Primeira Classe

Novo Yaris chega para ‘derrubar’ Etios

Projeções da Toyota deixam claro que o sonho dos 10% de mercado não será realizado com o novo Yaris

Rafaela Borges

10 de jun, 2018 · 7 minutos de leitura.

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Novo Yaris
Crédito: Linha deve acrescentar apenas 2.380 unidades mensais às vendas da montadora (Foto: Toyota)

Chamou muito a minha atenção os números divulgados pela Toyota durante o lançamento do novo Yaris. O carro já pode ser encomendado nas concessionárias. A produção do hatch começa na sexta-feira (15) e a do sedã, no dia 2 de julho.

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Os números de expectativas de vendas da montadora deixam claro que os sonhados 10% do mercado, dos quais a Toyota fala desde 2005, não vão vir com o novo Yaris. Nem a quarta posição do ranking de montadoras.

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Não este ano. Já em 2019, esse antigo sonho pode sim se tornar realidade (leia mais abaixo).

 

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Expectativa para o novo Yaris

De acordo com a Toyota, a expectativa é que a linha Yaris tenha vendas mensais de 5.800 unidades. Com isso, no fim do ano, a marca espera atingir 200 mil unidades vendidas, ante as 76 mil que comercializou até agora.

Na prática, isso significa que o novo Yaris vai somar, conforme expectativa da própria Toyota, apenas 2.380 emplacamentos mensais ao montante da marca.


Como os 5.800 se transformaram em 2.380? A explicação mais plausível: o novo Yaris vai derrubar as vendas do Etios.

A conta do novo Yaris

De janeiro a maio, a Toyota vendeu 76.396 veículos no Brasil. Ela ocupa a sexta posição no ranking de vendas. Está atrás de, respectivamente, Chevrolet, Volkswagen, Fiat, Ford e Hyundai.

Os emplacamentos totais significam média mensal de 15.280 carros até agora. Se a marca espera vender 200 mil modelos até o fim do ano, a média deve subir para 17.660 nos próximos sete meses. Ou seja: 2.380 veículos a mais que agora.


E o Etios é o carro que será prejudicado. Dificilmente, sobrará para o Corolla, veículos posicionado imediatamente acima da linha Yaris.

Em primeiro lugar, o hatch do novo Yaris não vai afetar o Corolla. Se algum modelo incomodar o veterano, será o três-volumes.

Só que o sedã mais caro da linha Yaris custa R$ 80 mil. O Corolla mais em conta começa em cerca de R$ 90 mil. É uma imensa diferença.


E esta nem é a versão mais vendida do sedã médio. O carro-chefe é a XEi, por R$ 105.690.

A própria Toyota já tirou diversas versões do Etios de linha, sem alarde. Agora, o compacto veterano não tem nem mais opção com versão multimídia. A linha foi bastante simplificada (leia aqui).

Neste ano, a linha Etios (hatch e sedã) está com média mensal de emplacamentos de quase 6 mil unidades. Se for mesmo a única prejudicada, dentro da marca Toyota, pelo novo Yaris, deverá cair para 2.500 unidades mensais, aproximadamente. Isso, é claro, se a montadora não estiver escondendo o jogo em suas projeções.


Quem a Toyota vai passar?

Se os 200 mil emplacamentos divulgados pela marca como projeção forem mesmo para valer, a Toyota deverá ganhar apenas uma posição no ranking de montadoras neste ano. Ela poderá conseguir ultrapassar a Hyundai, para ficar com a quinta colocação.

Se mantiver a média mensal de vendas até o fim do ano, a Hyundai somará cerca de 195 mil carros vendidos no encerramento de 2018. E isso, de fato, é o que deverá ocorrer.

Na sua planta de alto volume, em Piracicaba, a Hyundai tem capacidade para produzir apenas 180 mil carros por ano. E sem perspectiva de aumentar. O volume extra é de importados.


Assim, a Toyota só não ultrapassará a Hyundai se não conseguir cumprir, com o novo Yaris, as suas projeções. A perspectiva, portanto, é de que a japonesa se torne a quinta força do País em 2018. Mas ainda não será desta vez que ela entrará no clube das “quatro grandes”.

A quarta colocada, Ford, terminará o ano de 2018 com cerca de 210 mil emplacamentos se conseguir manter a média mensal registrada até agora.

É um número possível para a Toyota atingir em 2019, sem dúvidas. Até porque terá um ano completo de vendas do novo Yaris. E quanto à Ford? Será que terá um novo produto para impulsionar suas vendas?


Já a participação de 10% será mais difícil de alcançar em 2019, mas não impossível. A Ford hoje tem 9,44%. Basta, para a Toyota, fazer um pouquinho mais.

 

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”