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Leilão de carros: Entenda os riscos e quando vale a pena fechar negócio
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Leilão de carros: Entenda os riscos e quando vale a pena fechar negócio

Com valores até 50% abaixo da tabela Fipe, veículos de leilão têm alta procura, mas exigem cuidados para evitar golpes e prejuízo; veja dicas

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

20 de out, 2021 · 15 minutos de leitura.

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Leilões podem reunir excelentes produtos, mas tem que garimpar
Crédito:Nilton Fukuda/Estadão

Valor mínimo estipulado, a pergunta “Quem dá mais?” e, após alguns lances, o martelo é batido na mesa para anunciar o fim da ação. Foi-se o tempo em que leilão se resumia a isso. Hoje, a modernidade das plataformas online têm ganhado cada vez mais destaque no mundo dos pregões – inclusive, automotivo. Nesse sentido, não só é possível realizar a negociação pelo computador, mas também enviar documentação via internet e até receber o carro em casa. Mas cautela nunca é demais.

É fato que os carros de leilão têm valores atraentes e, dessa maneira, são ótima saída para quem não quer gastar muito na compra do carro novo. Entretanto, às vezes, pode não ser tão novo assim. Cabe salientar que carros vendidos em pregões não oferecem a comodidade do test-drive, por exemplo. É pegar e levar, sem garantias em termos de estética, funcionamento e até mesmo regularização. Mas, para evitar dores de cabeça, o CEO da Rede Bom Valor, Ronaldo Santoro, acredita no uso da tecnologia a fim de garantir mais confiança, segurança e transparência nas transações online.

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Detran-SP/Divulgação

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De acordo com o executivo, a base de todos os produtos e serviços da Bom Valor é o Blockchain. Basicamente, uma espécie de livro digital onde todos os registros e transações ficam gravados desde a sua origem. Ou seja, trata-se de um controle dos dados que funciona como um registro público em cartorário. “Trata-se de uma tecnologia nunca corrompida, os dados são confiáveis, seguros, transparentes e imutáveis, e as informações de qualquer natureza não se perdem”, assegura Santoro.

Plataforma digital

Além disso, Santoro conta que a rede Bom Valor engloba a plataforma Os Leiloeiros. Consiste, nesse sentido, numa rede social que visa “trazer mais força, presença e relevância para todos os leiloeiros oficiais e casas leiloeiras do País, além de mais confiança para todos os compradores de leilão”, diz.

Tendo em vista que as vendas presenciais em leilões estão cada vez mais escassas (muito por causa da pandemia), Santoro reconhece que não fossem os pregões online, “o negócio teria quebrado”, conta ele. “No começo da pandemia, entre março e julho de 2020, as vendas caíram cerca de 50% no segmento”.




Em contrapartida, a situação se reverteu totalmente no mês seguinte. De acordo com Santoro, sua plataforma online pulou de 500 mil visitas mensais para 1,2 milhão de visitantes, respectivamente, nos meses de junho e julho do ano passado. Hoje, tem empresa comemorando mais de 70% de aumento em vendas.

Mudança de comportamento

Levando em consideração que os leilões online existem desde 1997, ainda se faz necessário virar a chave na cabeça do consumidor. “Não é possível precisar quando, mas a cultura do consumidor vai mudar. É questão de tempo. O primeiro passo para isso consiste em falar com o público que já conhece os leilões e vem sofrendo com mau atendimento. O segundo é atrair quem não conhece esse tipo de negócio”, finaliza Santoro.

Se por um lado essa falta de conhecimento livra o possível comprador de fraudes, por outro, evita o fechamento de bons negócios. Muita gente ainda pensa que carro de leilão é carro batido, roubado, ou mesmo que só tem carcaça.


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Pixabay

Mas, pelo contrário, tem muito carro novinho em folha que, afinal, está ali apenas por por falta de pagamento do antigo dono aos bancos e financeiras. Tem também clientes que trocam frotas, como seguradoras, por exemplo, e até quem prefira vender o veículo em leilões ao invés de anunciar em sites de compras.

Como participar?

Em primeiro lugar, cabe salientar que qualquer pessoa pode participar deste tipo de compra. Basta se cadastrar (em sites) ou apresentar os documentos (leilão presencial).


É importante realizar a vistoria no veículo em questão – nos pátios das empresas leiloeiras. Sem a possibilidade de dar partida no motor, o jeito é se contentar em averiguar a estética, o acabamento e – em alguns casos – a aparência do motor.

A documentação, entretanto, é um ponto de atenção, afinal, quem arca com multas ou impostos atrasados é o comprador. Por isso, fique atento ao descritivo da venda no edital do leilão (confira mais dicas abaixo).

No mais, tem que ter pesquisa. Checar o veículo desejado no site do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) evita dores de cabeça. Outro passo importantíssimo é pesquisar o leiloeiro, que deve ser cadastrado em uma junta comercial.


Eventos em vista

Tanto a Sato Leilões quanto a Hisa Leilões estão com lotes abertos. O Consórcio Maggi, que acontece na segunda-feira (25), tem entre as atrações um Land Rover Discorey 4 SE com cerca de 30% de desconto no lance inicial quando comparado a tabela Fipe.

