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Teste: JAC T50 muda design de novo, mas não o desempenho fraco
Avaliação

Teste: JAC T50 muda design de novo, mas não o desempenho fraco

Lançado há cinco anos, JAC T50 recebe segunda plástica e ganha multimídia de 10 polegadas, mas preço de R$ 106 mil e desempenho desapontam

Diogo de Oliveira, Especial para o Estado

19 de jan, 2021 · 10 minutos de leitura.

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JAC T50 Plus ganha nova reestilização na linha 2021 e chega às lojas a partir de R$ 103.990
Crédito:JAC Motors/Divulgação

Com toda a indústria automotiva focada em SUVs, a vida de alguns modelos tem sido difícil. O JAC T50 que o diga. Lançado no começo de 2016, o utilitário compacto chegou a tempo de pegar a primeira grande onda de SUVs, que veio em 2015 com Honda HR-V e Jeep Renegade. Entretanto, a JAC Motors já não vivia bom momento no Brasil. Por causa disso, vamos dizer que o T5, como foi chamado de início, não deu sorte. O SUV tinha seus predicados. Um deles era a tradicional receita chinesa do custo/benefício. O modelo partia de R$ 59.990 já completo. Mas nada além disso.

Contudo, passados cinco anos, a JAC tenta reinventar seu utilitário sem ter o preço como atrativo. Chamado agora de T50 Plus, o SUV parece novo quando visto de frente. No entanto, trata-se do mesmo T50 de antes com mais equipamentos e preço inicial de R$ 103.990.

JAC T50 Plus 2021
JAC Motors/Divulgação

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Segunda plástica

Um dos destaques desta segunda reestilização do T50 é o design. A dianteira lembra a picape Fiat Toro, com os faróis principais separados das lanternas de LED fininhas, que ficam no alto integradas à grade. O desenho lembra muitíssimo também o da minivan Citroën C4 Picasso.

A dianteira, no entanto, é a única mudança mais radical da linha 2021. Quando visto de lateral, o T50 Plus é rigorosamente igual. Até as rodas de 16 polegadas são as mesmas de antes. A única mudança são os adesivos pretos que cobrem (parcialmente) as colunas traseiras.

A JAC também não mexeu na parte posterior do T50. As lanternas da linha 2019 foram mantidas, bem como a iluminação de LED e a barra cromada que conecta o conjunto óptico. Apenas o para-choques foi remodelado, ficando com aspecto mais robusto.




Telão com câmera 360º

Da mesma forma, a JAC não alterou muito o interior do T50. O desenho do painel é idêntico, exceto pela enorme tela multimídia de 10,25 polegadas que deixou o SUV com aparência mais moderna. Uma vez a bordo, o visor surpreende pelo tamanho e dá um toque premium à cabine.

O novo dispositivo oferece conexão Bluetooth e às plataformas Android Auto e Apple Carplay, que permitem integrar melhor o smartphone. Em nosso breve contato com o T50 Plus, a multimídia se mostrou veloz e agradável no manuseio e na qualidade das imagens.

JAC T50 Plus 2021
JAC Motors/Divulgação

Só tivemos um problema: cada vez que o carro era desligado, o ajuste de data e hora se perdia, o que bloqueia o uso do Android Auto, por exemplo.

Para compensar, o T50 Plus 2021 passa a oferecer câmera de visão 360º, uma tecnologia ainda pouco presente nos SUVs compactos. Até agora, o Nissan Kicks era o único da categoria a trazer este recurso. Contudo, o item só aparece na versão topo de linha Pack 3, que custa R$ 105.990.

JAC T50 Plus 2021
JAC Motors/Divulgação

Desempenho modesto

Um dos pontos fracos do T50 desde a estreia é o desempenho. De início, o SUV era equipado com um motor 1.5 flexível de até 127 cv e 15,4 mkgf de torque. Depois, veio o atual 1.6 16V a gasolina, dotado de comando variável na admissão e no escape, e capaz de gerar 138 cv e 17,1 mkgf a 4.000 rpm.

Os números até são interessantes para um motor naturalmente aspirado. O problema é que o 1.6 de quatro cilindros precisa girar alto para mostrar a sua força no SUV chinês. Além disso, a transmissão automática do tipo CVT joga a rotação sempre para cima, sem entregar aceleração real.

