A chinesa Great Wall Motors está considerando adquirir a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), fechada desde dezembro de 2020. Além disso, outra opção estudada pela montadora é assumir a fábrica da Ford em Camaçari (BA), fechada desde janeiro, após o encerramento da produção de carros no Brasil.
O Jornal do Carro procurou representantes da Great Wall, que confirma estar fazendo “análises de cenário”, seja para a importação de veículos, seja para a produção local.
“Temos o cenário greenfield, ou seja, começar do zero. E as fábricas que encerraram a produção no início do ano, que são as possibilidades brownfield em análise”, explica Anderson Suzuki, executivo brasileiro responsável pelos departamentos de Produto e Marketing para a região da América do Sul.
Estreia esquenta
Anderson Suzuki disse ao Jornal do Carro que os estudos de viabilidade da Great Wall estão avançados. E que a montadora pode estrear nos próximos meses. “A ideia é ter uma decisão até o final do ano, ou, no mais tardar, no começo de 2022”, disse Suzuki. O executivo, no entanto, salienta que tudo dependerá dos resultados desses estudos em andamento.
Mercedes está fechada desde dezembro
De acordo com a agência Bloomberg, Great Wall e Mercedes-Benz estão “em negociações sobre o potencial negócio”, que se fechado seria estimado em centenas de milhões de dólares.
Inaugurada em 2016, a unidade de Iracemápolis teve investimento de mais de R$ 600 milhões (US$ 120 milhões) para fabricação anual de 20 mil carros. De início, a alemã produziu o sedã Mercedes-Benz Classe C na unidade. Depois, começou a fazer também o SUV compacto GLA.
Ford pode ser “grande demais” para os chineses
De acordo com a agência Automotive Bussiness, que também noticia as negociações, a antiga operação da Ford na Bahia pode ser grande e cara demais para os planos da Great Wall Motors.
Enquanto operava, a unidade baiana produzia o compacto Ford Ka e o SUV compacto EcoSport, com capacidade anual de 300 mil unidades. O governo baiano criou um grupo de trabalho e também contatou a embaixada da China para atrair possíveis compradores.
Great Wall é sócia de rival da Mercedes
Apesar disso, um obstáculo para as conversas entre Great Wall e Mercedes-Benz no Brasil está nos braços acionários das empresas. A GWM é a maior fabricante privada da China e principal rival da Geely.
Assim, a controladora da Geely, Zhejiang Geely Holding Group, pertence ao bilionário chinês Li Shufu, sócio da Daimler, que é a empresa-mãe da Mercedes-Benz.
Além disso, a Great Wall tem uma parceria na China com a BMW, uma das principais concorrentes da Mercedes-Benz.
Planos da Great Wall no Brasil
Desde abril, a Great Wall conduz fase de estudos oficiais sobre uma possível fábrica de carros elétricos no Brasil, como o Jornal do Carro noticiou. Desde o final de 2020, a marca avalia a operação nacional, segundo o jornalista Lauro Jardim, do O Globo, que já terá início em 2022.
Ou seja, a marca chinesa vai começar importando seus carros para o País, mas não se sabe que modelos virão, apenas que serão SUVs e picapes.
A Great Wall tem uma pequena linha de montagem no Equador, que abastece países como Uruguai, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Chile. Aliás, o Chile é seu maior mercado na América Latina e o sexto maior globalmente, com US$ 44 milhões (cerca de R$ 220 milhões) em 2020.
SUVs, picapes e carros elétricos
Dentro do catálogo da Great Wall há opções de todos os tipos e tamanhos. Só a marca Haval, especializada em SUVs, possui 16 utilitários disponíveis em seu site oficial. Já a marca-mãe Great Wall tem cinco modelos de picapes, algumas delas com tração 4×4 e, assim, voltadas ao off-road.
Outra subsidiária é a marca WEY, que conta com seis modelos, mas é exclusiva para o mercado chinês. Por fim, a divisão de elétricos ORA já oferece quatro modelos puramente elétricos de design lúdico, incluindo o Punk Cat, “recriação” do clássico Fusca.