O público brasileiro historicamente consome carros compactos, que são mais acessíveis. E com os SUVs não é diferente. Bastou as marcas lançarem seus modelos, e as vendas não param de subir. Foi assim com Honda HR-V, Hyundai Creta e Jeep Renegade, entre outros. Mas o que chamamos de SUV compacto pode passar a ter um significado um pouco menor.
Na Índia, uma nova safra de SUVs compactos está fazendo enorme sucesso. São modelos com até 4 metros de comprimento, medida que garante tributação menor naquele país. A regra é única no mundo e isolou o país por décadas. Porém, permitiu criar um novo nicho de utilitários globais. E esses modelos começam a ganhar o mundo.
SUVs, não aventureiros
Um ponto em comum entre esses novos compactos é a proposta: todos nasceram como utilitários e não versões aventureiras de outro modelo. A Honda, por exemplo, trabalha atualmente no projeto do novo SUV compacto para substituir o WR-V. Segundo a imprensa japonesa, o modelo será revelado em maio de 2021 e se chamará ZR-V.
A Nissan também prepara o seu novo SUV de entrada, que se chamará Magnite. O modelo é cotado para ganhar produção em 2021 na fábrica de Resende (RJ), substituindo o March, que saiu de linha em setembro. O pequeno SUV usa a base CMF-A+. A plataforma da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi é uma versão crescida do chassi do Renault Kwid.
Essa arquitetura foi criada com foco nos países emergentes, para reduzir os custos e atender aos quesitos mais rigorosos de segurança e emissões. Dela também nascerá o Renault Kiger, outro SUV inédito apresentado neste mês como conceito. O modelo é o SUV do Kwid.
Além da dupla Renault-Nissan, temos o simpático Suzuki Vitara Brezza. O SUV é menor que o Vitara vendido no Brasil e foi desenvolvido pela Maruti, representante da Suzuki na Índia. O projeto foi compartilhado com a Toyota, que lançou há poucas semanas o Urban Cruiser.
O time de SUVs indianos tem ainda outra dupla asiática com grande chances de vir para o Brasil: Hyundai Venue e Kia Sonet. Os modelos compartilham plataforma e motores, mas possuem designs bastante distintos. Há dois meses a Hyundai trouxe unidades do Venue para testes na América do Sul. E um dos modelos foi fotografado em São Paulo.
Confira o que já sabemos sobre cada um desses novos SUVs.
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Nissan Magnite
Motor: 1.0 SCe flex e 1.0 SCe turbo flex
Câmbio: Manual de cinco marchas e automático X-Tronic CVT
Próximo de estrear, o Nissan Magnite é o novo SUV de entrada da marca japonesa. O modelo será posicionado abaixo do Kicks na gama da marca. Seu lançamento é aguardado para o início de 2021 na Índia, e a estreia no Brasil ocorrerá até 2022. O SUV é cotado para ser produzido na fábrica de Resende (RJ), no lugar do March, que foi aposentado em setembro.
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Em tamanho, o Magnite fica dentro do limite de 4 metros de comprimento, tendo tamanho similar ao do Ford Ecosport sem o estepe na traseira. Só a título de comparação, o Kicks tem 4,29 m.
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Já a mecânica deverá seguir a tendência do mercado e trazer motores aspirado e turbo. Na Índia, as versões de entrada deverão usar o 1.0 tricilíndrico a gasolina de 72 cv e 9,7 mkgf de torque. E as configurações de topo virão com o 1.0 turbo de 100 cv e câmbio automático CVT.
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Hyundai Venue
Motor: 1.6 flex aspirado e 1.0 turbo flex
Câmbio: Manual e automático de seis marchas
Lançado em 2019, o Hyundai Venue foi criado dentro da regra dos 4 metros e tem exatamente 3,99 m de comprimento. Curioso é que o Venue era considerado “carta fora do baralho” para o mercado brasileiro, justamente por ser “compacto demais”. Aqui a montadora comercializa há sete anos o aventureiro HB20X. E acima dele vem o SUV Creta.
Mas isso pode mudar. Diferente do HB20X, que é um hatch vestido para a trilha, o Venue tem porte de SUV. É mais alto e quadrado. E traz o design atual da marca sul-coreana, com os faróis divididos em duas seções, como é na picape Fiat Toro. Outro elemento estético que se sobressai é o teto reto e pintado em cor diferente, que parece flutuar.
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O design atrás não é tão ousado, mas tem seu charme. As lanternas são preenchidas por pequenas barras que formam a letra “Z”. A iluminação é halógena, o que mostra que o Venue tem um pé no custo/benefício.
O preço é um ponto a ser analisado pelos executivos da Hyundai. Para ser viável, o Venue precisa custar o mesmo que o HB20X. Nos Estados Unidos, o SUV parte de US$ 18.750, o equivalente a R$ 100 mil na conversão direta.
