Um ano após apresentar o 208 elétrico no Brasil, a Peugeot finalmente anuncia a chegada do hatch às lojas do País. Com o nome e-208 GT, a versão alimentada por baterias de íon de lítio já está disponível ao preço sugerido de R$ 244.990. Ou seja, o modelo da marca francesa estreia posicionado um pouquinho acima do Fiat 500e, primeiro elétrico da italiana, e do Mini Cooper S E, ambos com valor de R$ 239.990.
Embora esteja disponível para todo o Brasil, o Peugeot 208 elétrico vai começar sua jornada no eixo Rio-São Paulo. É que a região abriga atualmente a maior concentração de carregadores para carros elétricos no País. A ideia é expandir mês a mês a rede habilitada a trabalhar com veículos elétricos (e-Centers). E chegar em outras grandes capitais, como Belo Horizonte e Curitiba, até o início de 2022.
Seja como for, o Peugeot e-208 GT traz de série com um carregador portátil que pode ser plugado em tomadas comuns de 110 Volts e 220 Volts. O equipamento é fornecido pela Weg, que também venderá estações domésticas de recarga (Wallbox) nas concessionárias da marca francesa. Serão duas opções de potência: 7,4 kW, a mais comum, que carrega 80% das baterias em 6h, e de 22 kW, indicada para redes trifásicas (de 220V a 380V), como em prédios comerciais. Esta repõe 80% da energia após 4 horas.
Abastecer custa R$ 35 em São Paulo
O 208 elétrico oferece um plugue padrão europeu “tipo 2”, que é o mais encontrado nos pontos de recarga no Brasil. Assim, o hatch também pode abastecer em estações de recarga ultrarrápida de 100 kW. Nesse caso, bastam 30 minutos plugado para recuperar 80% da autonomia – bem melhor que as 16 horas estimadas em tomadas de 110V. Aos primeiros 20 clientes, a marca dará de presente a estação doméstica (Wallbox).
Segundo a Peugeot, o valor médio para encher as baterias é de R$ 35 na cidade de São Paulo. Entretanto, esse valor depende da região e da tarifa cobrada na eletricidade. A francesa também vai se beneficiar das Ecovagas, criadas pela rede Estapar com a Enel (companhia de energia). Tanto o Fiat 500e quanto o Peugeot e-208 GT poderão recarregar nesses pontos. A parceria com a Stellantis prevê 200 vagas com carregadores em 23 cidades de 10 estados, nos estacionamentos da Estapar.
Reposicionamento de marca
Embora sejam (desde janeiro) parte do grupo Stellantis, Fiat e Peugeot têm um abismo entre elas no Brasil. Enquanto a italiana vive seu melhor momento em uma década, na liderança isolada do mercado, a francesa segue em reconstrução, ainda nas últimas posições do ranking. Nesse sentido, o Peugeot 208 elétrico não vai mudar essa história. Afinal, o hatch terá um pequeno número (não divulgado) de emplacamentos.
Entretanto, o e-208 GT é peça-chave da nova estratégia da marca do leão. Tal como revelamos na ocasião da fusão da FCA com a PSA, a Peugeot será alçada dentro da Stellantis como marca premium, ao lado da Jeep. Assim, deixará a Citroën com foco nos veículos mais acessíveis (como o novo C3), fazendo par com a Fiat. E, dentro desse escopo, a Peugeot, então, vai liderar a eletrificação do grupo com a marca de SUVs.
Elétrico e tecnológico
Mas, de volta ao e-208 GT, o Jornal do Carro testou o hatch elétrico da Peugeot há exatamente um ano. E, se a nova geração do 208 desapontou por manter o veterano motor 1.6 flex em linha, a versão importada de Trnava, na Eslováquia, dá um show no desempenho. Alimentado por uma bateria de 50 kWh, o seu motor gera até 136 cv de potência, além de um torque instantâneo de 26,5 mkgf. Assim, o modelo é capaz de arrancar de zero a 100 km/h em 8,3 segundos, segundo dados oficiais.
Embora pese 352 kg a mais que o 208 1.6 Griffe, a versão elétrica dispõe de várias tecnologias que deixam a dirigibilidade mais eficiente. São três modos de condução (Eco, Drive e Sport), além do B-Mode, que é o modo de frenagem regenerativa, que permite a condução “por um pedal”. Além de poupar as pastilhas de freio, o B-Mode amplia a autonomia. Dessa forma, segundo a Peugeot, o hatch pode rodar a até 400 km com a carga completa. Mas essa distância que pode baixar para 250 km no modo Sport. Tudo depende a forma como o motorista conduz o hatch.
Para efeito de comparação, no Fiat 500e, a bateria tem 42 kWh. Isso é suficiente para rodar até 322 km, conforme testes no padrão WLTP. Para recargar, são 4 horas e 15 minutos em uma tomada convencional. Já o Mini Cooper elétrico traz uma bateria de 32,64 kWh, que lhe dá autonomia para percorrer 234 km – ou seja, muito menos que o Peugeot. Entretanto, o Mini é mais potente, com motor de 184 cv e 27,5 mkgf – energia equivalente à dos motores 1.3 turbo flexíveis de Renault e Stellantis.
Chevrolet Bolt no caminho
Embora não tenha citado números, a Peugeot quer brigar pela liderança dos carros elétricos no Brasil. Assim, terá a missão de superar sobretudo o Chevrolet Bolt, modelo mais vendido do País em 2020 e que, neste ano, está em terceiro, atrás do furgão elétrico BYD ET3, e do Porsche Taycan, primeiro supercarro 100% elétrico da marca alemã. (veja o ranking)
Porém, no caso da disputa com o Bolt, o e-208 GT tem o preço como aliado, já que o modelo da gravata dourada custa R$ 317 mil. Porém, o Chevrolet é bem mais potente, e tem pacote de baterias igualmente mais robusto. No caso, a capacidade das baterias é de 65 kWh, o que lhe dá autonomia para rodar até 416 km. Além disso, o motor elétrico gera de 203 cv e 36,7 mkgf de torque, proporcionando um zero a 96 km/h em 7,3 segundos.
Analisando friamente os números, o Peugeot e-208 GT vai disputar vendas, portanto, diretamente com as versões elétricas de Fiat 500 e Mini Cooper, bem como com o Renault Zoe, que chegou renovado no início deste ano. Como de praxe, o modelo da marca do leão chega com a cobertura de 8 anos ou 160 mil km para o conjunto de baterias, além dos 3 anos tradicionais de garantia de fábrica para o veículo. Além disso, terá assistência com direito a guincho caso fique sem bateria na rua.