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Na guerra do trânsito, motoristas perdem o espelho; motociclistas, a vida

Enquanto motoristas e motociclistas se acusam mutuamente, as estatísticas vão subindo e ninguém faz nada a respeito

Hairton Ponciano

11 de ago, 2017 · 5 minutos de leitura.

acidente envolvendo caminhão e moto em São Paulo" >

Crédito: Mesmo tendo frota bem menor que a de carros, motocicletas quase sempre estão envolvidas em acidentes. Foto: Paulo Liebert/Estadão

Toda manhã é a mesma coisa. Quando o repórter que cobre o trânsito (no rádio ou na TV) informa que há acidente, você já sabe que na sequência é quase certo que virá a frase “envolvendo carro e moto”. Embora a frota de motocicletas na capital represente cerca de 20% do total de veículos, elas se envolvem na maior parte do acidentes.

De acordo com balanço da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os motociclistas representaram 37,1% das 854 mortes ocasionadas por acidentes de trânsito em São Paulo no ano passado, ou 316 falecimentos.

É um número inferior apenas ao de mortes envolvendo pedestres (40% das vítimas, 342 falecimentos). E com a ressalva de que aí estão computadas somente as mortes ocorridas no local. Falecimentos posteriores, no hospital, não entram na conta.

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Ainda segundo números da CET, propocionalmente ao tamanho de suas frotas, as motos envolveram-se 4,8 mais vezes em acidentes do que automóveis.

Daria para ficar falando de estatísticas o post inteiro. Mas eu queria chamar atenção para o fato de que nada está sendo feito para mudar o quadro atual. Autoridades de trânsito, motoristas e motociclistas continuam agindo da mesma forma, ignorando dados e corpos estendidos no chão. Virou banal.

O trânsito em São Paulo é uma competição, e aparentemente formado por inimigos. Carro contra carro, carro contra moto. Todos contra todos. O cara parado ao lado no semáforo é seu rival. Você “tem” de largar na frente dele.


Motoristas andam como se não houvesse amanhã. Motociclistas andam como se não houvesse amanhã. A diferença é que, para os últimos, às vezes não há mesmo. Na guerra diária, motoristas costumam perder o retrovisor. Motociclistas perdem a vida.

Não, não é a visão de motorista sobre o assunto. Ando de carro e moto. Aliás, tive moto antes de ter carro. E aprendi a me antecipar ao perigo, a evitar situações de risco. Com o tempo sobre uma moto, você aprende a “ler” o que o motorista vai fazer, a se antecipar à jogada.

Utilizar o freio em vez de buzina pode ser uma boa forma de permanecer sobre (e não sob) a moto. Boa parte dos motociclistas anda no limite, sem a menor margem de segurança para uma manobra ou frenagem de emergência. Terceirizaram a segurança aos motoristas. E isso não é nem um pouco
recomendável. Sabemos muito bem do que é capaz um ser humano quando está atrás do volante.


Motos são muito mais ágeis que carros. Naturalmente, vão chegar antes aos destinos, mesmo sem cometer irregularidades ou insanidades. São menores e acham facilmente caminho entre os carros. Ok, legalmente não podem circular no corredor entre os veículos, mas não acho o fim do mundo quando vão passando com cuidado. Nesse caso, estão apenas utilizando a vantagem inerente ao tipo de veículo.

Se o trânsito está parado e elas passam devagar, ótimo. Podem entregar a refeição ou o documento no prazo. Mas quando passam a 80 km/h no meio do engarrafamento, perdem a razão, o argumento e, muitas vezes, a vida.

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Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.