Blog do HP

A Ford e a escolha de Sofia

A Ford teve de tomar uma decisão difícil: como renovar o Ka e o Fiesta com orçamento reduzido e o mercado em crise? Resolveu investir no Ka e deixar o Fiesta em marcha lenta

Hairton Ponciano

01 de dez, 2017 · 6 minutos de leitura.

Ford Ka" >

Crédito: O compacto Ka é o modelo mais vendido da Ford, e o terceiro mais emplacado do Brasil. Por isso, vai receber todas as atenções da montadora em 2018. Foto: José Patrício/Estadão

O dilema da Ford era o seguinte: não havia dinheiro em caixa suficiente para fazer todas as mudanças na linha de automóveis que ela e os clientes certamente queriam. Afinal, o mercado ainda está em crise, e as vendas continuam baixas. Mas também não poderia ficar parada, porque a concorrência está no calcanhar. O que fazer?

Trazer a nova geração do Fiesta, que já roda na Europa? Seria ótimo, mas sobraria dinheiro para mexer no Ka? O modelo compacto é a galinha dos ovos de ouro da marca, e a Ford não poderia deixá-lo sem novidades.

Diante da encruzilhada, a Ford aparentemente teve de fazer a escolha de Sofia, decidir entre duas opções difíceis. A conclusão, já sabemos. A montadora acabou economizando no Fiesta para poder gastar mais no Ka.

Publicidade


Foi uma decisão fria, baseada em números: a empresa decidiu investir no carro que tem muito mais potencial de vendas. Afinal, enquanto o Ka está na terceira posição do ranking (87 mil unidades vendidas até novembro), o Fiesta acumula 17.380 veículos emplacados no mesmo período.

Por isso, como já antecipamos, as atenções em 2018 irão para o Ka (a notícia está aqui). Lá para março ou abril o modelo deve ser lançado com o conjunto motor-câmbio que estreou no EcoSport este ano. Trata-se de um moderno 1.5 de três cilindros e 137 cv (no SUV), que trabalha em sintonia com um câmbio automático convencional de seis marchas.

Já imaginou um compacto como o Ka com um motor de 137 cv? Abre várias possibilidades para o modelo, incluindo versão com desempenho realmente esportivo.


Além de suprir uma deficiência do Ka (a ausência de transmissão automática), com essa jogada a montadora pode evitar que a Hyundai a ultrapasse. Afinal, no acumulado até novembro, a Ford tem 9,53% de participação no segmento de carros de passeio e comerciais leves. E a Hyundai está colada, com 9,30%.

E por que a montadora não utilizou o mesmo conjunto no Fiesta 2018, que acaba de ser lançado? Porque não há dinheiro para fazer tudo o que é necessário.

E como fica o Fiesta? Continua um carro de dirigibilidade exemplar e estilo agradável, apesar de ser praticamente o mesmo carro lançado no Brasil em 2013.


Manteve o câmbio de dupla embreagem. A Ford garante que fez tudo o que era preciso fazer no sistema: reforçou o material de atrito da embreagem, trocou retentores, reprogramou o módulo eletrônico e desapareceu com o nome Powershift. Com isso, diz que a trepidação do sistema, motivada pelo aumento de temperatura, não ocorre mais.

Andei com o carro e comprovei que ele continua agradável. Bom de curvas, silencioso e com boas respostas ao acelerador.

Mesmo assim, precisamos ver como o comprador vai reagir. A onda de problemas criou um estigma para o carro. Tanto que no EcoSport a caixa foi trocada.


O Fiesta está vivendo o que o Polo viveu há cerca de uma década. Na época, a Volkswagen passou a investir no Gol, e foi deixando o Polo de lado. A ideia era a de que aos poucos o Fox herdasse o lugar do até então “compacto premium”.

Enquanto na Europa o Polo estava na quinta geração, no Brasil a montadora alemã desligou os aparelhos do Polo em 2015. Agora, o modelo volta com tudo, na sexta geração.

Quem trocou o Polo pelo Fiesta há coisa de quatro, cinco anos, fez muito bem. Agora, é hora de destrocar. É o ciclo da vida.


Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.