A General Motors escolheu as cidades de Corumbá e Miranda, no Pantanal sul mato-grossense, para apresentar a nova Chevrolet Silverado 2024 a jornalistas, e o Jornal do Carro estava presente. A picape grande da marca chega com a dura missão de assustar a concorrência, de nomes como Ford F-150 e RAM 1500.
No Brasil, o modelo da GM será vendido em versão única, High Country, com todos os opcionais, e até 37 acessórios diferentes, vendidos à parte. Rodamos com o modelo que retorna ao País após 21 anos de ausência, em trechos no asfalto e em estradas de terra, e te contamos como foi.
A primeira impressão da picape fica por conta do tamanho, maior até do que as médias S10 e Trailblazer, por exemplo. O modelo mede 5.91 metros de comprimento, 1,94 metro de altura e 2.06 de largura, então as dimensões são generosas. Além disso, o entre-eixos é de 3.74 metros, o maior entre as picapes grandes. Para quem precisa carregar carga, a caçamba oferece 1.781 litros, também a maior da categoria. A capacidade de carga do modelo, no entanto, é de 716 kg, menor que a rival da Ford, e a caçamba oferece abertura e fechamento elétricos.
O entre-eixos grande se traduz em bom espaço interno, com bom lugar para quem viaja atrás, por exemplo. Na frente, a largura da picape permite espaço de sobra para motorista e passageiro, bem acomodados em bancos de couro com ajustes elétricos e bom suporte em curvas fechadas e situações de asfalto ou piso ruim. Além disso, oferecem também opção de aquecimento e ventilação, algo muito bem-vindo no calor tropical.
Silverado tem a maior multimídia da categoria e bom espaço interno
Para os que viajam a bordo, a picape oferece um painel de instrumentos digital, de 12,3 polegadas e customizável, bem como também uma central multimídia de 13.4 polegadas, maior da categoria. Ela conta com sistema Google integrado, que permite ao usuário importar seus dados da conta Google diretamente para o carro, sem necessidade de espelhamento de celular, ou de funções do sistema MyLink. Para auxiliar na visibilidade traseira, prejudicada pela pequena janela, o modelo oferece um retrovisor ligado a uma câmera, que exibe imagens nítidas da traseira.
Além disso, o modelo oferece alerta de colisão dianteiro e traseiro, ponto cego e tráfego cruzado, sistema de detecção de pedestres com frenagem de emergência, alerta vibratório nos bancos, wi-fi nativo e o sistema OnStar, que permite contactar uma central que aciona equipes de resgate, em caso de acidente. Completam a lista de itens um estribo elétrico, acionado ao abrir a porta, e um teto-solar, disponível apenas para os que vão na frente.
Entretanto, a versão High Country que vem ao Brasil tem diferenças em relação ao modelo vendido no mercado americano. Ela possui um kit off-road exclusivo, com amortecedores Rancho (do modelo Z71 americano), assistente de declive e um assoalho reforçado, algo que, segundo a marca, protege o conjunto motor + câmbio do modelo. Os retrovisores também são exclusivos, de tamanho grande, e oferecem dois espelhos, sendo o inferior próprio para ajudar em situações de reboque, por exemplo.
Motor V8 5.3 entrega bons 360 cv de potência
Quando o assunto é dirigibilidade, a picape tem seus segredos. O modelo vem equipado com motor V8 5.3 de 360 cv, e 52,9 mkgf de torque, e oferece bom desempenho quando demandado. As retomadas são rápidas, graças ao câmbio automático de 10 velocidades, o mesmo utilizado na rival Ford F-150 e nos esportivos Camaro e Mustang, porém com calibragem específica para a picape. A força do motor também ajuda o modelo a ter a maior capacidade de reboque da categoria, com até 4.128 kg.
