Entre a fase em que nacionalizou os bons modelos da Opel e o lançamento dos carros que, hoje, são responsáveis por sua liderança no ranking de vendas, a Chevrolet passou por uma fase negra no Brasil. Era a época conhecida como a das gambiarras da Chevrolet.
Esses período, entre o fim da década passada e a metade desta, ficou marcado pela venda de modelos completamente ultrapassados. Além disso, sem caixa para investir em produtos modernos, ou nacionalizar novas gerações da Opel, a marca usou e abusou das “gambiarras” à brasileira.
Mas o que eram essas gambiarras, tema da nova reportagem da série “Fiascos históricos”? A marca criava modelos no Brasil a partir de plataformas velhas. Esses modelos eram defasados em tecnologia na comparação com os principais concorrentes.
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Além disso, batizava algumas “gambiarras” com nomes de carros já consagrados. Nesse grupo, o destaque foi o Vectra. A marca produziu por aqui uma geração completamente em dia com a europeia.
Mas, quando o modelo europeu mudou, essa evolução não foi acompanhada pela filial brasileira. Aqui, a marca usou a plataforma do velho Astra – que, também defasado, continuava em linha -, e criou um Vectra “made in Brazil”.
O carro, lançado em meados da década passada, era tecnologicamente atrasado e trazia motores velhos. O da versão de topo, 2.4, fazia menos de 5 km/l com gasolina.
Para piorar, a marca ainda lançou uma versão hatch do carro, o Vectra GT. Sua missão: brigar com o Golf e o Focus, modelos bem superiores.
Outra “gambiarra” famosa foi o Agile. Ele veio para suceder o Corsa, que já estava bastante defasado. Porém, usava uma base que era como um misto entre a do Corsa de primeira e de segunda geração.
Não ficou bom. Era carro muito ruim de dirigir, com centro de gravidade alto demais e um acabamento terrível.
Porém, com ele a GM ganhava tempo até a chegada do Onix, o carro que mudou sua história.
A partir do ano do lançamento do Onix, a linha GM foi completamente modernizada. O Vectra nunca voltou, mas foi substituído pelo excelente Cruze, cujos atributos o colocam em posição forte na briga com Civic e Corolla.
No entanto, dá para dizer que houve uma última Gambiarra. Trata-se do Spin, que veio para substituir, ao mesmo tempo Meriva e Zafira.
Desenvolvido no Brasil, o carro, que usa base do Onix, padece dos mesmos pecados do Agile: é ruim de guiar e não muito bem acabado. Além disso, traz um visual que não é muito elogiado pelos brasileiros.
Embora tenham sido verdadeiros fiascos no quesito qualidade, as “gambiarras” da Chevrolet foram sucessos mercadológicos. Além disso, deram tempo para a marca se preparar para a chegada dos modelos da atual geração, que a transformaram em líder de vendas.
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