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Um brinde: já podemos voltar para o etanol

Pesquisa da ANP mostra que na média já compensa abastecer o carro com etanol em São Paulo

Hairton Ponciano

29 de abr, 2018 · 5 minutos de leitura.

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Média de preço da gasolina é de R$ 4,599 no Brasil
Crédito: Nilton Fukuda/Estadão

Quem dirige em São Paulo deve ter percebido que o preço do etanol nos postos vem baixando nos últimos dias. Isso está acontecendo porque estamos em plena safra da cana-de-açúcar. A colheita começou no início do mês passado. E, com o aumento da produção, o preço cai.

Assim, o momento é propício para abastecer com o combustível derivado da cana. É uma situação inversa da verificada no fim do ano passado, quando o etanol começou a subir, por causa da menor oferta do produto. Assim, se até há poucos dias era vantajoso abastecer com gasolina (sob o ponto de vista financeiro), agora a balança pende para o combustível renovável.

Pesquisa feita entre os dias 22 e 28 de abril pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o litro do etanol custa na média 67,1% do preço da gasolina. Grosso modo, quando essa relação fica abaixo de 70% compensa comprar etanol. No Estado, o preço médio da gasolina é de R$ 4,035, contra R$ 2,708 do etanol.

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Além de São Paulo, é vantajoso abastecer com etanol em Minas Gerais (onde o combustível renovável custa 68,6% do preço da gasolina), Mato Grosso (69,6%) e Goiás (65,2%).

Como os preços continuam a cair, é provável que o combustível renovável se torne vantajoso também em outros estados. Isso porque a tendência é que o etanol baixe de preço mais do que a gasolina.

O combustível fóssil indiretamente também tende a cair, porque contém etanol em sua composição. Em termos porcentuais, no entanto, essa queda deve ser menor.


Se atualmente vale a pena colocar etanol em quatro estados da federação, na maioria dos estados o combustível renovável ainda tem preço inviável. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a diferença do preço da gasolina (R$ 4,355) para o etanol (R$ 4,084) é de apenas R$ 0,27. Considerando-se que o motor consome cerca de 30% a mais com etanol, não compensa o uso do combustível renovável, já que ele proporciona menor autonomia.

Menos poluente

A favor do etanol está a menor emissão de poluentes e o melhor desempenho do veículo, mas com preço muito alto (e muito próximo ao da gasolina), é difícil convencer o motorista a comprar etanol numa situação dessas.

Uma dica: como os preços devem continuar caindo um pouco mais, vale a pena não encher o tanque, porque o “estoque” de combustível no reservatório não é vantagem no momento: a próxima compra tende a ser ainda mais barata.


Outra dica: como estamos no outono e as temperaturas estão caindo aos poucos, não se esqueça de abastecer com gasolina o tanquinho auxiliar (nos veículos que dispõem desse sistema), para evitar dificuldade de partida pela manhã, com o carro frio.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”