Entretanto, o consumo é grande tal como a picape, algo esperado. A Silverado faz 6 km/l na cidade, e 7,2 km/l na estrada, mas conseguimos uma média de 8,2 km/l, no trajeto entre as cidades de Corumbá e Miranda, no Mato Grosso do Sul, em trecho rodoviário. Um dos segredos para conseguir números maiores que os divulgados é a grade ativa, que pode abrir por conta própria, diminuindo o arrasto aerodinâmico do modelo, e melhorando o consumo.
Picape oferece três modos de condução diferentes
Existem as opções de tração 4×2 traseira, 4×4 e 4×4 reduzida, bem como também três modos de condução: Normal, Esporte e Off-Road. No primeiro, o modelo preserva as configurações de fábrica, no segundo, a resposta do câmbio e do acelerador ficam mais rápidas, e a direção fica mais direta, e na terceira, a resposta da direção fica intermediária, feita para velocidades menores.
Outro artifício a favor da picape é o sistema Dynamic Fuel Manegement (DFM), que permite ao modelo variar a disposição do funcionamento de seus oito cilindros. Assim, o motor V8 só utiliza sua força total quando o pico de torque exigido for necessário. Desta forma, pode atuar em até 17 combinações de ordem de disparo de cilindros diferentes, favorecendo a eficiência do motor e o consumo, por exemplo.
Dirigibilidade do modelo agrada pelo conforto e desempenho
Ao volante, durante o teste, a picape revela-se agradável de dirigir, apesar do tamanho. As ruas de Corumbá (MS) são largas, e jogam a favor do modelo, o que pode ser um problema em demais centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. Seja como for, a posição de dirigir agrada bastante, ajudada pela ampla área envidraçada, e grandes retrovisores. No rodoviário, ultrapassagens não uma dificuldade para o V8, que compre a tarefa tranquilamente. O barulho do conjunto mecânico não invade a cabine, exceto quando se exige força.
Entretanto, conduzindo em estradas de terra, o modelo perde um pouco do conforto, algo esperado em uma picape que utiliza suspensão traseira com feixe de molas semi-elípticas, por exemplo. Mesmo com a tração 4×4 ligada, o modelo mostra-se um pouco arisco, mesmo calçado em pneus 275/60R20 de uso misto, e perfil baixo. A traseira mostra-se solta e requer atenção e pequenas correções ao volante, mas nada que desabone a picape.
Entretanto, é importante dizer que o modelo do teste estava com a caçamba vazia, o que favorece esse tipo de comportamento. Outro ponto crítico é o trepidar excessivo do retrovisor do motorista, algo notado entre todos os presentes no teste, no entanto.
Picape retoma o nome Silverado após duas décadas
Seja como for, a Silverado tem suas armas para seduzir o público. O modelo está 200 kg mais leve que a geração anterior, por empregar alumínio em partes como portas, tampa da caçamba e capô. Enquanto demais painéis usam aço, e a caçamba, aço de alta resistência. Desta forma, a montadora garante um ganho de 50% na resistência da picape. Além disso, o modelo conta com 75 módulos eletrônicos, contra os 40 trazidos na maioria dos carros. Tais sistemas podem ser atualizados via OTA (Over-The-Air), sem necessidade de ir à concessionária, por exemplo.
A picape grande da Chevrolet retorna ao mercado para suprir o espaço deixado pela D20 Silverado no início dos anos 2000. O modelo tem a dura missão de seduzir compradores de RAM 1500 e Ford F-150. Mesmo não sendo a mais potente e chegando por último no mercado, tem como proposta se destacar onde as rivais não brilham. Espaço interno, capacidade de reboque e eficiência energética, traduzida em consumo, são pontos positivos.
As primeiras 500 unidades do modelo receberam como um incentivo a compra a capota marítima elétrica, que equipava a versão avaliada. Outros 200 modelos foram postos em pré-venda no dia 11 de setembro, por exemplo, e as entregas da picape começam em 2024. Vendida em versão única High Country, a Silverado pode ser adquirida por R$ 519.990. Por fim, a picape do segmento “Super Premium” da GM tem quatro opções de cores: branco, preto, cinza ou vermelho.
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