O caso que vou contar para vocês tem muitas artimanhas, reviravoltas, e é um dos capítulos mais interessantes da história da indústria automobilística. Eu o ouvi cinco anos atrás, ao visitar o museu da BMW, em Munique.
O guia do museu me contou essa história, no momento em que visitávamos a área reservada à Rolls-Royce no local. A marca britânica de alto luxo, assim como a Mini, faz parte do Grupo BMW.
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Vocês sabiam que a Rolls-Royce desencadeou uma briga feia entre duas montadoras alemãs, a BMW e a Volkswagen?
Para adquirir a Rolls-Royce, a BMW travou uma guerra de bastidores contra a toda-poderosa Volkswagen. E, claro, para espanto geral, ganhou.
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O início da briga
Essa história começa em 1998, quando a Volkswagen comprou a Rolls-Royce. Isso mesmo: foi a gigante alemã que adquiriu a marca de luxo inglesa.
A BMW, porém, não aceitou a compra. Aí você pode dizer: “problema dela”. Mas a verdade é que isso acabou virando um problema, dos grandes, para a Volks.
A marca de luxo tinha a preferência para a compra da Rolls-Royce, para a qual fornecia motores. E também da Bentley. As duas montadoras inglesas faziam parte do mesmo grupo automotivo desde o início do século XX.
E a BMW decidiu que queria comprá-las. Assim, ofereceu à então dona da Rolls e da Bentley, a Vickers, 340 milhões de libras.
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Aí é que entra a Volkswagen. A empresa conseguiu obter informações privilegiadas sobre a proposta da BMW, e decidiu que levaria a melhor, pois também queria a Rolls para chamar de sua. Então, ofereceu à Vickers 430 milhões de libras.
Com isso, levou a Rolls-Royce e a Bentley, a fábrica de Crewe, na Inglaterra, e todas as plataformas e linhas de produção. Ficou também o símbolo “Spirit of Ecstasy”, um dos mais emblemáticos da indústria automotiva, colocado sobre o capô dos modelos da Rolls.
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A vez da BMW
A marca de luxo alemã não deixou por menos. Desde a década de 70 do século passado, as operações de aviação (fabricante de motores) e automotiva eram empresas separadas dentro da Rolls-Royce.
Tanto o nome Rolls-Royce quanto o símbolo “RR” pertenciam à empresa de aviação. Ciente disso, a BMW, que era parceira dessa companhia também, conseguiu comprar o nome e o símbolo por apenas 40 milhões de libras.
Assim, a Volkswagen ficaria com as duas montadoras (Rolls-Royce e Bentley), mas não poderia usar nem o nome nem o símbolo “RR” da primeira. Além disso, a BMW ameaçou não mais fornecer motores para os carros das marcas – na época, a VW não tinha propulsores para os modelos das montadoras de alto luxo.
A solução
Depois de muitos movimentos e picuinhas de bastidores, artimanhas, ameaças e reviravoltas, essa história até que terminou de uma maneira civilizada. Houve uma reunião entre as cúpulas das duas montadoras para resolver o impasse.
A Volkswagen ficou com o desejado símbolo “Spirit of Ecstasy”, as plataformas da Rolls-Royce, a fábrica de Crewe e a Bentley. Além disso, receberia por um longo período motores da BMW para equipar os carros de sua nova marca de luxo.
Com isso, pagou os 430 milhões e não levou o que realmente queria, a Rolls-Royce.
Já a BMW teve de construir uma nova fábrica (foi erguida em Goodwood, na Inglaterra) e criar plataformas inéditas para os novos Rolls-Royce. Ao menos, gastou apenas 40 milhões de libras, não os 340 milhões planejados inicialmente.
Alguns anos depois, a Volks passou a desenvolver motores para os Bentley – compartilhados com os de modelos da Audi. E entrou em acordo com a BMW que a Rolls-Royce pudesse voltar a usar o símbolo “Spirit of Ecstasy”.
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