Com preço de SUV a diesel, elétrico BYD Yuan Plus acelera forte e tem autonomia maior que a do Volvo XC40Crédito:DIOGO DE OLIVEIRA/ESTADÃO
É quase instintivo pensar na duração das baterias enquanto se dirige um carro elétrico. É uma questão crucial de abastecimento, e ainda não temos no Brasil uma grande rede de eletropostos. Se você não tem um carregador de parede em sua casa, o carro elétrico é inviável. Mas alguns modelos já surpreendem com uma autonomia robusta das baterias. É o caso do BYD Yuan Plus, que tem 458 km de alcance declarado.
BYD Yuan Plus: como é o SUV elétrico chinês com autonomia maior que a do Volvo XC40
Avaliamos no Jornal do Carro o SUV elétrico chinês que chegou ao País em dezembro de 2022, logo após a BYD iniciar a pré-venda, em novembro. Disponível em versão única, o modelo vem repleto de tecnologias e com tabela de R$ R$ 269.990. O valor é o mesmo do SUV híbrido plug-in Song Plus, que é maior (4,70 m contra 4,45 m do Yuan Plus) e combina motores elétricos e a gasolina. Mas a oferta atinge vários concorrentes.
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Por exemplo, o Yuan Plus custa R$ 20.300 a mais que um Jeep Compass Trailhawk com motor 2.0 turbodiesel de 170 cv, cuja tabela é de R$ 249.690. E é bem mais barato que o Compass 4xe híbrido plug-in, com preço de R$ 338.400. Entre os elétricos, o BYD custa R$ 10 mil mais que Peugeot e-2008 (R$ 259.990) e R$ 20 mil acima do JAC e-JS4 (R$ 239.990). Porém, tem mais autonomia que o Volvo XC40 Recharge (R$ 329.950).
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400 km sem recarregar o BYD Yuan Plus
Um detalhe curioso é que o Yuan Plus traz o conjunto elétrico no cofre dianteiro, tal como um SUV com motor flexível. Porém, o chinês não tem escape nem emite poluentes. O seu motor elétrico gera o equivalente a 204 cv de potência e um torque máximo imediato de 31,6 mkgf. Com ele, segundo a BYD, o SUV elétrico acelera de zero a 100 km/h em 7,3 segundos.
Para comparação, o Compass Trailhawk faz a mesma tomada em 10,7 s. Com 240 cv de potência (motor 1.3 turbo e elétrico), o Compass 4xe é mais forte e faz 0-100 km/h em 6,8 s. Entre os elétricos, o Yuan Plus tem desempenho parecido com o do Chevrolet Bolt (R$ 329.000). O hatch da GM tem 203 cv e 36,7 mkgf de torque, e faz 0-100 km/h em iguais 7,3 s.
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Entretanto, o ponto alto do Yuan Plus é o desempenho das baterias Blade. Não por acaso a Tesla e a Toyota terão as baterias da BYD em seus carros. O componente usa células fininhas de lítio-ferro-fosfato (LFP) que lembram lâminas. O SUV traz um pacote de 60,5 kWh sob o assoalho que fornece os 458 km de alcance máximo. Talvez o número não pareça tanto, afinal, o Compass Trailhawk supera 800 km com o tanque cheio de diesel na estrada.
Mas, para um SUV elétrico de 1.700 kg, o Yuan Plus supera qualquer concorrente com preço próximo. Por exemplo, o JAC e-JS4 tem autonomia total declarada de 420 km no ciclo chinês. É o mesmo alcance do Volvo XC40. Já o Chevrolet Bolt roda até 416 km com a carga completa, enquanto o Peugeot e-2008 chega a 345 km com as baterias cheias no padrão WLTP.
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Como é acelerar o BYD Yuan Plus
Pudemos conferir na prática a duração das baterias do Yuan Plus. Recebemos o SUV elétrico recarregado – estava com 99% da carga completa. O quadro de instrumentos indicava energia para 453 km. E quase chegamos lá. Foram cerca de 400 km percorridos em cinco dias de uso até voltarmos à sede do Estadão e plugar o SUV no carregador. E ainda havia carga para 88 km.
Isso é possível porque o carro elétrico recupera energia em movimento. Assim, a depender da maneira como o condutor acelera e freia, as baterias “duram mais”. Importante dizer que conduzimos o SUV com parcimônia, ou seja, sem exagerar nas acelerações e retomadas. De toda forma, o consumo do Yuan Plus no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBVE) do Inmetro é extraordinário: são 39,8 km/l na cidade e 33,1 km/l na estrada.
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Yuan Plus é diferentão por dentro e por fora
Com 4,45 metros de comprimento, 1,87 m de largura e 2,72 m de entre-eixos, o Yuan Plus é um pouco maior que o Jeep Compass e quase do mesmo tamanho do Toyota Corolla Cross. Por fora, o visual é elegante e lembra os demais modelos da chinesa BYD, como o sedã Han EV e o SUV de 7 lugares Tan EV. O estilo é inspirado nos dragões, e a dianteira tem até o bigode fininho de carpa desenhado com LEDs diurnos nos faróis e na grade.
