A Ferrari se rendeu à nova realidade do mercado, e revelou nesta terça-feira (13) o primeiro SUV de sua história. Trata-se do Purosangue, utilitário com desempenho superesportivo e visual bem típico da marca italiana, com inspiração no cupê Roma. A estreia ao público será em outubro, no retorno do Salão do Automóvel de Paris, mas o modelo só chegará às ruas em 2023. Na Europa, o preço parte de 390 mil euros, cerca de R$ 2 milhões na conversão direta.
A princípio, cabe salientar que a Ferrari não quer chamar o Purosangue de SUV. “É (um veículo) diferente de qualquer outro”, defendeu o CEO da Ferrari, Benedetto Vigna. Na apresentação, os executivos da marca italiana deixaram claro que, mesmo com maior distância em relação ao solo que em qualquer outra Ferrari atual, o Purosangue pende para o off-road leve – ou seja, não é um veículo para o fora-de-estrada.
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De acordo com a Ferrari, o concorrente de Lamborghini Urus, Aston Martin DBX, Porsche Cayenne e companhia apostará no motor V12 para agradar clientes mais puristas.
Apenas V12
Debaixo do longo capô em formato de concha, tal como previsto, a única opção fica a cargo do novo motor V12 de 6,5 litros naturalmente aspirado. Montado na dianteira, ele gira alto e produz 725 cv a 7.750 rpm e 72,9 mkgf de torque máximo a 6.250 rpm. Mas a Ferrari diz que 80% do torque fica disponível logo a 2.100 rpm. O motor é conectado a um câmbio automatizado de 8 marchas e dupla embreagem que fica montado no eixo traseiro. A tração é traseira ou integral.
Diferente do previsto, por enquanto nada foi dito sobre opções “ecológicas”. Mas os números do V12 empolgam. O SUV acelera de zero a 100 km/h em apenas 3,3 segundos e atinge velocidade máxima de incríveis 310 km/h.
Tecnologia em nome da performance
Nas suspensões, a tecnologia Ferrari Active Suspension usa quatro atuadores de 48 volts para controlar os movimentos do amortecedor. Eles trabalham no gerenciamento do balanço da carroceria com ajustes rápidos e precisos. Isso, inclusive, serve para baixar (em até 10 milímetros) a altura do carro em situações de curvas, por exemplo.
A gama de funções de assistência ao motorista (ADAS) incluem controle de velocidade adaptativo, freio automático de emergência, farol alto automático e os auxílios de manutenção de faixa e de ponto cego. No mais, tem reconhecimento de sinal de tráfego, alerta de sonolência do motorista e câmera traseira. Entretanto, um recurso disponível pela primeira vez em uma Ferrari é o HDC, que controla a velocidade em descidas.
No Purosangue, até o teto ajuda no desempenho. Feito de fibra de carbono, visa manter o centro de gravidade o mais baixo possível. A distribuição de peso (pouco mais de 2.000 kg) fica em 49/51.
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Menor que o Urus
Com 4,97 metros de comprimento e 1,59 m de altura, o Ferrari perde um pouco para o Urus em medidas (é mais curto e mais baixo). Além disso, tem porta-malas menor. São 473 litros ante 616 litros do SUV da Lamborghini. Este, aliás, também é mais barato, já que custa pouco abaixo dos 195 mil euros (pouco mais de R$ 1 milhão). Entretanto, o Purosangue tem 1 centímetro a mais na distância entre-eixos, que mede 3,01 metros.
Dentro da cabine, o SUV Purosangue tem quatro assentos (configuração 2+2) e o mesmo painel com display digital de 10,2″, já visto em outros modelos da Ferrari. Assim, não tem multimídia ao centro, mas há uma tela para o passageiro da frente. O ponto alto são portas traseiras do tipo suicida, que se abrem em direção oposta às portas dianteiras.
Para substituir o tradicional sistema de navegação integrado, o carro oferece, pela primeira vez na marca, compatibilidade Android Auto e Apple CarPlay. No volante, um botão permite escolher os modos de condução. Por fim, a forração interior tem várias combinações de couro, com Alcantara e acabamentos em fibra de carbono.
Visualmente, assim como adiantado por flagras, o modelo vem com faróis parecidos aos do Roma e do SF90 Stradale. Destaque para a grade frontal, que fica na altura do para-choque dianteiro, entre faróis de formato retangular.
Na traseira, o Purosangue tem lanternas duplas em posição elevada, mas o destaque são as quatro saídas de escape, bem como o difusor central. Os arcos de rodas (22 polegadas na frente e 23″ atrás) em tom escuro dão um ar mais parrudo ao crossover.
Mas cabe lembrar que, mesmo com tantos predicados, o Purosangue não será o principal produto da Ferrari. Para não comprometer a tradição, a marca não quer que o SUV represente mais de 20% de suas vendas totais. No mercado brasileiro, ainda não há previsão. Contudo, é quase certo que as primeiras unidades desembarquem já em 2023.
