Tem algum tempo que a Audi passou a oferecer modelos eletrificados no País. Entretanto, a gama só contava com modelos de motorização híbrida-leve ou os 100% elétricos, como o e-tron, que chegou em 2020 ao mercado nacional. Mas foi em 2022 que a marca das quatro argolas resolveu trazer ao País a linha Q5 com propulsão híbrida-plug-in. E para ver se o carro, de fato, cumpre o que promete, botamos o pé na estrada a bordo da versão Sportback Performance Black, que leva o sobrenome TFSIe.
Mas antes de falar do consumo, vale detalhar um pouco o carro, que vem importado do México e não cruza a porta da revenda por menos de R$ 517.990. Conforme é notável, o Audi Q5 já está em fim de ciclo. Ainda chama a atenção e provoca torcicolos por onde passa, mas está longe de ser uma novidade. Essa geração foi lançada em 2017 por aqui, já como linha 2018. Portanto, oito anos já se passaram. É por isso que já começaram a pipocar informações, flagras e projeções da nova (e terceira) geração. A ideia é que o modelo siga a cartilha da linha e-tron e, também, traga importantes avanços tecnológicos e dinâmicos.
No lançamento da gama plug-in, há quase dois anos, a Audi optou por um leve retoque na grade, nos faróis e nas lanternas. Paleta de cores e detalhes do interior também foram mexidos. O modelo que você nesta página trata-se da opção Performance Black. Por isso, o acabamento com detalhes escurecidos (não há cromados). Tem pacote S-Line. Inclusive, o logo vai colado nas laterais do modelo, bem pertinho das caixas de rodas dianteiras.
SUV-cupê
Mas o principal chamariz do rival de BMW X3, Mercedes-Benz GLC, Volvo XC60 e companhia é a opção de carroceria SUV-cupê. Mesmo com a caída traseira do teto, o porta-malas (que tem abertura por meio de botões ou no modo hands-free) continua com bons 455 litros. Espaço para malas na hora da viagem não faltou.
Ainda falando em espaço, são 4,69 metros de comprimento, 2,14 m de largura, 1,66 m de altura e 2,82 m de entre-eixos. Ou seja, mesmo atrás, o espaço é generoso e acomoda bem os três ocupantes. Aliás, vale um adendo: o túnel central bastante elevado compromete o espaço para as penas de quem senta no meio do banco traseiro. O ponto positivo é que, ali, tem saídas e controle de ar-condicionado e entradas USB para carregamento de eletrônicos.
Comportamento
Na cidade, o SUV-cupê impressiona pela agilidade. É bem diferente da versão híbrida-leve, que veio em 2021 munida de um motor gerador de 48V a fim de tentar reduzir consumo. Atualmente, o Q5 híbrido plug-in oferece o motor 2.0 TFSI de 252 cv e 37,7 mkgf de torque aliado ao propulsor elétrico de 143 cv e 35,6 mkgf. A soma resulta em 367 cv e 51 mkgf. Um canhão. É tanto que basta pisar fundo e o corpo cola no banco. Falta só a manta acústica na tampa do motor. Mas, cabe salientar, isso não o torna ruidoso. Pelo contrário, o silêncio a bordo impressiona.
De acordo com números da Audi, são 5,3 segundos entre 0 e 100 km/h. E tem 210 km/h de velocidade máxima. Para se ter ideia, apenas em modo elétrico, o carro chega a 135 km/h. E o melhor: sem qualquer ruído. Quem ajuda na missão é o câmbio automatizado S tronic de sete marchas. As trocas são bem suaves, e tem opção por aletas atrás do volante. Para dar ainda mais força e capacidade tanto na estrada quanto fora dela, o SUV-cupê conta com a tradicional tração integral Quattro. O sistema transfere até 50% da força para o eixo traseiro.
Quase 40 km em modo elétrico
Em nosso primeiro contato com o produto, a princípio, em percurso rodoviário, a agilidade e silêncio impressionam. Aliás, dá para rodar até 38 km em modo puramente elétrico, dizem os números do Inmetro. A bateria, inclusive, de íons de lítio e posicionadas sob o porta-malas, é composta por 104 células prismáticas e possui capacidade de armazenamento de energia de 17,9 kWh com uma tensão de 381 volts.
