Recentemente, tive a oportunidade de experimentar duas “novas” classes executivas, a da Tam e a da Lufthansa. A palavra novas aparece entre aspas por uma razão: a da companhia brasileira foi apenas reformulada nos Boeing 777. Nova de verdade é só nos 767 (“herdados” da Lan, chilena que faz parte do mesmo grupo), que opera, principalmente, rotas para os Estados Unidos.
(No Instagram: @blogprimeiraclasse)
Nos dois casos, a experiência foi em voos entre São Paulo e Frankfurt e Frankfurt e São Paulo. Ambas têm voos diretos e diários da capital paulista para a cidade que é o centro financeiro da Alemanha. No caso da Lufthansa, a aeronave é o novíssimo 747-800. Na Tam, o 777. Quer saber qual é a melhor? Vamos analisar quesito por quesito.
POLTRONA
Como já escrevi em posts anteriores, a poltrona, para mim, é o principal apelo da classe executiva.
Na Lufthansa, a cabine é completamente diferente da utilizada nas aeronaves da empresa até então (a nova executiva estreou no ano passado).
As poltronas, com novas cores e texturas, ficam levemente viradas para o lado, proporcionando melhor aproveitamento do espaço. Há um grande apoio para os pés à frente (fique atento: dependendo da posição da poltrona, ele pode ser menor ou maior).
Agora, o principal: a poltrona, ampla, é flat-bed – ou seja: reclina o 90º para se tornar uma cama.
Está aí o principal diferencial da Lufthansa em relação à Tam. A impressão é de que a aérea brasileira adaptou suas antigas poltronas – que, quando reclinadas, ficavam na posição conhecida como tobogã, com os pés dos passageiros apontados para baixo.
Com o fim da primeira classe na companhia brasileira, a executiva foi reformulada. À frente de cada poltrona, há agora um apoio para os pés imenso.
A poltrona, quando totalmente reclinada, se une ao apoio, formando uma posição quase de cama. Porém, não totalmente. O encosto não fica ainda não fica a 90º. Ele se mantém levemente inclinado para cima, como era antes. Para mim, não incomoda. Pelo contrário: é quase a posição que se tem ao usar um bom travesseiro. Achei confortável e dormi bem nos dois voos.
VEREDICTO: Lufthansa
ESPAÇO
Esse quesito foi bem difícil de concluir. Na Lufthansa, a disposição das poltronas na cabine é 2-2-2 (seis por fileira). Apenas os passageiros da janela ficam sem acesso direto ao corredor. Na Tam, é 2-3-2 (sete por fileira), algo cada vez menos usual nas classes executivas.
Porém, a Tam se sobressai em alguns aspectos: o espaço para as pernas ficou imenso após a reformulação. Além disso, as poltronas são mais largas, proporcionando bem estar para passageiros de qualquer altura e peso.
VEREDICTO: Tam
CONFORTO
O kit de amenidades das duas é muito parecido. A Lufthansa leva vantagem ao oferecer mais itens nos toaletes. E por falar neles, são também bem parecidos e tamanho e comodidades, embora o da aérea alemã seja mais novo. Ambos, porém, têm filas demoradas nos horários de pico (após o jantar e pela manhã).
As companhias aéreas ficam devendo na qualidade dos travesseiros, pequenos demais, quase desconfortáveis. Porém, vão bem na refrigeração da cabine – não passei calor nem frio em nenhum dos trechos, como já ocorreu com outras aéreas.
Também são semelhantes o tamanho das telas, bem como o manuseio dos comandos do sistema de entretenimento – ambos bem intuitivos, mas sem função sensível ao toque. A Tam consegue empatar o jogo nesse quesito: há uma infinidade de filmes e séries com áudio original e legenda em português. Na Lufthansa, ou você conhece o idioma estrangeiro ou tem de assistir ao filme em versão dublada (comodidade disponível para poucos títulos, aliás).
VEREDICTO: Empate
SALA VIP
No aeroporto de Frankfurt, a experiência foi ruim no caso de ambas. São Salas Vips muito abaixo das encontradas em outros aeroportos. A Tam usa a da Air Canada, com opção de chuveiro (não disponível na da Lufthansa), bom para quem deixou o hotel pela manhã e passou o dia todo trabalhando, por exemplo.
