Postei nesta quinta-feira (15) em minha conta no Instagram uma imagem de três representantes de um conceito que está recebendo atenção e tanto das montadoras: o SUV cupê. Mostrei o Audi Q8, o Porsche Cayenne Coupé e a nova geração do BMW X6.
Um dos comentários no post chamou minha atenção: “SUV cupê é uma proposta inútil”. Embora eu não concorde, achei que vale a discussão.
Antes de começar essa discussão, é necessário debater o conceito de SUV cupê. É um segmento ou uma proposta?
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O que é um SUV cupê?
Alguns anos atrás, era mais fácil de classificar os carros de acordo com carrocerias. Havia o hatch, o sedã, a perua, a minivan, o cupê, o conversível. Aí veio o SUV.
Aí começaram a surgir variações do mesmo tema, como o cupê de quatro portas. Mas cupê não pode ter quatro portas, certo? Não seria então um sedã? Talvez, mas em alguns casos o “cupê” de quatro portas tem apenas dois volumes. Sedã, por definição, tem três.
Começaram a surgir também misturas de SUVs com minivans. Então, para tudo o que mistura carrocerias, ou conceitos, deu-se o nome de crossover. Muitos associam esse nome a SUVs sem aptidão off-road.
Grande engano: crossover pode ser SUV, pode ser perua, pode ser hatch. Basta ter dois conceitos em um carro.
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Há quem considere, a propósito, o SUV feito sobre base de carro de passeio e sem tração 4×4 (a maioria, aliás) um crossover.
Nesse contexto de criação de carrocerias e conceitos, surge o SUV cupê. Na classificação purista, tradicional, ele é crossover. Pode ser também chamado simplesmente de SUV.
Mas, para se diferenciar dos demais, virou SUV cupê. Se você é purista, vai chamar de proposta, não de segmento.
Se não é, talvez goste dessa classificação que todas as montadoras estão usando, e considere o SUV cupê, de fato, um segmento de veículos.
Proposta inútil?
Uma análise meramente racional pode sim considerar o SUV cupê uma proposta inútil. Afinal, por que comprar um carro que tem menos espaço que um utilitário-esportivo convencional e custa mais caro?
Porém, no mundo (e em um nicho no Brasil), não há só consumidores racionais. No segmento de luxo, arrisco dizer que a racionalidade fica em segundo plano. E é na categoria de modelos premium, ao menos por enquanto, que o SUV cupê está inserido.
Tomo como exemplo o Cayenne. O SUV convencional já é um marco de design, e é um Porsche, apesar de utilitário-esportivo. Geralmente com preços mais altos que o da concorrência, o modelo já é, essencialmente, um utilitário-esportivo para quem quer se diferenciar.
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Por que, então, lançar um Cayenne Coupé, que tem espaço um pouco inferior para as cabeças dos ocupantes? Porque há aquele cliente que não quer apenas se diferenciar. Ele quer também inovação. Quer estar na vanguarda quando o assunto é design, tecnologia e, por que não, carro.
Além disso, pelo apelo estético, os SUVs cupês são para clientes com personalidade menos conservadora. E, no caso do Cayenne Coupé, o centro de gravidade também é mais baixo, o que deixa a dirigibilidade mais esportiva.
Se ao ler tudo isso, você acha que SUV cupê é uma proposta inútil, é porque esse não é seu tipo de carro. Provavelmente você é um consumidor racional, ou ao menos deixa o racional falar alto na escolha, embora flerte com o emocional.
SUV cupê é pura emoção. Não há razão que o justifique. E o consumidor que se guia pela paixão pode não ser tão representativo no Brasil, mas é no mundo.
Em busca da inovação
Saindo do segmento de luxo, EcoSport e Toro são bons exemplos do que ocorre hoje com os SUVs cupês. A Ford inovou com o conceito do SUV. A concorrência correu atrás e o segmento formado pelos rivais do Eco é hoje o mais badalado do Brasil.
A Toro trouxe a solução aos clientes que querem ter uma picape média, mas não precisam usá-la para o trabalho. Feita sobre base de carro de passeio, oferece conforto e é mais barata. Fez sucesso e a concorrência se prepara para lançar diversas rivais da Fiat.
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E quanto aos cupês de quatro portas, que surgiram a partir do Mercedes-Benz CLS, e hoje existem aos montes. Há Porsche Panamera, Audi A7 Sportback, entre outros. É algo parecido com os SUVs cupês, só que ao contrário.
Com esse segmento, as montadoras conseguiram atender os anseios de quem quer ter um cupê com design impressionante e muita esportividade, mas faz questão de quatro portas e quatro lugares.
Com os SUVs cupês, o pioneiro foi o X6. E se o público não tivesse comprado a ideia, os rivais não surgiriam. E surgem aos montes.
As montadoras trabalham para atender a demanda, pois querem vender. Inovar e criar novos conceitos é parte essencial da equação. A proposta de SUV cupê é uma das que mais bem representam essa ideia.
Novidades
O SUV cupê, no segmento de luxo, é o conceito mais badalado neste segundo semestre, no Brasil. Acaba de chegar ao mercado o Q8 (leia detalhes aqui).
Em outubro, a Porsche se prepara para lançar o Cayenne Coupé. Ele virá em três versões de motor, um V6 e dois V8. A primeira deverá concorrer diretamente com o Q8, que custa pouco menos de R$ 500 mil. O modelo da marca de esportivos deverá ficar um pouco acima disso.
Para o início de 2020, está prevista a chegada do pioneiro do segmento, o X6, em nova geração. Ainda não há detalhes sobre suas versões e estimativa de preços.
O segmento de SUVs cupês grandes tem ainda o GLE Coupé, da Mercedes. Já entre os médios, há o X4 e o GLC Coupé. Recentemente, a Audi mostrou uma versão desse tipo para o Q3, o primeiro compacto a trazer esse conceito.
E há também o Urus, da Lamborghini. Mas, nesse caso, estamos falando de um modelo que pode custar em torno de R$ 2 milhões, e não tem concorrentes diretos.
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