Com inspiração nos cupês e traseira que lembra modelos premium, como o BMW X4, o Fiat Fastback está a caminho das lojas brasileiras. O novo SUV feito em Betim (MG) é irmão gêmeo do compacto Pulse, mas é bem mais comprido e tem tamanho e porte que o colocam na disputa com os SUVs mais vendidos do Brasil atualmente. Entre eles, Chevrolet Tracker, Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks e Volkswagen T-Cross.
Para se destacar no segmento mais concorrido do mercado, o Fiat Fastback chega repleto de trunfos e credenciais. Para começar, o SUV cupê da marca italiana chega em versões com motores turbo. Na base, tem duas opções com o mesmo conjunto mecânico do Pulse. Ou seja, motor 1.0 turbo flex de três cilindros, capaz de gerar 125 cv com gasolina e até 130 cv com etanol a 5.750 rpm, além de um torque de 20,4 mkgf a 1.700 rpm com ambos os combustíveis. E câmbio automático do tipo CVT com sete marchas virtuais, fornecido pela japonesa Aisin.
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Mais acima vem a versão topo de linha, que tem um nome gigantesco: Limited Edition T270 Powered by Abarth. A Fiat espera que está seja o “carro-chefe” do Fastback. Ela traz motor 1.3 turbo flex de quatro cilindros, o mesmo já disponível na picape Toro e nos três SUVs nacionais da Jeep, feitos em Goiana (PE) – Renegade, Compass e Commander. São 180 cv com gasolina e até 185 cv com etanol a 5.750 rpm, e 27,5 mkgf de torque a 1.750 rpm com os dois combustíveis. O câmbio, neste caso, é automático de seis marchas. A tração é sempre dianteira.
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Fastback inicia retorno da Abarth
Como o sobrenome entrega, a configuração de topo inaugura também o novo jeito da Fiat lidar com sua divisão esportiva no Brasil. A Abarth vai “assinar” a versão mais cara do Fastback, que pode ser lida como um SUV com pacote esportivo. No segmento premium, é o que a Audi faz com o pacote S-line, a BMW com a linha M e a Mercedes-Benz com a gama AMG Line.
Assim, há emblemas da Fiat na carroceria, nas rodas e no interior, mas também há plaquetas com o escorpião estilizado e as cores da Abarth. Eles emblemas dão aquele toque especial e, apesar do “limitado” do nome, a Fiat fiz que não vê necessidade de dar um limite ou chamar de série. Mas vale dizer que, ainda neste ano, haverá um esportivo genuíno na linha Fiat, o Abarth Pulse. Este terá o logotipo da divisão esportiva, bem como o motor 1.3 turbo flex, mas com especificação ainda em segredo.
Projeto mais ousado desde a Toro
Fato é que, com a chegada do Fastback às lojas, a Fiat enfim tem um SUV compacto em condições de brigar com os líderes da categoria. Até setembro de 2021, a marca não tinha sequer um utilitário no Brasil. Aí veio o Pulse, que é um pouco menor, com tamanho de hatch aventureiro. Na última década, a marca vendeu o Freemont, um crossover de 7 lugares que era, na verdade, um Dodge Journey com logotipo da Fiat. Ele foi muito bem, contudo, veio no fim do ciclo de vida daquela geração do Journey. Por isso, logo saiu de linha.
Mas agora o momento é outro. O Fastback foi totalmente desenvolvido pelo time brasileiro da Fiat – e do grupo Stellantis. Ou seja, nasce desenhado, calibrado e montado no Brasil, e logo será exportado a outros países da América do Sul. De saída, a marca prevê uma produção mensal – até tímida – de 2.500 unidades até 3.000 exemplares do SUV cupê na fábrica do interior mineiro. Lá também é feito o Pulse, que já é o 5º colocado nas vendas de SUVs.
Estilo cupê
Diferente do Pulse, o Fastback é mais ousado. Embora os dois modelos tenham praticamente a mesma dianteira e cabines parecidas, o SUV cupê tem as colunas traseiras bastante inclinadas, com caimento acentuado do teto em diagonal. Em tese, um “fastback” difere de um cupê, já que este tem carroceria de duas portas e cabine com dois lugares. Assim, o novo SUV da Fiat faz um apelo aos esportivos, mas é como os “cupês de quatro portas”.
