Primeira Classe

Chevrolet Onix: como explicar o sucesso?

Chevrolet Onix perde quase todos os comparativos e tira zero em testes de segurança. Ainda assim, domina o mercado

Rafaela Borges

12 de dez, 2017 · 7 minutos de leitura.

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Chevrolet Onix
Crédito: Preços mais baixos e pioneirismo multimídia ajudam a explicar sucesso (Foto: Rafael Arbex/Estadão)

O Chevrolet Onix perde quase todo comparativo dos quais participa aqui no Jornal do Carro. E em outros veículos de comunicação também. Sucesso de crítica não é.

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Com a nova metodologia de testes de segurança adotadas pelo instituto LatinNCap, que avalia impactos laterais, o modelo tirou nota zero. Não foi só ele: o Ka, por exemplo, também. O Kwid, baratinho, não. Mas a conclusão é que exemplo de segurança o Chevrolet Onix não é.

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Os motores do Onix precisam urgentemente de atualizações. Quase todas as marcas que atuam nesse segmento já lançaram seus eficientes três-cilindros. A Chevrolet está atrasada. O Onix, portanto, nem anda muito, nem se destaca pelo consumo baixo.

Ainda assim, o carro da Chevrolet domina o mercado. Nos últimos três meses, vendeu mais que segundo e terceiro colocados juntos. Tem muito mais vantagem sobre os rivais que o todo poderoso Gol, em qualquer fase. O Volkswagen nunca desfrutou de tamanha folga na liderança.

Em números, o Onix teve 18.611 emplacamentos em fevereiro. O Ka registrou 9.067 unidades vendidas e o HB20, 8.527.


De janeiro a novembro, foram emplacados 171.148 Onix, 96.769 HB20 e 87.012 Ka.

AS RAZÕES DO SUCESSO

Por que um carro que não se mostrou muito seguro em testes, e que não faz sucesso de crítica, vende tão bem? Para mim são duas as razões principais: central multimídia e preço competitivo.


A primeira tem mais importância que a segunda. Mas todos os carros de entrada não têm central multimídia atualmente? Têm sim. Porém, em primeiro lugar, nem todos têm desde as versões de entrada.

A central multimídia está disponível desde a opção LT, a versão mais vendida do Chevrolet Onix (com 40% do mix da gama). Na Joy, que representa 30% dos Onix emplacados (e tem visual da versão anterior do carro, a exemplo do que ocorria com o Palio Fire), o sistema é acessório de concessionária.

No Kwid, que não é rival, mas é mais barato, há multimídia somente a partir da versão intermediária.  Já o Ka não oferece o recurso.


Argo e Onix são dois modelos que têm possibilidade de receber multimídia desde a versão de entrada. Porém, ainda são novos no mercado, além de mais caros, dependendo da configuração (veja abaixo).

Além de ter a central MyLink, intuitiva, rápida e fácil de usar, em toda a gama, o Onix foi o primeiro a oferecer essa possibilidade. Isso já no início da década, quando foi lançado.

Nenhum modelo do segmento tinha multimídia à época. Só o Chevrolet. O Onix ganhou fama. Havia cliente que chegava à concessionária perguntando não pelo carro, e sim pela central MyLink.


Fama não se desfaz da noite para o dia. O Chevrolet ficou identificado no mercado como o “popular” com central multimídia.

 

OS CARROS MAIS VENDIDOS EM NOVEMBRO


 

PREÇO

Não sei se a Chevrolet já ganhou essa fama de mercado, mas certamente esse fato não é de hoje: os carros da marca têm ótima relação preço-equipamentos. Quando não são os mais baratos, são, ao menos, os que oferecem melhor pacote de itens.


No caso do Onix, faltam sistemas de segurança, como diversos air bags e controles de estabilidade e tração. Porém, o brasileiro já deixou claro que só quer esses itens no discurso. Na hora de comprar, acaba optando pelo pacote “ar, direção, vidro, trava, multimídia e bom preço”.

Em números, o Onix mais vendido, LT, sai por R$ 46.690. Por R$ 1.400, o cliente leva a central multimídia (a tabela vai a R$ 48.090).

O HB20 começa mais em conta: R$ 43.300 e, com multimídia, vai a R$ 44.850. Ou seja: é mais vantajoso. Mas isso só na versão com motor 1.0.


A falha do HB20 é oferecer multimídia, nas versões 1.6, apenas para os carros que têm câmbio automático. É algo que não dá para entender.

O Argo tem preço inicial quase igual ao do Onix. Começa em R$ 46.800. O problema? Se você quiser a central multimídia, paga mais R$ 3.990. São quase R$ 4 mil. Aumenta a conta demais.

No caso do Polo, o carro é mais caro. Já parte de quase R$ 50 mil. Sem a central.


E com a fórmula “multimídia + pacotes com preços competitivos”, o Onix vai deixando a concorrência descabelada. E, o mais importante, garantindo o domínio da Chevrolet no mercado brasileiro.

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.