Quando o motorista retira o pé do acelerador, o sistema de gerenciamento de direção decide, conforme a situação, entre a desaceleração com o motor desligado e a recuperação de energia. Ou seja, a recuperação de energia cinética e sua conversão em energia elétrica. E quando não usamos o controle de cruzeiro adaptativo (ACC), o carro dá dicas sobre o momento certo de aliviar a pressão do acelerador, para poupar combustível. E tem três modos de condução: EV (Veículo Elétrico), Hold (a bateria mantém sua capacidade) e Charge (a combustão alimenta a bateria).
A boa notícia é que, para quem gasta pouco menos de 20 quilômetros no trajeto casa/trabalho, pode ficar um bom tempo sem visitar os postos de abastecimento. Mas, claro, tudo depende do pé do motorista e do trânsito que se enfrenta.
Mais trânsito, bom consumo
Para se ter ideia, no dia que buscamos o carro, foram nada menos que quatro horas (sim, quatro horas!) para percorrer pouco mais de 40 km para chegar em casa. Ainda assim, foi gasto apenas a eletricidade. Ou seja, da Audi até a garagem, foram gastos exatamente os 52 km de autonomia declarados pela marca (base no ciclo europeu WLTP) e exibidos no quadro de instrumentos. Isso, contando com a regeneração da força de frenagem. Desse modo, quanto mais o pé vai para o freio, mais se poupa o consumo das baterias.
Pois bem, pelas estradas – onde também passamos por trechos com lama – a mesma precisão de direção e câmbio. E o consumo de gasolina (na ocasião, com o motor elétrico já descarregado), surpreendeu. Foram quase 16 km/l na estrada (e exatos 10,6 km/l, na cidade). Assim, a autonomia superou os 450 km exibidos no computador de bordo (quando o carro estava com o tanque cheio). Moral da história, ao invés de rodarmos cerca de 500 km (contando o tanque cheio e as baterias totalmente recarregadas), o Q5 Sportback PHEV foi além dos 680 km de autonomia.
Comodidade, conforto e funcionalidade
Das portas para dentro, mesmo com o peso da idade e a ausência de algumas tecnologias e particularidades já presentes na concorrência, o Q5 Sportback híbrido plug-in não deixa o luxo de lado – praxe na Audi. Tudo é muito bem acabado, o volante (multifuncional e com ajustes de altura e profundidade) tem pegada excelente e o painel é levemente voltado ao motorista.
Os bancos da frente têm comandos elétricos. O ar-condicionado tem três zonas. Enquanto o quadro de instrumentos tem tela digital de 12 polegadas, a central multimídia de 10,25 polegadas reúne as mais variadas funções. Tem conectividade bluetooth, espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay e, como um dos itens mais funcionais, o sistema de navegação próprio. Ou seja, o motorista não depende 100% do celular para se locomover – o que, aliás, é um retrocesso da maioria dos carros atuais.
Ademais, tem carregador de celular por indução, retrovisor anti-ofuscante, controlador de velocidade, sensores de estacionamento na frente e atrás, câmera de ré e iluminação feita por LEDs. Contudo, os faróis não têm comutação automática que muda automaticamente a intensidade da iluminação para não ofuscar os demais motoristas.
Modos de condução e outras tecnologias
O Audi Drive Select também está presente. Nele, é possível escolher desde o modo mais econômico ao mais esportivo. A mudança de comportamento do carro é geral, desde o trabalho das suspensões até as trocas de marcha. Tem, ainda, o Audi Side Assist – uma luz acende nos retrovisores externos e informa se há veículo no ponto cego – e o Exit Warning. Este último, também por meio de luz, recomenda que os ocupantes não abram as portas do carro por perigo de colisão com algo que esteja do lado de fora.
Preço base e opcionais
Os preços do Audi Q5 Sportback começam em R$ 492.990 (versão Performance) na linha 2024. Achou caro? Mas a lista de opcionais é ainda mais. Só a pintura metálica ou perolizada não sai por menos de R$ 2.200. Até aí, tudo bem, porque tem carro popular cobrando valores semelhantes. Entretanto, caso o interessado opte pelo pacote exterior em carbono (capa dos espelhos retrovisores externos), paga nada menos que R$ 13.500. Só pelo Head-up display, são R$ 8.500. E R$ 9.000 pelo sistema de som Bang & Olufsen 3D. Ao menos o aviso para saídas de faixa e teto solar panorâmico vêm de série.
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