Comercialmente, mistura, portanto, características para agradar a um público muito amplo e, quem sabe, garantir vendas e um certo pioneirismo. É algo que a marca conseguiu quando lançou a Toro. Na época, a picape causou estranhamento por não se enquadrar em nenhuma categoria. Era um pouco maior que a Renault Oroch, lançada semanas antes, mas menor que as picapes médias. Tinha cabine de SUV compacto, mas com uma caçamba atrás.
Pois a Toro caiu no gosto do consumidor brasileiro e logo se tornou a segunda picape mais emplacada do nosso mercado. Ou seja, o Fastback terá missão de incomodar bastante não só os rivais diretos, mas também roubar vendas de modelos de outros segmentos. Segundo Herlander Zola, vice-presidente sênior da Fiat América do Sul, o SUV cupê “fecha um ciclo de desenvolvimento que coroa esse posicionamento da marca no segmento que é o mais importante do mercado, no país e no mundo”.
O que é o Fiat Fastback?
O SUV utiliza a mesma arquitetura modular MLA do Pulse, que foi projetada a partir da base já utilizada pelos compactos Argo (hatch) e Cronos (sedã). Essa plataforma traz diversas atualizações, por exemplo, na parte eletrônica, além de alterações nos balanços dianteiro e traseiros, e na mecânica. Mas o entre-eixos curto, de 2,53 metros, entrega o parentesco.
A dianteira vem do Pulse, mas aqui há uma novidade: o desenho de faróis é ligeiramente mais delgado e harmônico, assim como as extremidades do para-choques, onde ficam dois vincos verticais que servem de tomadas de ar funcionais, para refrigeração dos freios. Na parte inferior, há um spoiler, que é sublinhado por uma faixa cromada. Essa frente, por sinal, é a mesma do Abarth Pulse, que estreia até dezembro no mercado.
Nas dimensões, o Fastback tem 4,43 metros de comprimento, e é mais de 30 centímetros maior que o Pulse. Esse ganho fica concentrado no balanço traseiro enorme, mas, segundo a Fiat, quase tudo foi modificado no modelo da porta dianteira para trás. Há, por exemplo, novo sistema de refrigeração, com caixa térmica e suspensões recalibradas – a dianteira com nova geometria e barra estabilizadora, e a traseira foi redimensionada com foco na robustez.
Por dentro, o SUV cupê recebeu novos bancos traseiros, mais inclinados em relação aos do Pulse, além de nova provisão do teto, obviamente, por conta da finalização mais inclinada e da tampa traseira gigante, que é bem pesada e tem aspecto sólido. Com essas mudanças, a carroceria do Fastback tem 87% de aços de alta e ultra resistências. Da mesma forma, as suspensões revisadas dão maior estabilidade e conforto ao rodar que no Pulse.
Porta-malas gigante de até 600 litros
Com uma porção traseira imensa, a Fiat conseguiu entregar uma área de carga bem generosa no Fastback. Segundo os engenheiros da Fiat, são 600 litros de capacidade total. Entretanto, na medição VDA, que é padrão no mercado, o volume é de 516 litros. Dessa forma, o SUV cupê tem o maior compartimento de bagagens do segmento. Para comparação, trata-se do mesmo volume do Volvo XC40 e supera os 592 litros do Audi Q5, dois SUVs médios.
Chega de Fiat Pelado
É óbvio que ainda haverá Mobi, Argo e Cronos basicões por muito tempo. Ou mesmo versões dedicadas às vendas diretas. Mas, segundo os executivos da Fiat, o Fastback é o fechamento de um ciclo que teve antes Toro, Fiat 500e, Strada Cabine Dupla CVT e Pulse. Ou seja, é uma “nova Fiat”, com carros atraentes no exterior e muito bem equipados.
No caso do Fastback, a montadora destaca “o maior volume do segmento para porta objetos, com 15 nichos e 28 litros”. Na prática, porém, os passageiros ainda sentirão falta de mais profundidade em alguns nichos. Mas há pontos geniais, como a bandeja de recarga sem fio para celulares, que é refrigerada, evitando que alguns smartphones – sobretudo modelos da Apple – aqueçam e travem, enquanto carregam.
