Primeira Classe

Marcas que têm SUVs compactos se dão mal em 2017

Das três maiores marcas do País, apenas uma atua no segmento de SUVs compactos. Líderes da categoria perderam participação de mercado

Rafaela Borges

15 de fev, 2018 · 8 minutos de leitura.

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SUVs compactos
Crédito: Das três maiores marcas do Brasil, só a Chevrolet tem um jipinho, mas pouco representativo. Líderes do segmento, Hyundai e Honda perderam participação (Foto: Rafael Arbex/Estadão)

O segmento de SUVs compactos é considerado por muitos como o mais importante do Brasil. No entanto, são as marcas que não têm representante nessa categoria que estão se dando bem.

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No geral, elas vêm se destacando em vendas ou avançando na participação de mercado. Em contrapartida, as líderes do segmento de SUVs compactos perderam “market share” no ano passado. Nesse quesito, portanto, elas estão se dando mal.

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Das três maiores montadoras do Brasil, apenas uma tem SUV compacto em sua gama, a líder Chevrolet.

No entanto, a representatividade de vendas desse modelo (Tracker) foi inexpressiva em 2017. O carro importado do México representou apenas 3,08% dos 394.099 emplacamentos da Chevrolet no País em 2017. Se esse SUV não existisse, a marca continuaria disparada na liderança.

(Instagram: @blogprimeiraclasse)


Fiat e Volkswagen, respectivamente a segunda e a terceira colocadas, não têm SUVs compactos – embora estejam planejando laçar seus representantes no País (leia mais abaixo).

VEJA TAMBÉM: OS SUVS MAIS VENDIDOS DE 2017

Já Honda e Hyundai são as líderes do segmento de SUVs compactos, com HR-V e Creta, respectivamente. E são também duas das montadoras que perderam participação de mercado no ano passado.


Esse raciocínio, porém, não vale para todas. A Nissan, por exemplo, ganhou “market share” graças ao Kicks. No entanto, trata-se de uma marca de  volume mediano – em 2017, foi décima colocada no ranking de montadoras, com 78.817 unidades vendidas.

Isso ajuda a mostrar que, em caso de marcas sem grandes volumes, os SUVs compactos podem até fazer a diferença. Caso contrário, não.

A Jeep, por sua vez, foi a que mais avançou em participação. No entanto, essa conquista não pode ser creditada apenas ao SUV compacto Renegade, que perdeu espaço. O mérito é do Compass, modelo médio que é um fenômeno em seu segmento – um caso isolado, pode-se dizer.


Por que os SUVs compactos não estão fazendo a diferença?

O segmento de SUVs compactos é, há pelo menos dois anos, o segundo maior do Brasil em vendas. Eles ultrapassaram os sedãs compactos.

Quando se olha para o topo do ranking, porém, eles ainda não conseguem fazer a diferença no volume total de vendas de suas montadoras. Apesar das mudanças de cenário no mercado brasileiro nos últimos anos, são os hatches compactos que ainda dominam o mercado.

É claro que os hatches compactos também mudaram. Antes, eram carros simples. Agora, os que fazem sucesso são os mais bem equipados e com um quê a mais de sofisticação, como Onix e HB20.


Uma boa ilustração para esse cenário é o Polo. O Volkswagen foi lançado no fim do ano passado e, em poucos meses, conseguiu uma notável participação de mercado. Tanto que, em 2017, a VW foi a segunda marca que mais evoluiu em “market share”.

Outra ilustração definitiva é a Hyundai. A marca lançou o Creta no início de 2017, e desde então o carro é um grande sucesso comercial. Ainda assim, a montadora perdeu participação.

Mais que isso: quarta no ranking de montadoras em 2016, a Hyundai perdeu essa posição para a Ford em 2017.


Por quê? Porque o hatch compacto HB20 foi uma das principais vítimas da chegada de novos rivais, a exemplo do Polo e também do Fiat Argo – vamos debater mais profundamente a respeito em outra análise.

Enquanto isso, a Ford avançou graças a ações para fortalecer as vendas do hatch compacto Ka. O mérito da marca não teve muito a ver com o EcoSport, que perdeu participação em seu segmento.

Assim, para o momento, priorizar a evolução dos hatches compactos, tornando-os cada vez mais bem equipados e oferecendo melhor custo-benefício seria o tiro mais certeiro das montadoras. A razão é simples: eles custam bem menos que os SUVs compactos.


 

O futuro pode ser diferente

Mesmo as marcas que estão se dando bem sem SUVs compactos em suas linhas vão investir no segmento.

A Chevrolet prepara um utilitário compacto para fazer volume notável e substituir o Tracker. A Volkswagen também já anunciou que vai entrar no segmento de SUVs compactos – e no de médios também.


A Fiat, segundo fontes, estuda produzir um modelo do segmento. Se confirmado, usará a mesma base de Compass, Renegade e Toro.

A Toyota desistiu de lançar o C-HR no Brasil, mas não do segmento de SUVs compactos. A montadora venderá aqui um modelo da sua marca de baixo custo, a Daihatsu.

No fim das contas, ninguém quer – nem vai – ficar de fora da categoria de SUVs compactos. Afinal, em algum momento o segundo maior segmento do País passará, sim, a fazer diferença no ranking de vendas.


Além disso, como são mais caros, eles também garantem maior rentabilidade para a maioria das marcas que atua na categoria.

O grande acerto de Chevrolet e Volkswagen (e talvez da Fiat), portanto, foi investir no segmento certo no momento certo. Primeiro, fortaleceram os hatches. Agora, chegou a vez de priorizar os SUVs. Questão de estratégia (certeira).

 


 

 

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