Primeira Classe

Fórmula 1 voltará a ter motor barulhento

Uso de escapamento esportivo vai amplificar ronco do motor V6

Rafaela Borges

18 de dez, 2018 · 8 minutos de leitura.

Fórmula 1" >
Fórmula 1
Crédito: 'Sinfonia' que se ouvia na largada deve voltar (Foto: Ahmed Jadallah/Reuters)

Ir ao autódromo assistir a Fórmula 1 custa caro. Para o setor mais barato, os ingressos para os três dias de prova em São Paulo ficaram, neste ano, em torno de R$ 600. Além disso, chegar a Interlagos, onde ocorre a corrida, é complicado.

O autódromo é bastante afastado das regiões centrais da cidade e geralmente há trânsito. Para quem vai de carro, os estacionamentos ao redor são caríssimos.

Quando se chega à corrida, nos setores em que não há TV, é recomendável levar um rádio. Caso contrário, não dá para se ter ideia, depois de algumas voltas, do que está ocorrendo na pista.

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Ainda assim, as pessoas gostam de ir à Fórmula 1. Só que, no passado, elas gostavam mais. Por quê? Porque um dos motivos que a levavam aos autódromos era o ronco inebriante do motor V8 (e, antes deles, dos V10, dos V12, etc).

Não dava nem para conversar em qualquer lugar do autódromo na época dos V8. Era um som de arrepiar. Dava também para escutar as trocas de marcha. Era como uma explosão no fim da reta. Um deleite para os apaixonados pelo conceito tradicional de automóvel.


Aí vieram os V6 de 1,6 litro acompanhados por motores elétricos. Meu colega Livio Oricchio me contou, no último Grande Prêmio do Brasil, sobre a estreia desses motores.

Era 2014, ano da estreia dos motores híbridos e turbinados na categoria.

Na primeira sessão de treinos pré-temporada, na Espanha, quem estava no autódromo percebeu que, ali, a Fórmula 1 havia perdido um pouco de seu encanto. Era tradição na época dos V8: quando os carros eram ligados, escutava-se o ronco do motor na sala de imprensa.


Porém, daquela vez, na hora marcada para o início da sessão, ninguém escutou nada. Nem nos minutos seguintes. O pessoal da sala de imprensa chegou a pensar que os carros não haviam sido ligados. Porém, eles haviam… e já estavam na pista.

Eu mesma passei por experiência semelhante. Estava dentro do box da Red Bull quando o carro de Sebastian Vettel chegou, de motor ligado, para ser estacionado. Continuei conversando normalmente com a pessoa que estava ao meu lado. Na época dos V8, isso seria impossível.

 


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A volta do barulho

Dona da Fórmula 1 há duas temporadas, a empresa norte-americana Liberty quer que o ronco dos motores volte à categoria. E ele vai voltar.


De maneira artificial, como algumas montadoras fazem com seus carros (usando membranas vibratórias ou caixas de som)? Não! De maneira amplificada, por meio do uso de escapamento esportivo.

Esse recurso não cria um barulho falso para o motor. Ele apenas o projeta para o ambiente de maneira mais alta.

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O escapamento esportivo já é bastante usado nos carros de rua, principalmente após a proliferação do “downsizing” nos motores. Esse processo consiste no uso de turbo e injeção direta de combustível para deixar motores menores com potência e desempenho de maiores. Isso é feito para reduzir a queima de combustível e, consequentemente, as emissões de poluentes.


Dois exemplos que foram mostrados recentemente em vídeos do Jornal do Carro são o Porsche 718 Boxster GTS e o Jaguar F-Type de entrada (veja abaixo).

Ambos trazem motores quatro-cilindros turbo, cujo ronco é bem menos acentuado que o de um V6. Porém, eles têm ruído instigante graças ao uso do escapamento esportivo.

Turbo é o ‘problema’ na Fórmula 1

Os motores elétricos não fazem barulho. Porém, eles não têm nada a ver com o ronco sem graça dos carros de Fórmula 1.


Isso porque, na categoria, eles não funcionam sozinhos. Têm a função de dar mais potência ao motor V6. Estima-se que a potência combinada de um carro de Fórmula 1 seja de 1.000 cv, aproximadamente.

O funcionamento dos motores elétricos na categoria é semelhante ao que se observa em alguns superesportivos de rua, como LaFerrari, Porsche 918 Boxster e McLaren P1.

Então, por que a Fórmula 1 perdeu aquele ronco instigante? Em primeiro lugar, é claro que um V6 não ronca como um V8. Ele tem menos partes em movimento.


Porém, o principal “problema” é o turbo. A turbina abafa o som do propulsor. Com o escapamento esportivo, a Fórmula 1 pretende corrigir esse problema sem abrir mão do downsizing.

Essa novidade está prevista para 2021, quando haverá uma série de mudanças na categoria. Porém, como os motores não vão mudar quase nada, o escapamento esportivo pode ser antecipado já para 2020.

 


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Gostei muito das fotos e compartilhei. O @gtspirit conseguiu tirar o protótipo e-tron GT, by Audi, do Salão de Los Angeles para produzir um vídeo ????. E o tanto que este carro é lindo? Vocês acham que ele combinou com o centro financeiro da cidade dos anjos???? #losangeles #la #eua #usa #car #carro #instacar #instadaily #lifestyle #testdrive #drive #luxo #job #fun #laautoshow #audi #etron

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”