Além dos airbags frontais, agora bolsas infláveis laterais dianteiras de dupla função (tórax e cabeça) em todas as versões, perfazendo a conta de seis airbags de outras marcas. Controles de estabilidade e de tração, e ABS off-road também são de série, bem como frenagem automática de emergência, alerta ativo de mudança de faixa, assistente de arranque em ladeiras e os faróis Full LEDs, que contam com farol alto automático.
Por dentro do Fastback
No painel, o volante é o mesmo do Pulse, com a tecla Sport, que veio da Toro. Entretanto, na versão Limited, ele traz a tecla com o escorpião da Abarth. Também da Toro, mas com mudanças, temos o display colorido e configurável de 7 polegadas no quadro de instrumentos. Já a multimídia de 10″ é super ligeira e tem conexão sem fio com Android Auto e Apple Carplay. Ela também traz chip de internet e permite dar comandos remotos pelo aplicativo Connect Me.
Outra coisa que evoluiu, pelo menos na versão Limited, é o conforto do ambiente: o Fastback é bem mais silencioso e agradável que outros modelos da Fiat. Pena que os bancos dianteiros ainda sejam pequenos e pouco firmes, e que o espaço lateral seja o mesmo do Pulse.
Como anda o SUV cupê
Segundo a Fiat, as versões T200 têm os melhores números de aceleração e de consumo do segmento. Porém, neste primeiro contato, tivemos acesso somente ao Fastback T270. Nele, podemos afirmar que o motor 1.3 turbo flex e o câmbio automático de seis marchas sobram. O conjunto entrega desempenho bem interessante. Com aceleração de zero a 100 km/h em 8,1 segundos, é mais rápido que, por exemplo, nos SUVs da Jeep e na picape Fiat Toro.
Esse resultado se deve ao peso menor do SUV cupê, que tem 1.304 kg. Assim, é cerca de 150 kg mais pesado que o Pulse, mas é 150 kg mais leve que os modelos feitos sobre a base Small Wide, da Jeep. Sendo assim, o Fastback não precisou de muito esforço no trajeto do test drive, que proporcionou pouco mais de 100 quilômetros ao volante. O Fastback entrega arrancadas e ultrapassagens rápidas, e tem retomadas suaves e progressivas.
Como o Fastback esteva pouco carregado, com apenas dois adultos e duas mochilas como carga total, fica difícil dizer se os freios, que usam discos na dianteira (maiores que os do Pulse) e tambores na traseira, dão conta do recado. Mesmo no trecho de subida e descida de serra, com o carro leve, tudo correu bem. Apesar do balanço traseiro enorme, o Fastback é estável, mas é uma mancada manter os freios a tambor nesta configuração.
Já em relação ao consumo, o motor 1.3 turbo parece mais adequado ao Fastback. No ciclo urbano, faz médias de 7,9 km/l com etanol e de 11,3 km/l com gasolina. Já na estrada, a média sobe para 9,7 km/l com o combustível vegetal, e para 13,6 km/l com o fóssil. Os números são do Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro.
Fastback surgiu no Salão do Automóvel de 2018
Com preços finalmente definidos, a Fiat encerra um longo período de lançamento do Fastback, com informações liberadas a conta-gotas ao longo dos últimos meses. Em agosto, publicamos – com exclusividade – volume aproximado de porta-malas. Da mesma forma, revelamos o consumo oficial segundo o Inmetro e visual do SUV cupê em projeções.
O nome Fastback é uma forma de “honrar” o carro-conceito do Salão do Automóvel de São Paulo de 2018. Na ocasião, o protótipo fez grande sucesso entre crítica e público, e serviu de base (ainda que não totalmente) para o SUV de produção. Já os concorrentes diretos são não apenas Volkswagen Nivus, Chevrolet Tracker (1.0 e 1.2 turbo) e Hyundai Creta (1.0 turbo e 2.0 flex), mas também VW T-Cross e Honda New HR-V, entre outros.
Neste primeiro contato, a impressão que fica é que, mesmo “compacto” na cabine, o Fastback tem tudo para crescer no mercado por conta do nível de equipamentos e do tamanho do porta-malas. Some-se a isso o fato de inexistir outro SUV cupê com proposta semelhante.