Primeira Classe

Novo Volkswagen Tiguan se deu mal

Após um início triunfal, ele caiu para a oitava posição de seu segmento

Rafaela Borges

07 de ago, 2018 · 9 minutos de leitura.

Novo Volkswagen Tiguan" >
Novo Tiguan
Crédito: Foto: Rafael Arbex/Estadão

O novo Volkswagen Tiguan teve uma estreia triunfal no mercado brasileiro. Em seu primeiro mês cheio de vendas, junho, ficou atrás (e não muito atrás) apenas do ix35.

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Na verdade, o novo Volkswagen Tiguan ficou atrás também do Compass em junho. Porém, o Jeep vende tanto que é como se estivesse em outro patamar. Ele é mais emplacado, inclusive, que todos os SUVs compactos (como o VW e o Hyundai, é médio, embora tenha dimensões inferiores às do Tiguan).

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Por isso, o concorrente com o qual o novo Volkswagen Tiguan pode pleitear concorrer em vendas é o ix35. O Compass, não. Essa missão ficará para o SUV médio de porte um pouco menor que a VW lançará no ano que vem.

Voltando ao desempenho do novo Volkswagen Tiguan em julho, a estreia triunfal pode ter sido apenas resultado da forte pré-venda. Notícias publicadas em abril, época em que começou o processo, informam que o primeiro lote da versão R-Line, topo de linha, acabou em apenas 12 horas.


Com isso, no primeiro mês completo, o novo Volkswagen Tiguan somou 501 emplacamentos. O segundo mês, julho, foi pior: 414 unidades vendidas.

A queda pode não parecer alta. Mas, analisando mais profundamente, é sim. Em primeiro lugar, no mesmo período, o mercado de carros geral cresceu 6,2% – ante a queda de 17,3% do novo Volkswagen Tiguan.

Além disso, o modelo da Volks, que é produzido no México, foi apenas o oitavo mais emplacado do segmento de SUVs médios. Uma queda e tanto se comparada à posição que o carro ocupou no mês anterior – terceira (veja abaixo o ranking  de vendas da categoria em julho).


Os números mostram que o novo Volkswagen Tiguan pode não estar com essa bola toda no mercado. Ele ficou atrás de modelos como Equinox, RAV4, Tucson e até o Audi Q3.

Por outro lado, a carreira do carro no mercado está apenas começando. Eu acredito que ele tenha potencial para vender até mais que as 501 unidades de junho, pois traz versões que atendem um público variado. E é um SUV incrível, com muitos atributos que os concorrentes não têm.

Isso, claro, só vai ocorrer se a Volkswagen tiver capacidade para importar um volume além desse.


Outro fator que “atrapalhou” o Tiguan foi o desempenho dos concorrentes. As vendas do ix35 cresceram muito. O Tucson também foi muito bem.

O Audi Q3, segundo fontes, teve fortes vendas no atacado no começo de julho. Além disso, a montadora fez promoções para impulsionar os emplacamentos do carro.

Por fim, parece que houve um erro no mix de versões escolhidos pela Volkswagen, algo que você entenderá melhor abaixo.


OS SUVS MÉDIOS MAIS VENDIDOS EM JULHO

 

Filas para o novo Volkswagen Tiguan

Está sobrando versão Comfortline no mercado. Em diversas concessionárias consultadas pelo blog, havia várias cores disponíveis, inclusive.


A versão Comfortline é a intermediária do Tiguan. Ela já vem com sete lugares e tem motor 1.4 turbo de 150 cv. O preço inicial é de cerca de R$ 150 mil.

Há alguns opcionais. Um dos exemplares encontrados no mercado está à venda por R$ 156.130. O valor extra é da pintura metálica e do teto solar.

Já a versão de entrada, Allspace, de cinco lugares e também com 150 cv, é mais difícil de encontrar. Há poucas unidades a pronta entrega, apenas em determinadas cores. Em alguns casos, com opcionais.


Quando há fila para a versão Allspace, que custa cerca de R$ 125 mil, ela pode chegar a 30 dias. A maioria das autorizadas, porém, tem uma ou duas unidades dessa configuração.

Não é o caso da R-Line. A topo de linha, também de sete lugares e única com motor 2.0 de 220 cv, pode levar até 90 dias para ser entregue. Algumas concessionárias dão prazo menor: 30 a 40 dias.

Encontrei, em minhas buscas, apenas um exemplar do novo Volkswagen Tiguan R-Line, que tem preço em torno de R$ 180 mil. A unidade está à venda por R$ 182 mil, por ter pintura perolizada.


Mudanças no mix

A impressão é que a Volkswagen terá de tentar uma mudança no mix de versões que traz ao Brasil. Não é algo assim tão simples. O Tiguan feito no México tem os Estados Unidos como foco.

Não dá para, de uma hora para outra, a Volkswagen demandar mais versões R-Line para o público brasileiro. A marca pode até conseguir alterações nesse mix, mas vai levar tempo.

Outra impressão é de que a versão Comfortline não caiu no gosto do povo. Meu palpite inicial era diferente. Imaginei que, por ser o primeiro catálogo a ter sete lugares, o intermediário faria mais sucesso.


Porém, o público parece estar preferindo, no caso das versões de 150 cv, a de entrada. Afinal, é esta que concorre diretamente com o Compass, o maior sucesso do segmento de SUVs (veja comparativo aqui).

E com muitas vantagens, pois é mais moderno e superior ao Jeep em espaço interno e porta-malas.

A R-Line é o grande sucesso da linha, sem dúvidas. O motor de 220 cv casa melhor que o de 150 cv com o porte e peso do novo Volkswagen Tiguan. Além disso, ela traz tecnologias que nenhum outro concorrente tem.


Por isso, acredito que com um mix que privilegie essas duas versões, R-Line e Allspace, o novo Volkswagen Tiguan tem chances de fazer ainda mais bonito que em junho. E superar, com sobras, o ix35. Mas que ele se deu mal em julho, é fato.

 

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”