JAC T50 Plus 2021
JAC Motors/Divulgação

Assim, o T50 Plus demora a ganhar velocidade, exigindo certa paciência do condutor. O consumo de combustível também não é lá essas coisas para um motor movido somente a gasolina: o SUV fez uma média de 10,75 km/l rodando sempre em vias expressas da capital paulista.

Se o motorista desejar mais desempenho, há o modo Sport acionado na alavanca do câmbio. Com ele, as respostas ao acelerador melhoram um pouco, mas o ajuste faz o 1.6 girar alto por mais tempo, e o consumo paga a conta. Há modo manual, mas as trocas são apenas pela alavanca.


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Recheio farto

Já faz algum tempo que os carros chineses deixaram de ser baratos. Com o aumento da concorrência no mercado brasileiro, e com a disparada do dólar norte-americano, os veículos produzidos no país asiático tiveram de receber mais conteúdos de fábrica para seguirem competitivos.

Isso naturalmente ocorre com o T50 Plus, que incorporou equipamentos ao longo dos últimos anos. A unidade avaliada pelo Jornal do Carro dispunha de seis airbags (incluindo bolsas de ar laterais e de cortina), freios a disco nas quatro rodas, Isofix para cadeirinhas infantis e ESP.

Na parte de conveniência, há ar-condicionado automático digital, chave presencial com partida por botão, assistente de saída em rampas, monitor de pressão dos pneus, sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, luzes de conversão estática (cornering lights) e alarme.


O Pack 3 adiciona revestimento de couro ecológico nos bancos, retrovisores externos com rebatimento elétrico, faróis com acendimento automático, barras no teto e câmera 360º. Assim, o T50 Plus tem mais conteúdo que as versões intermediárias de Hyundai Creta e Nissan Kicks.

Entretanto, pelos R$ 105.990 cobrados, o SUV fica devendo motor turbo e tecnologias mais avançadas, como frenagem autônoma de emergência e assistente de baliza, já disponíveis na concorrência. Nem mesmo os 600 litros de porta-malas (declarados pela marca) e os 6 anos de garantia parecem compensar o outrora imbatível custo/benefício chinês.

JAC Motors/Divulgação

JAC tenta sobreviver

Já faz algum tempo que a vida da JAC Motors anda complicada no Brasil. Prestes a completar 10 anos no país, a marca chinesa era a mais promissora quando estreou em 18 de março de 2011, no chamado “Dia J”. O apresentador Fausto Silva era o, então, garoto propaganda da JAC.

A data marcou a abertura simultânea de 50 concessionárias no país. Velhos tempos. Naquele mesmo ano, a chinesa vendeu 23.747 carros. A empolgação foi tanta que o presidente da montadora, Sergio Habib, logo anunciou planos para erguer uma fábrica em Camaçari, na Bahia.

Só que a fábrica nunca saiu do papel, mesmo a JAC Motors tendo recebido incentivos fiscais. O caso foi parar na justiça, e desde então a marca despencou. Dezenas de concessionárias fecharam e as vendas minguaram. Em 2020, a JAC vendeu apenas 803 veículos no Brasil.


Neste cenário, o T50 foi o quarto modelo mais emplacado pela chinesa, com 97 unidades. Assim, ficou atrás do menor T40 e do maior T60. E também vendeu menos do que o pequeno VUC V260. Mas o SUV ao menos mostra que a marca chinesa não está parada e continua viva no jogo.

Prós

  • Lista farta de equipamentos
  • Nova multimídia de 10 pol.
  • Design moderno

Contras

  • Projeto antigo
  • Desempenho modesto
  • Preço não é mais um diferencial

Ficha Técnica

JAC T50 Plus Pack 3 1.6 16V CVT 2021

Preço

R$ 105.990

Motor

1.6, 4 cilindros, 16V, gasolina

Potência

138 cv a 6000 rpm

Torque

17,1 kgfm a 4000 rpm

Câmbio

Automático CVT, 6 marchas virtuais

Porta-malas

600 litros

Dimensões

Comprimento: 4,34 metros; Largura: 1,76 metros; Altura: 1,64 metros; Entre-eixos: 2,56 metros

Peso em ordem de marcha

1280 kg

Tanque de combustível

45 litros

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.