Os dois foram os grandes nomes da temporada 2017 da Fórmula 1. E também do GP do Brasil, no último domingo (12). Um venceu, o outro fez uma espetacular corrida de recuperação. Mas quem são os seres humanos Lewis Hamilton e Sebastian Vettel? Como se comportam, fora das pistas, Hamilton e Vettel?
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Nem amigos, nem inimigos, Hamilton e Vettel, têm muito em comum. De origem humildes, ingressaram na F1 quase ao mesmo tempo. O alemão, pela BMW e o inglês, já disputando título, pela McLaren.
Além disso, foram formados em programas de novos pilotos de equipes de F1. Vettel era da academia da Red Bull e Hamilton, da Mercedes (em parceria com a McLaren). E, principalmente: ambos são tetracampeões.
No entanto, os dois pilotos são donos de personalidades completamente opostas. E que se manifestam de maneiras diferentes, e até surpreendentes (por causa de suas imagens públicas), nos paddocks da Fórmula 1.
Um exercício que sempre gosto de fazer quando estou no paddock (área atrás dos boxes, onde se desenrolam os bastidores da Fórmula 1) é observar o comportamento dos pilotos. Como eles reagem quando não estão sendo filmados? Como se comportam por trás das câmeras de TV, ou fora das redes sociais?
É importante ressaltar que, no paddock, circulam poucos fãs. Fãs que são convidados de equipes, mas ainda assim demandam autógrafos e selfies, embora de uma maneira bem mais comedida do que os que estão do lado de fora – até por que esta é a orientação dos times que são seus anfitriões.
Circulam também jornalistas e cinegrafistas. Se um piloto de desloca dos boxes para o centro de hospitalidade dos times, logo em frente, corre sempre o risco de ser abordado pela imprensa, ou um fã, com demandas.
Ainda assim, em alguns momentos, eles conseguem ficar à vontade. Principalmente após encerrada a corrida, quando estão mais relaxados. E é neste momento que Vettel e Hamilton surpreendem. Eles têm personalidades completamente diferentes das que mostram publicamente.
VAMOS COMEÇAR PELO ATUAL CAMPEÃO
O atual campeão é o maior embaixador da Fórmula 1. Palavras de Bernie Ecclestone, que até o ano passado era o dono dos direitos comerciais da categoria.
Fora do paddock, Hamilton é puro carisma. Adepto das redes sociais, posta muitos detalhes de seu dia a dia no Instagram (@lewishamilton). O Instagram Stories do piloto é dos mais divertidos. Lá, ele mostra seu avião particular (que está sendo alvo de polêmica, inclusive), seus dois cachorros e as festas que frequenta, por exemplo.
Ah, as festas! E as celebridades. Hamilton é um verdadeiro integrante do jet set internacional, e parece gostar muito desta vida. O inglês nascido no condado de Hertfordshire há 32 anos é visto em locais badalados como o Festival de Cinema de Cannes, na França, e o Torneio de Tênis de Wimbledon, nos arredores de Londres.
Vivendo entre Mônaco e Londres, Hamilton tem uma lista de amigos famosos. Nela, estão os brasileiros Neymar e Anitta, a musa pop Rihanna e muitas badaladas supermodelos.
Por anos, namorou a ex-Pussycat Doll Nicole Scherzinger. Em 2015, circularam rumores de que teve um “affair” com a modelo Kendall Jenner, irmã de Kim Kardashian.
Lewis Hamilton tem a vida badalada que muitos acreditam que seja o estado comum dos pilotos de Fórmula 1. A verdade, no entanto, é que a maioria dos pilotos tem uma vida reservada – alguns mais, outros menos.
Mas e no paddock? Como se comporta Lewis Hamilton? O inglês, nos bastidores da Fórmula 1, é desses caras que parecem estar loucos para voltar logo para o hotel. Ele cumpre seus compromissos extra-pista, como visitar áreas VIPs de patrocinadores, com profissionalismo e simpatia. Assim, também se mostra quando entrevistado pela imprensa.
No entanto, fora desses compromissos profissionais, Hamilton passa a impressão de estar odiando tudo aquilo. É como se quisesse entrar no carro, ir para a pista, fazer seu melhor e, depois, poder ir logo embora. É como se amasse correr, mas todo o resto do “pacote” Fórmula 1 fosse um grande estorvo.
Ele tira selfie com fãs. E dá autógrafos. Porém, faz tudo automaticamente, sem entusiasmo. Continua andando enquanto o admirador tenta tirar a foto conjunta.
Desde que começou a ganhar mais títulos, e passou a ser mais assediado, ele tem saído cada vez menos do centro de hospitalidade e dos boxes de seu time. Quando sai, é por necessidade. Nunca sorri. Nem mesmo no desfile de pilotos. Costuma ficar em um canto do caminhão, sozinho.
