC Motors já não vivia bom momento no Brasil. Por causa disso, vamos dizer que o T5, como foi chamado de início, não deu sorte. O SUV tinha seus predicados. Um deles era a tradicional receita chinesa do custo/benefício. O modelo partia de R$ 59.990 já completo. Mas nada além disso.
Contudo, passados cinco anos, a JAC tenta reinventar seu utilitário sem ter o preço como atrativo. Chamado agora de T50 Plus, o SUV parece novo quando visto de frente. No entanto, trata-se do mesmo T50 de antes com mais equipamentos e preço inicial de R$ 103.990.
Segunda plástica
Um dos destaques desta segunda reestilização do T50 é o design. A dianteira lembra a picape Fiat Toro, com os faróis principais separados das lanternas de LED fininhas, que ficam no alto integradas à grade. O desenho lembra muitíssimo também o da minivan Citroën C4 Picasso.
A dianteira, no entanto, é a única mudança mais radical da linha 2021. Quando visto de lateral, o T50 Plus é rigorosamente igual. Até as rodas de 16 polegadas são as mesmas de antes. A única mudança são os adesivos pretos que cobrem (parcialmente) as colunas traseiras.
A JAC também não mexeu na parte posterior do T50. As lanternas da linha 2019 foram mantidas, bem como a iluminação de LED e a barra cromada que conecta o conjunto óptico. Apenas o para-choques foi remodelado, ficando com aspecto mais robusto.
Telão com câmera 360º
Da mesma forma, a JAC não alterou muito o interior do T50. O desenho do painel é idêntico, exceto pela enorme tela multimídia de 10,25 polegadas que deixou o SUV com aparência mais moderna. Uma vez a bordo, o visor surpreende pelo tamanho e dá um toque premium à cabine.
O novo dispositivo oferece conexão Bluetooth e às plataformas Android Auto e Apple Carplay, que permitem integrar melhor o smartphone. Em nosso breve contato com o T50 Plus, a multimídia se mostrou veloz e agradável no manuseio e na qualidade das imagens.
Só tivemos um problema: cada vez que o carro era desligado, o ajuste de data e hora se perdia, o que bloqueia o uso do Android Auto, por exemplo.
Para compensar, o T50 Plus 2021 passa a oferecer câmera de visão 360º, uma tecnologia ainda pouco presente nos SUVs compactos. Até agora, o Nissan Kicks era o único da categoria a trazer este recurso. Contudo, o item só aparece na versão topo de linha Pack 3, que custa R$ 105.990.
Desempenho modesto
Um dos pontos fracos do T50 desde a estreia é o desempenho. De início, o SUV era equipado com um motor 1.5 flexível de até 127 cv e 15,4 mkgf de torque. Depois, veio o atual 1.6 16V a gasolina, dotado de comando variável na admissão e no escape, e capaz de gerar 138 cv e 17,1 mkgf a 4.000 rpm.
Os números até são interessantes para um motor naturalmente aspirado. O problema é que o 1.6 de quatro cilindros precisa girar alto para mostrar a sua força no SUV chinês. Além disso, a transmissão automática do tipo CVT joga a rotação sempre para cima, sem entregar aceleração real.
Assim, o T50 Plus demora a ganhar velocidade, exigindo certa paciência do condutor. O consumo de combustível também não é lá essas coisas para um motor movido somente a gasolina: o SUV fez uma média de 10,75 km/l rodando sempre em vias expressas da capital paulista.
Se o motorista desejar mais desempenho, há o modo Sport acionado na alavanca do câmbio. Com ele, as respostas ao acelerador melhoram um pouco, mas o ajuste faz o 1.6 girar alto por mais tempo, e o consumo paga a conta. Há modo manual, mas as trocas são apenas pela alavanca.
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Inscreva-seRecheio farto
Já faz algum tempo que os carros chineses deixaram de ser baratos. Com o aumento da concorrência no mercado brasileiro, e com a disparada do dólar norte-americano, os veículos produzidos no país asiático tiveram de receber mais conteúdos de fábrica para seguirem competitivos.
Isso naturalmente ocorre com o T50 Plus, que incorporou equipamentos ao longo dos últimos anos. A unidade avaliada pelo Jornal do Carro dispunha de seis airbags (incluindo bolsas de ar laterais e de cortina), freios a disco nas quatro rodas, Isofix para cadeirinhas infantis e ESP.
Na parte de conveniência, há ar-condicionado automático digital, chave presencial com partida por botão, assistente de saída em rampas, monitor de pressão dos pneus, sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, luzes de conversão estática (cornering lights) e alarme.
O Pack 3 adiciona revestimento de couro ecológico nos bancos, retrovisores externos com rebatimento elétrico, faróis com acendimento automático, barras no teto e câmera 360º. Assim, o T50 Plus tem mais conteúdo que as versões intermediárias de Hyundai Creta e Nissan Kicks.
Entretanto, pelos R$ 105.990 cobrados, o SUV fica devendo motor turbo e tecnologias mais avançadas, como frenagem autônoma de emergência e assistente de baliza, já disponíveis na concorrência. Nem mesmo os 600 litros de porta-malas (declarados pela marca) e os 6 anos de garantia parecem compensar o outrora imbatível custo/benefício chinês.
JAC tenta sobreviver
Já faz algum tempo que a vida da JAC Motors anda complicada no Brasil. Prestes a completar 10 anos no país, a marca chinesa era a mais promissora quando estreou em 18 de março de 2011, no chamado “Dia J”. O apresentador Fausto Silva era o, então, garoto propaganda da JAC.
A data marcou a abertura simultânea de 50 concessionárias no país. Velhos tempos. Naquele mesmo ano, a chinesa vendeu 23.747 carros. A empolgação foi tanta que o presidente da montadora, Sergio Habib, logo anunciou planos para erguer uma fábrica em Camaçari, na Bahia.
Só que a fábrica nunca saiu do papel, mesmo a JAC Motors tendo recebido incentivos fiscais. O caso foi parar na justiça, e desde então a marca despencou. Dezenas de concessionárias fecharam e as vendas minguaram. Em 2020, a JAC vendeu apenas 803 veículos no Brasil.
Neste cenário, o T50 foi o quarto modelo mais emplacado pela chinesa, com 97 unidades. Assim, ficou atrás do menor T40 e do maior T60. E também vendeu menos do que o pequeno VUC V260. Mas o SUV ao menos mostra que a marca chinesa não está parada e continua viva no jogo.