O leilão de veículos do Banco Santander também reúne boas ofertas, como Volkswagen Jetta 2015, Volkswagen Gol 2019 e até Fiat Toro 2017. Vale lembrar que as ofertas são, basicamente, veículos recuperados de financiamentos – pessoas que não honraram com o pagamento da dívida e tiveram os bens confiscados. Na Hisa Leilões, por exemplo, destaque para dois Citroën Aircross em excelente estado de conservação. Um modelo 2019/2020 e outro 2013/2014.

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Hisa Leilões/Divulgação

E tem até leilão em prol do meio ambiente. É isso aí! Tem empresa que faz pregão apenas com sucatas. Nesse sentido, os veículos ficam destinados à reciclagem, de forma a ajudar o meio ambiente e a circulação da economia. Isso, por sua vez, acaba também por ajudar as empresas de sucata. Saiba mais aqui.

Lição de casa

Em agosto, o dedetizador, Odílio Cerqueira, recorreu a um carro de leilão pela primeira vez na vida. Pelo Kia Soul 2010, pagou R$ 20 mil – R$ 14.000 abaixo da tabela Fipe. “Sempre tive a curiosidade (de comprar carro de leilão) e, impulsionado pelas facilidades conquistadas por um amigo que fez compra recente, comecei a analisar as opções”, conta.

De acordo com Cerqueira, as principais vantagens foram o valor baixo e a facilidade e a confiabilidade de compra. Por outro lado, “há desvantagens, como a burocracia por parte do Detran (Departamento de Trânsito) e os reparos necessários no produto”, pondera. No total, entre serviços de funilaria e documentação, o gasto foi de R$ 5.000. Nesse sentido, o carro que vale R$ 34 mil pela Fipe, saiu por R$ 25 mil.


O pagamento, de praxe, é sempre à vista via transferência bancária. Após fechar negócio, inclusive, é o novo proprietário quem arca com os valores da transferência da documentação, guincho e afins.



Cuidados

Se por um lado o aumento da participação da tecnologia na vida das pessoas facilitou diversas ações, por outro, criou modalidades de crimes e golpes. A internet está repleta de falsos leilões cuja missão é tirar dinheiro de quem efetua pagamentos e, dessa maneira, não recebe a respectiva mercadoria.

Quando se pensa em comprar carro de leilão, é importante frisar que – salvo os veículos sinistrados – qualquer carro comprado em leilão pode ter seguro. Algumas seguradoras acabam cobrindo o bem numa porcentagem abaixo da tabela Fipe. Portanto, pesquise.


E por falar em pesquisa, antes de arrematar é preciso checar todos os custos que envolvem a compra do veículo de leilão. Não basta pagar apenas os possíveis débitos atrasados do produto, pois é necessário também arcar com a comissão do leiloeiro, taxa administrativa, transporte do veículo (precisa de um guincho, não pode sair dirigindo) e despesas com transferência de propriedade – laudo e documento do veículo. O arrematante precisa pagar pelo emplacamento do bem arrematado.

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Prefeitura de Curitiba/Divulgação

Outro ponto importante é esclarecer que carro de leilão não tem qualquer garantia ou mesmo direito a troca/devolução. Portanto, qualquer reparo ou revisão necessários sai do bolso do comprador.


E para quem tem dúvida se pode passar o carro de leilão para frente a reposta é sim. Após transferência de propriedade do nome da financeira para o arrematante, a venda pode ser efetuada de imediato. E não fica regitrado no documento que o carro foi de leilão, afinal, de acordo com as empresas do ramo “trata-se de uma venda como outra qualquer”.

Para não cair em golpes, confira cinco dicas valiosas:

Avaliar o bem de interesse
Leia as informações sobre o veículo e não abra mão de verificar fotos e vídeos do carro em questão. Tire as dúvidas e peça para ver o veículo pessoalmente, afinal, a visitação é obrigatória, conforme consta nas Condições de Venda de cada leilão. Isso serve, ainda, para constatar que a casa leiloeira existe no endereço indicado.

Pesquisar a empresa leiloeira
Na plataforma Os Leiloeiros o comprador encontra uma relação atualizada das casas leiloeiras e leiloeiros oficiais inscritos nas juntas comerciais de todo o Brasil.


Ler o edital do leilão
Cada leilão tem um edital próprio em que constam o leiloeiro responsável e seu número de registro em junta comercial, além de trazer as regras do leilão e detalhamento de pagamentos e taxas do produto de interesse. Compare os dados do edital com o leilão que está sendo divulgado. Se estiver divergente, desconfie.

Valores
Calcule os custos e os benefícios dos carros de leilão e desconfie de preços e ofertas muito baixos. Em geral, os modelos costumam custar entre 15 e 50% abaixo da tabela Fipe. Mas não é só isso. Deve-se somar todas as despesas e taxas incluídas, inclusive, sonde se o veículo tem combustível, bateria com carga ou mesmo documentação que impeçam a circulação antes da retirada. Se não retirar, a diária do pátio também sai do seu bolso.

Pagamento
Como não há possibilidade de financiamento em leilões, programe-se e jamais efetue pagamentos em contas de terceiros. No recibo provisório ficam os dados do arrematante, do bem vendido, valores, dados bancários e prazo e instruções para o pagamento. Caso haja a solicitação para que o pagamento seja feito em conta de terceiros, desconfie. E somente dê lances se for comprar, pois a desistência rende multa.


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Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.