No paddock, portanto, Hamilton é o cara que as vezes parece até tímido. Ou, em uma definição mais real, reservado demais. É fora do cotidiano do circo da Fórmula 1 que ele brilha como ser humano.
Na verdade, a maioria dos pilotos se comporta como Hamilton. É algo que dá para entender. Já presenciei, diversas vezes, cenas de assédio em relação a eles que beira a agressão. Neste ano, por exemplo, vi um grupo de mais de dez pessoas cercando Valtteri Bottas e Esteban Ocon, os impedindo de passar. Tudo na tentativa de tirar um selfie com eles. Um desrespeito, no mínimo.
Assim, são raros os pilotos que se mostram mais abertos no dia a dia do paddock. Um deles é Felipe Massa. O outro – e de uma maneira completamente fora do comum entre os que fazem parte da categoria – é Sebastian Vettel.
O CARA RESERVADO QUE É ‘BOA PRAÇA’
Em 2013, ou 2014, eu estava batendo um papo com Sebastian Vettel durante o fim de semana do GP do Brasil. Ele contou que, na semana anterior, antes de chegar a São Paulo, tinha visitado o Rio de Janeiro.
Fiquei impressionada. Como Sebastian Vettel visitou o Rio e ninguém ficou sabendo? Qual era a chance de Hamilton, por exemplo, estar de férias no Brasil, e os fãs da Fórmula 1 nem terem ouvido falar nesse assunto?
Vettel é um cara que parece se esconder do mundo. Pouco se sabe de sua vida fora do circo da Fórmula 1.
O alemão de 30 anos, nascido na cidadezinha de Heppenheim, vive com a namorada de colégio, Hannah, na Suíça. Com ela, tem duas filhas, Emilie e Matilda, de três e dois anos, respectivamente.
Até o Grande Prêmio de Mônaco deste ano, não havia uma única foto das filhas de Vettel na internet. Naquela corrida, ele as levou, mas tomou cuidado para que não fossem fotografadas – há apenas uma imagem das duas, com a mãe.
Vettel não tem conta em redes sociais. Existe um perfil, @vettelofficial, que muitos fãs acreditam ser do alemão, já que a conta tem mais de 500 mil seguidores. Não é de Vettel. Trata-se apenas de uma comunidade dedicada ao piloto da Ferrari.
De uns tempos para cá, Vettel virou um cara “reclamão”. Seus áudios no rádio do time, reclamando dos companheiros, sempre causam repercussão negativa. Entre os pilotos e, principalmente, entre os fãs da Fórmula 1.
Não é à toa que, com todo esse contexto, o alemão seja considerado por alguns um cara chato. Ou, para Bernie Ecclestone, uma pessoa que não é um bom embaixador para divulgar a categoria.
Ecclestone, no entanto, é um dos que sempre gostaram muito de Vettel, o ser humano. Isso porque, no “circo” da Fórmula 1, o alemão é tudo, menos reservado. O piloto da Ferrari é aquele cara boa praça, que faz piadas (inclusive nas entrevistas) e interage com todos. Adora puxar conversa, mesmo com quem não conhece.
Quando as sessões de treinos ou as corridas terminam, é muito comum ver Vettel batendo papo com fãs que, dentro do paddock, o procuram para tirar fotos.
Ele não apenas atende o pedido, como conversa com o fã. Aqui no Brasil, faz aos brasileiros perguntas sobre os pontos turísticos do País que tem vontade de visitar, e pede dicas sobre São Paulo.
Na quarta-feira antes do GP do Brasil, foi ao show do Coldplay, no Allianz Parque. Sem alarde, sem estrelismo, sem segurança e sem camarote. Ficou em uma das cadeiras inferiores, junto com todo mundo.
Se não está com pressa, o alemão está sempre ali “dando sopa” no paddock, fora dos boxes, conversando (longamente, às vezes) com todos que se aproximam dele. De vez em quando, é ele mesmo quem se aproxima, e puxa papo com um desconhecido – antes da Ferrari, ele costumava fazer isso mais frequentemente.
Essa cena é comum de se ver também no desfile dos pilotos. Enquanto a maioria está de braços cruzados e caras fechadas, Vettel está sempre puxando assunto. No fim, depois de tentar falar com um ou com outro, acaba sempre do lado de Kimi Raikkonen, seu melhor amigo na Fórmula 1 – eles já foram vizinhos na Suíça; não sei se ainda são. É um dos poucos que conseguem despertar sorrisos de verdade no sempre fechado semblante do finlandês.
Assim são esses dois grandes campeões. Um, o simpático do paddock. Outro, o carismático do mundo. E que venha a temporada de 2018, com mais uma bela disputa entre Hamilton e Vettel. E, quem sabe, com um terceiro elemento, Alonso, outro grande talento dessa geração espetacular.
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