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Renault Sandero RS desafia Fiat Punto T-Jet
Comparativo

Renault Sandero RS desafia Fiat Punto T-Jet

Versão do modelo paranaense estreia entre hatches com boa dose de pimenta e desafia compacto mineiro

14 de out, 2015 · 10 minutos de leitura.

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 Renault Sandero RS desafia Fiat Punto T-Jet

Eles não nasceram como rivais. O Renault Sandero (originalmente Dacia, marca romena de baixo custo do grupo) veio ao mundo para atender quem busca espaço. Leva três pessoas tamanho “G” no banco de trás, além das malas de todos no amplo porta-malas. De tão sensato, não havia preocupação com um desenho bacana. Já o Fiat Punto surgiu exibindo belas linhas, e menor área útil. Em resumo, um era função, o outro, forma.

Mas na segunda página (ou, no caso, parágrafo) dessa história, as coisas mudam. O Sandero continua oferecendo um salão, mas agora também na versão esportiva RS. Com tabela de R$ 58.880, é o mais novo rival do Punto T-Jet (R$ 68.150). Aqui, eles se enfrentam. E ficou difícil para o Fiat.

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Além de largar na frente por ser quase R$ 10 mil “mais leve” que o Punto, o Sandero é o único dessa dupla a oferecer motor flexível. O do Punto T-Jet só aceita gasolina.

Outras vantagens presentes só no Renault são auxiliar de partida em rampa, câmbio de seis marchas (no Fiat há cinco), controles de tração e estabilidade. Além disso, o seguro do Punto é cerca de 50% mais caro.

Começando pelo desempenho, esses hatches empolgam, embora usem receitas diferentes. A Renault instalou no Sandero o motor 2.0 16V de Fluence e Duster. São até 150 cv e 20,9 mkgf (com etanol). A Fiat seguiu a linha do “downsizing”, com a adoção de motor menor e turbo. Esse 1.4 gera 152 cv e 21,1 mkgf.O Sandero é mais temperamental. Ele tem um ronco nervoso, que mexe com os instintos do motorista, e também respostas imediatas.
Isso é graças ao câmbio de seis marchas e relações curtas. É como se a 6ª fosse a 5ª; a 5ª fosse a 4ª e assim por diante. O motor gira sempre “cheio”, favorecendo o desempenho, embora os efeitos colaterais sejam ruído e consumo elevados.


Outro aspecto favorável ao Sandero é seu peso. Na versão RS, são 1.161 kg, Com 1.263 kg, o T-Jet é 102 kg mais pesado. É como se o Fiat fosse para a pista encarar o Sandero levando dois sacos de cimento a bordo.

Além disso, por causa do turbo, no Fiat há um pequeno lag (demora de reações) em baixa rotação. O ideal é que se mantenha o 1.4 acima das 2.000 rpm. A partir daí, a turbina começa a “encher” melhor o motor.Os dois carros ficam bem espertos quando no modo esportivo de condução. No Sandero, o acionamento é por meio de uma tecla no painel. No Punto, um estiloso seletor no console pode mudar suas reações.

Se em modo “manso” o Sandero tende a ser mais agradável de guiar, no mais bravo os dois hatches praticamente se equiparam. Isso porque na opção Dynamic o T-Jet passa a ser outro carro: pode acelerar de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos e vai a 203 km/h, conforme dados da Fiat. De acordo com a Renault, o Sandero RS leva 8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e alcança 202 km/h.Números são frios e apontam para um empate técnico. Na prática, o RS é mais bravo.



Punto é imbatível em termos de conforto

A suspensão do Sandero é muito mais firme que a do Punto. Isso faz dele um carro mais estável, com menor inclinação de carroceria que o Fiat, mas também mais desconfortável. O Punto é confortável até demais para um esportivo.

Os dois têm discos nas quatro rodas, mas no Sandero as respostas são mais eficientes e instantâneas. Isso é graças também ao pedal de curso curto.


O Sandero também esterça mais. Enquanto o Renault tem diâmetro de giro de 10,6 metros, o Fiat requer 11,8 metros. O curioso é que nas demais versões do Punto são necessários 10,9 metros. A razão, segundo informações da montadora, são as rodas de 17 polegadas.

Embora os dois sejam bons de andar, nenhum tem comandos justos, como se espera de um bom esportivo. Em ambos, o curso da embreagem e da alavanca de câmbio é longo.A tela multimídia do Sandero, de 7 polegadas, é melhor que a do Punto, de 5”. Além disso, o navegador GPS do Renault informa a presença de radares.
Por outro lado, o acabamento e a decoração interna são mais caprichadas no Fiat. Os comandos dos vidros têm função “um toque”, diferentemente do que ocorre no Renault.

Além disso, a aparência do painel é mais jovial, com aplique plástico no tom da carroceria. O Sandero ficou bem melhor após a primeira reestilização, mais ainda é bem simples.Nos dois os bancos são elegantes e oferecem bom apoio lateral. Os do Fiat pecam por serem muito compridos, com demasiado apoio para as pernas.


Opinião:Sandero ‘bravo’está com pistalivre à frente

É louvável a iniciativa da Renault de lançar um esportivo quando todas as montadoras (ela inclusive) estão muito mais preocupadas em vender carros com proposta aventureira. Se há risco na aposta? Talvez, mas acredito que é um risco calculado. É verdade que o T-Jet vende pouco (não chega a 5% dos emplacamentos do Punto), mas o Fiat está envelhecendo e é caro.


A Renault, por sua vez, encontra pista livre à frente. Partindo de um carro que não nasceu para correr, a marca de origem francesa fez um bom trabalho de mecânica e estilo. O visual ficou agressivo, graças ao pacote exclusivo de para-choques, saias laterais, escapamento, defletor traseiro, etc. O ronco do motor 2.0 instiga e o desempenho agrada. E não há nada tão divertido de guiar no País por esse preço. O único opcional são as rodas de 17” a R$ 1 mil.


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