Em contrapartida, quase não houve opção de alimentação enquanto estive lá. O buffet estava bastante escasso.
Na Lufthansa, o buffet também não é dos melhores, mas cada sala é exclusiva para dois voos. Embora seja pouco confortável, com um aspecto de uma sala de embarque convencional e poltronas limitadas, tem uma grande vantagem: o embarque direto dos passageiros da executiva, sem necessidade de descer ao portão. Foi aí que a Lufthansa levou vantagem.
Em São Paulo, as salas são parecidas. A da Tam é maior, mas também fica mais cheia, já que o hub internacional da companhia é no aeroporto paulista. A Lufthansa usa a da Star Alliance.
Ambas são confortáveis, bonitas, com banheiros novos, opções de chuveiro e áreas de descanso e trabalho. O buffet também é muito bom, com opções de snacks e bons pratos quentes.
VEREDICTO: Empate
ATENDIMENTO EM AR E TERRA
Em São Paulo, ambas operam no moderno e espaço Terminal 3, mas a Tam ainda precisa melhorar muito. Ela concentrou o atendimento de check in para a classe executiva de todos os seus voos em uma só área. E, como a maioria dos voos são à noite, lá pelas 20h a fila é bem grande e lenta.
Conclusão: na Lufthansa, mesmo com menos espaço, o check-in é bem mais rápido. O mesmo ocorre em Frankfurt. A alemã tem guichês espalhados por todo o Terminal 1 e o passageiro jamais perde tempo em filas.
Na Tam, os guichês ficam em uma área do Terminal 1 bastante afastada da zona de embarque para os voos da companhia. Além disso, havia apenas um atendente. Como houve problemas com o passageiro à minha frente, eu e os outros tivemos de fazer check-in na área da econômica. Pelo menos, a fila não estava muito grande.
Ambas oferecem prioridade para o raio-X em Frankfurt, mas de nada adianta. Foram implementadas recentemente máquinas de escâner corporal no aeroporto. Na zona de embarque para os voos a São Paulo de Tam e Lufthansa, que é a mesma, há três, duas para os passageiros da econômica e uma para a executiva.
Porém, isso não funciona. Todos os passageiros acabam ficando divididos entre as três filas, que são gigantescas. Os funcionários nada fazem, pois, na verdade, as três máquinas são totalmente insuficientes para a quantidade de passageiros. O procedimento acaba levando de 30 a 40 minutos.
Já na chegada, alívio: a entrega das malas tem sido rápida no caso das duas companhias.
VEREDICTO: Lufthansa
ALIMENTAÇÃO
O serviço de bordo da Lufthansa é melhor. Com a reformulação da classe executiva, os funcionários também ficaram mais atenciosos. Além disso, a qualidade da comida é superior à oferecida pela Tam.
O modo de servir da Lufthansa também me agrada mais. Primeiro vem a entrada, depois o prato principal e, por fim, a sobremesa. A Tam serve tudo junto: salada, sopa, entrada, prato principal. Só a sobremesa vem separadamente.
Embora isso garanta agilidade, o que pode aumentar, por exemplo, o tempo para dormir ou desfrutar da programação do sistema de entretenimento, é um tanto desconfortável. Fica tudo amontoado na bandeja e, eventualmente, são necessários alguns malabarismos do passageiro.
VEREDICTO: Lufthansa
CONCLUSÃO
Embora a Tam tenha melhorado muito com a classe executiva reformulada, a Lufthansa é, no geral, uma companhia bem superior. Uma das melhores do mundo, aliás.
Os preços são semelhantes, mas a alemã é um pouco mais cara. Para saídas em novembro, a Lufthansa tem tarifas a partir de cerca de R$ 11,4 mil e a Tam, de R$ 10,6 mil (ida e volta de São Paulo a Frankfurt).
Para abril de 2016, a diferença aumenta. Os voos da Lufthansa partem de R$ 14,6 mil e os da Tam, de R$ 12,2 mil.
A Tam terminou há cerca de dois meses a reformulação da cabine de todos os Boeing 777, que operam entre São Paulo e os principais destinos europeus (como Milão, Londres e Madri). Já o 747-800 da Lufthansa faz as rotas São Paulo – Frankfurt – São Paulo e Rio de Janeiro – Frankfurt – Rio de Janeiro.
Newsletter Jornal do Carro - Estadão
Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.