Nas laterais, destaque para os pneus Batman – sim, você não leu errado! O SUV elétrico vem de fábrica com rodas de liga leve de 18 polegadas calçadas com pneus Atlas Batman 215/55. Já por dentro, o Yuan Plus é um carro distinto. Tudo nele é diferente, desde os puxadores de portas circulares, até o painel ondulado que lembra o mar e a areia da praia, com materiais macios ao toque.
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O multimídia tem uma grande tela central giratória de 12,8 polegadas, que pode ficar disposta na horizontal ou na vertical. As imagens são excelentes e o sistema é simples de operar, mas fica ainda deve internet própria com Wi-Fi, bem como maior conectividade com smartphones. O sistema da BYD permite instalar apps como Spotify e Waze, mas depende da conexão do celular. E não espelhamento tem Android Auto e Apple Carplay.
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Ao volante, SUV é tecnológico e valoriza o conforto
Ao volante, o BYD Yuan Plus é mais macio que o padrão visto em SUVs de marcas alemãs e japonesas. Assim, tem rodar suave e com baixo nível de ruídos externos. O conforto é o destaque a bordo, com teto solar panorâmico, ampla forração em couro ecológico e muitas portas USB-C. Tanto na frente quanto atrás as saídas de ventilação lembram porta-CDs dos anos 1990. Aliás, as portas dianteiras trazem cordas decorativas que lembram uma guitarra e emitem som de verdade!
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Já em relação às tecnologias a bordo, o Yuan Plus capricha e traz tudo o que se tem de mais moderno nos SUVs dessa faixa de preço. Há, por exemplo, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), que acelera e freia sozinho acompanhando o veículo à frente, alertas de ponto cego nos retrovisores e frenagem automática de emergência com detector de ciclistas e pedestres. O conjunto elétrico tem três modos de condução: Normal, Sport e Eco – é com este último que o SUV chega aos 458 km.
Na unidade que avaliamos não havia tomada para carregamento das baterias. É de praxe que carros elétricos tragam carregador portátil consigo. Ainda bem que não foi necessário. Pelo menos o plugue Tipo 2, padrão mais comum no Brasil, permite carregar em qualquer eletroposto no País. No mais, as baterias Blade entregaram a autonomia prometida no display colorido de 5 polegadas do quadro de instrumentos, que fica fixo na coluna de direção.
Carros elétricos estimulam busca por fontes de energia renovável
Energia fornecida pelo sol e pelos ventos é uma solução viável para abastecer veículos modernos
19 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.
A eletromobilidade é uma realidade na indústria automotiva e o crescimento da frota de carros movidos a bateria traz à tona um tema importante: a necessidade de gerar energia elétrica em alta escala por meio de fonteslimpas e renováveis.
“A mobilidade elétrica é uma alternativa para melhorar a eficiência energética no transporte e para a integração com as energias renováveis”, afirma Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
O Brasil é privilegiado em termos de abundância de fontes renováveis, como, por exemplo, a energia solar e a eólica. “É uma boa notícia para a transição energética, quando se trata da expansão de infraestrutura de recarga para veículos elétricos”, diz o professor.
Impacto pequeno
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil tem condições de mudar sua matriz energética – o conjunto de fontes de energia disponíveis – até 2029. Isso reduziria a dependência de hidrelétricas e aumentaria a participação das fontes eólicas e solar.
Mesmo assim, numa projeção de que os veículos elétricos poderão representar entre 4% e 10% da frota brasileira em 2030, estudos da CPFL Energia preveem que o acréscimo no consumo de energia ficaria entre 0,6% e 1,6%. Ou seja: os impactos seriam insignificantes. Não precisaríamos de novos investimentos para atender à demanda.
Entretanto, a chegada dos veículos elétricos torna plenamente viável a sinergia com outras fontes renováveis, disponíveis em abundância no País. “As energias solar e eólica são intermitentes e geram energia de forma uniforme ao longo do dia”, diz o professor. “A eletromobilidade abre uma perspectiva interessante nessa discussão.”
Incentivo à energia eólica
Um bom exemplo vem do Texas (Estados Unidos), onde a concessionária de energia criou uma rede de estações de recarga para veículos elétricos alimentada por usinas eólicas. O consumidor paga um valor mensal de US$ 4 para ter acesso ilimitado aos 800 pontos da rede.
Segundo Delatore, painéis fotovoltaicos podem, inclusive, ser instalados diretamente nos locais onde estão os pontos de recarga.
“A eletrificação da frota brasileira deveria ser incentivada, por causa das fontes limpas e renováveis existentes no País. Cerca de 60% da eletricidade nacional vem das hidrelétricas, ao passo que, na Região Nordeste, 89% da energia tem origem eólica.”
Híbridos no contexto
Contudo, a utilização de fontes renováveis não se restringe aos carros 100% elétricos. Os modelos híbridos também se enquadram nesse cenário.
Um estudo do periódico científico Energy for Sustainable Development fala das vantagens dos híbridos, ao afirmar que suas emissões de gases de efeito estufa são inferiores às do veículo puramente elétrico.
“Os veículos híbridos possuem baterias menores, com proporcional redução das emissões de poluentes. Essas baterias reduzem o impacto ambiental da mineração dos componentes necessários à sua fabricação. Os resultados demonstram que a associação de baterias de veículo que usam biocombustíveis tem efeito sinérgico mais positivo”, conclui o documento.
