A escassez de semicondutores mudou o mercado brasileiro em 2021. Após sete anos de domínio da Chevrolet e do hatch compacto Onix, temos novos campeões entre os carros mais vendidos. A liderança geral já era conhecida antes mesmo do fim do ano: a Fiat Strada não deu chances aos rivais e ficou isolada no topo do ranking com quase 110 mil unidades emplacadas, uma diferença de mais de 30 mil em relação à picape Toro. Por outro lado, a briga pelo segundo lugar foi definida nos últimos dias de dezembro, com o Hyundai HB20 e Fiat Argo em uma disputa acirrada.
Com uma distância mínima, mas decisiva, o hatch da marca sul-coreana foi, pela primeira vez, o automóvel mais emplacado do País, com um total de 86.455 entregas. Uma vitória memorável para o hatchback feito em Piracicaba (SP), que sempre foi vice do Chevrolet Onix. Dessa forma, o Fiat Argo ficou com o terceiro lugar geral, com 84.644 unidades vendidas. Mas é importante dizer que isso só foi possível porque o Onix ficou por quase seis meses fora de produção por falta de chips. Ainda assim, o hatch da Chevrolet ficou entre os cinco modelos mais vendidos de 2021.
Entre os SUVs, a história se repete. O Jeep Renegade começou o ano passado atrás de Chevrolet Tracker e Volkswagen T-Cross. Entretanto, as duas marcas foram as mais afetadas pela falta de componentes eletrônicos. Por isso, os SUVs tiveram suas produções paralisadas e perderam fôlego. Então, o modelo da Jeep aproveitou a situação para se isolar entre os SUVs mais vendidos. Assim, conseguiu conquistar o primeiro lugar no segmento e a quarta posição no ranking geral, com 73.913 unidades.
Corrida na recuperação
Com a falta de chips, a Chevrolet sofreu um duro golpe no Brasil. Durante seis meses, a General Motors parou a fábrica de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Assim, o Chevrolet Onix e o sedã Onix Plus saíram de produção e começaram a faltar nas lojas. O que, consequentemente, fez com que as vendas despencassem de forma drástica. Contudo, a GM chegou a recuperar algumas vendas com o retorno das operações e, de forma impressionante, o Onix fechou 2021 na quinta colocação geral.
Já a Volkswagen, que também fez longas pausas na produção, não conseguiu recuperar o ritmo. Para se ter uma ideia, o único modelo da marca que aparece no top 10 é o hatch Gol, que sairá de linha em definitivo até o fim deste ano. O popular chegou a desbancar o segundo colocado, Argo, em novembro, mas sem grandes expectativas.
Outro modelo popular que surpreendeu foi o Mobi. O subcompacto da Fiat chegou a liderar o ranking dos mais vendidos, mas ficou em nono lugar, sua melhor posição desde a estreia em 2016. No entanto, mesmo caindo bastante, o hatch ficou à frente do Hyundai Creta, que chegou a liderar a categoria de SUVs em novembro, e ficou em décimo lugar.
Os 10 carros mais vendidos de 2021
- 1°) Fiat Strada – 109.107
- 2°) Hyundai HB20 – 86.455
- 3°) Fiat Argo – 84.644
- 4°) Jeep Renegade – 73.13
- 5°) Chevrolet Onix – 73.623
- 6°) Jeep Compass – 70.906
- 7°) Fiat Toro – 70.890
- 8°) Volkswagen Gol – 66.228
- 9°) Fiat Mobi – 65.847
- 10°) Hyundai Creta – 64.759
Acumulado sofreu grandes mudanças
Embora o cenário esteja melhorando, a crise balançou as estruturas do setor automotivo em diversos sentidos. Alta do dólar, crise dos chips, supervalorização dos carros usados, por exemplo, influenciaram as vendas e metas das montadoras. E mesmo depois do top 10, o ranking continua a surpreender em comparação aos outros anos.
Nós chegamos a falar do Volkswagen T-Cross, uma das apostas principais da marca no setor de SUVs, que nesse ano ficou em 11° lugar. Saltando ainda mais na lista, um modelo que chocou bastante foi o Toyota Corola Cross, que estreou em março e fez grande sucesso, mas acabou encerrando o ano na 21ª posição.
No mais, vários modelos que saíram de produção perderam posições no ranking. São os casos, por exemplo, de Fiat Uno, VW Fox e Honda Civic, que só fazem presença na lista a partir do 30° lugar. Nesse sentido, vale citar a Ford, que fechou suas fábricas no País em 2021. A marca só aparece no top 50 com a picape Ranger, com teve 20.499 unidades.
Ranking: os 50 carros mais vendidos de 2021
- 11°) Volkswagen T-Cross – 62.307
- 12°) Chevrolet Onix Plus – 54.707
- 13°) Renault Kwid – 52.916
- 14°) Chevrolet Tracker – 50.757
- 15°) Toyota Hilux – 45.893
- 16°) Toyota Corolla sedã – 41.891
- 17°) Honda HR-V – 38.406
- 18°) Volkswagen Nivus – 36.664
- 19°) Nissan Kicks – 36.524
- 20°) Chevrolet S10 – 35.045
- 21°) Toyota Corolla Cross – 34.249
- 22°) Volkswagen Voyage – 28.593
- 23°) Fiat Cronos – 27.887
- 24°) Volkswagen Saveiro – 26.751
- 25°) Hyundai HB20S – 25.568
- 26°) Renault Duster – 22.457
- 27°) Toyota Yaris HB – 21.126
- 28°) Fiat Fiorino – 20.602
- 29°) Volkswagen Virtus – 20.563
- 30°) Fiat Uno – 20.555
- 31°) Ford Ranger – 20.499
- 32°) Nissan C4 Cactus – 19.552
- 33°) Volkswagen Polo – 19.196
- 34°) Honda Civic – 18.949
- 35°) Volkswagen Fox – 17.946
- 36°) Peugeot 208 – 16.342
- 37°) Fiat Siena – 15.355
- 38°) Toyota SW4 – 13.641
- 39°) Mitsubishi L200 – 13.157
- 40°) Chevrolet Spin – 13.005
- 41°) Caoa Cherry Tiggo 5x – 12.555
- 42°) Renault Sandero – 12.442
- 43°) Toyota Yaris sedã – 12.436
- 44°) Renault Oroch – 12.133
- 45°) Nissan Frontier – 11.816
- 46°) Nissan Versa – 11.107
- 47°) Caoa Cherry Tiggo 8 – 10.462
- 48°) Honda WR-V – 10.329
- 49°) Renault Master – 9.672
- 50°) Renault Logan – 9.478
Mercado retoma força
De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), o mês de dezembro de 2021 teve uma alta de 13,99% em relação a novembro no mercado geral. E na categoria de automóveis e comerciais leves, a variação de emplacamentos no acumulado foi positiva, com uma taxa 1,21% maior do que 2020.
Mesmo com números relativamente fracos, terminar o ano superando o anterior é um bom sinal de recuperação. Além disso, com base nas pesquisas, o órgão também divulgou algumas projeções para 2022 e, se continuar nesse ritmo crescente, a previsão é de que o setor automotivo tenha uma alta de 5,2%.
”Nossos estudos apontam para o crescimento de todos os segmentos automotivos neste ano. Mas, é claro que situações conjunturais podem afetar essas estimativas, considerando que a indústria ainda sofre com a falta de insumos e componentes eletrônicos, que estamos diante de uma economia ainda turbulenta e iniciando um ano em que teremos Eleições, que costumam criar um cenário de incertezas”, afirmou o Presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior.