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Família Kardashian proibida de comprar Ferrari? Entenda o caso
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Família Kardashian proibida de comprar Ferrari? Entenda o caso

Ferrari mantém uma "lista negra" e veta compradores que burlam regras impostas em contrato para aquisição de modelos especiais e limitados

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

24 de mai, 2022 · 10 minutos de leitura.

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ferrari
Para Ferrari, dinheiro não está acima da integridade e tradição da marca
Crédito:Ferrari/Divulgação

O cancelamento não é realidade apenas nas redes sociais. Tem montadora que também adota essa prática de reprovação e repúdio ao comportamento de alguns clientes. Se você pensou na Ferrari, acertou. Depois que correu o mundo a notícia de que a marca italiana teria banido o cantor Justin Bieber por violação de conduta, outros nomes apareceram nessa “lista negra”. O mais recente deles é o da família Kardashian.

Ferrari
Reprodução/Instagram

De acordo com informações que circulam na imprensa e nas redes sociais, as socialites também foram proibidas de comprar esportivos da marca italiana. Entretanto, a Ferrari não especificou a suposta razão para barrar a família Kardashian da lista de compradores.

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O jornal espanhol Marca, no entanto, especula que o motivo “não está relacionado ao fato de a modelo Kim Kardashian ter recebido um de seus carros como presente de casamento de um golpista financeiro”. O fato é que, de acordo com a publicação, “para a Ferrari, o que importa é manter a imagem limpa”.

O que a Ferrari diz

Para entender o caso, e saber se a informação é verdadeira, o Jornal do Carro foi atrás da equipe de comunicação da Ferrari que atende a América Latina. Todavia, a marca do cavalo rampante se limitou a dizer que, “como muitas dessas notícias que se espalham são criadas por terceiros, não podem ser avaliadas”.

Ao Jornal do Carro, a Ferrari informou que não limita ou impede ninguém de adquirir um carro da marca. Entretanto, há ressalvas. Em nota, a fabricante esclarece: “Quando lançamos séries especiais limitadas, há um número restrito de unidades produzidas. Dada a natureza especial destes carros, o acesso (aos exemplares) fica condicionado à demonstração de fidelidade e paixão significativa por nossa marca. É somente nestas situações que não podemos vender os carros para todos os clientes, pois há perfil específico para ter acesso aos produtos”.


Quais são essas regras?

Definitivamente, a conduta da Ferrari em riscar algumas celebridades de seu caderninho mostra que, nem sempre, o dinheiro fala mais alto. Na fabricante de Maranello, além de ser milionário, o proprietário de um Ferrari deve respeitar algumas regras. Pelo menos para comprar modelos de edição limitada.

A princípio, não tem essa de gostou, levou. Para ter acesso aos esportivos mais raros, o cliente é selecionado pela marca. Nesse caso, proprietários mais fiéis têm prioridade. Por exemplo, quanto mais modelos da Ferrari ele tiver na garagem, maior a chance de conseguir aquele exemplar. A ideia, inclusive, é que se conserve a sua originalidade.

Frequência de compra e relacionamento com a marca também são essenciais para ganhar pontos com a Ferrari. Só assim os clientes são contemplados com essas verdadeiras obras de arte. Afinal, as séries especiais são construídas com exclusividade para cada cliente. Este, por sua vez, geralmente paga pelas raridades antes do início de produção.


Alex Penfold/RM Sotheby’s

E quem precisar ou quiser se desfazer de um modelo exclusivo, não basta ir até a primeira loja e passar o carro adiante, ou anunciar na internet. A ideia é revender o veículo na concessionária onde o negócio foi fechado. Assim, a Ferrari tem o controle da lista de clientes interessados.

Por fim, dentre as cláusulas do contrato, há tópicos como ter mais de uma (gorda) conta bancária, não vender o carro por determinado tempo e não personalizar os logotipos, sobretudo, em empresas não autorizadas. Contudo, a principal norma é não realizar leilões com modelos sem a autorização prévia da montadora.


Caso de Bieber é fake news

E foi justamente este último caso o principal motivo pelo qual o astro do pop, Justin Bieber, teria supostamente sido barrado de adquirir modelos da Ferrari. Em síntese, além de modificar o carro sem autorização prévia, o cantor cometeu uma série de negligências com seu Ferrari 458. De qualquer forma, segundo a italiana, “as notícias sobre Justin Bieber não são verdadeiras”, informa ao Jornal do Carro. “Não proibimos!”, salienta.

Ferrari
Reprodução/Internet

À época, apontou-se que o primeiro desentendimento entre o Bieber e a Ferrari aconteceu quando o cantor estacionou o veículo próximo a uma boate em Beverly Hills (Los Angeles, EUA) e não voltou para buscá-lo por duas semanas. A marca enxergou como descaso. Na sequência, o cantor pintou o modelo – originalmente branco – em um tom de azul inexistente na paleta de cores da fabricante. Além disso, o serviço foi feito por uma preparadora na Califórnia, não ligada à marca.


Para completar, rodas, parafusos e até a cor do logotipo sofreram alteração. O que a fabricante não admite, salvo quando feito com autorização – e em Maranello (Itália). Mas a pá de cal foi quando o cantor decidiu leiloar o carro. Com isso, lucrou US$ 434.500 (aproximadamente R$ 13,5 milhões, à época, em 2017).

Assim como a mudança na pintura, o ato feriu o código de ética. Mesmo que o carro seja seu, há um contrato que exige autorização da marca para essas e outras práticas. Em síntese, é por tudo isso que Bieber certamente não é considerado um cliente fiel, o que o colocaria de fora da lista de prioridades para a aquisição de séries especiais.

Outros famosos que a Ferrari não faz questão

Quem também foi para a lista de indesejados da Ferrari e jamais seria escolhido para comprar um modelo de série especial é o ex-boxeador Floyd Mayweather. Os motivos consistem em customização sem autorização. Outro ponto foi a infidelidade, uma vez que o atleta compra, exibir e, depois, vende seus carros. O que não é bem visto pela fabricante.


Reprodução/Instagram

Já para o rapper 50 Cent, a casa caiu quando ele publicou posts falando mal do carro – um problema de descarregamento de bateria. A Ferrari não gostou e, assim, o norte-americano saiu da lista de compradores.

Até o ator hollywoodiano Nicholas Cage não é mais bem-vindo. O astro se desfez de seu modelo Enzo para quitar dívidas. Mas o que incomodou a Ferrari não foi o problema de liquidez do artista, mas o fato de a venda do esportivo exclusivo ter preço inferior ao seu valor original. Para completar, fez a venda em leilão não autorizado.


Ou seja, ser considerado cliente vip da Ferrari não é para qualquer um. Mesmo que o cliente tenha fama e uma conta bancária polpuda. É obrigatório ser fiel e ter boa conduta.

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”