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Em relação à mecânica, o Venue deve utilizar os motores flexíveis da linha HB20. Há o 1.6 16V 4-cilindros de até 130 cv e 1.0 turbo 3-cilindros de injeção direta e 120 cv. Os câmbios também seriam os mesmos, manual e automático de seis marchas. Na Índia, o SUV usa motor 1.0 turbo a gasolina com iguais 120 cv e câmbio de dupla embreagem e sete marchas.
Honda ZR-V
Motor: 1.5 flex aspirado e 1.0 turbo flex
Câmbio: Manual de cinco marchas e automático CVT
A Honda está desenvolvendo um novo SUV de entrada na Índia para substituir o atual WR-V. Segundo a montadora, o modelo terá foco na “geração Z”, e por isso deverá se chamar ZR-V. Inédito, o utilitário será posicionado também abaixo do HR-V na gama de SUVs.
Porém, o novato nascerá da plataforma do sedã pequeno Amaze, e não mais da arquitetura do Fit. E terá características de SUV, algo que a Honda tentou adicionar ao WR-V, mas não conseguiu na prática. O crossover atual é uma versão aventureira do hatch, com suspensão elevada.
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A Honda percebeu que os consumidores desse segmento querem mais do que um hatch com suspensão reforçada e maior altura em relação ao solo. Por isso, o ZR-V será convincente como SUV. O modelo terá formas e características de utilitário esportivo.
Segundo a imprensa japonesa, o ZR-V será revelado em maio de 2021. E deve chegar ao Brasil também no ano que vem. Tal como seus concorrentes, o novo SUV de entrada terá menos de 4 metros de comprimento, e oferecerá uma gama moderna de motores e câmbios.
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Kia Sonet
Motor: 1.2 aspirado a gasolina e 1.0 3-cilindros turbo flex
Câmbio: Manual e automático de seis marchas
Apresentado no início deste ano como conceito, o Kia Sonet chegou às lojas indianas nos últimos meses cheio de atributos. O modelo utiliza a mesma base do Hyundai Venue, mas a Kia conseguiu diferenciar bem seu modelo no design. Embora tenha sido criado na Índia, o Sonet tem foco global. E chegará a outros mercados, entre eles possivelmente o brasileiro.
O Sonet parece um “mini Sportage”. Atrás, as lanternas são unidas em peça única e cortam a tampa do porta-malas. Já a cabine traz uma grande tela de 10,25 polegadas para a central multimídia. O visor fica montado junto com o quadro de instrumentos digital, exibido em outra tela de 4,2″. O formato lembra o utilizado pelos carros da Mercedes-Benz.
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Na parte mecânica, o Kia Sonet é vendido na Índia com três motores. A base traz um 1.2 litro a gasolina aspirado, e o 1.0 turbo de três cilindros, que equipa do Hyundai Venue. Há ainda uma opção 1.5 turbo diesel. Entre as transmissões, o modelo oferece câmbios manual e automático.
Questionada sobre o Sonet, a Kia Motors brasileira negou a importação do SUV. Para o Brasil, a montadora estuda o lançamento do SUV Seltos, rival do Hyundai Creta e do Honda HR-V. Mas se a categoria de SUVs fizer sucesso por aqui, é enorme a chance do Sonet desembarcar.
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Renault Kiger
Motor: 1.0 SCe flex e 1.0 SCe turbo flex
Câmbio: Manual e Automático X-Tronic CVT
É o SUV do Renault Kwid que será lançado em 2021. O Kiger foi apresentado neste mês de novembro na Índia, ainda como um conceito. O modelo usa a plataforma CMF-A+, que é uma versão crescida da arquitetura do subcompacto. Na gama da marca francesa, será posicionado abaixo dos SUVs Captur e Duster, como o utilitário mais barato da marca.
As chances de vir para o Brasil são boas, principalmente se a Nissan confirmar a produção local do primo Magnite. O único conflito é a semelhança em tamanho e preços com o Stepway.
Se já estivesse à venda, o Renault Kiger certamente rivalizaria com a versão aventureira do Sandero. É uma equação que a marca terá de resolver. Se vier, vai ajudar em market share. É carro de volume.
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Por ora ainda há poucos detalhes revelados. Nem mesmo o interior do conceito foi exibido até agora. Mas o foco na boa relação custo/benefício deverá ser mantido. E a mecânica vai acompanhar a concorrência, com opções de motores aspirado e turbo. Em tamanho, o Renault Kiger será um pouco menor que o Ford Ecosport.
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Suzuki Vitara Brezza
Motor: 1.5 aspirado a gasolina, 103 cv
Câmbio: Manual de cinco marchas ou automático de 4 marchas
Criado pela Maruti Suzuki em 2016, o Vitara Brezza foi feito especialmente para a Índia. Tal como os SUVs rivais, mede 3,99 metros. Porém o design tem todos os pré-requisitos de um utilitário. Alto e quadrado, cativa com elementos modernos, como os LEDs nos faróis e lanternas.
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Uma curiosidade é que o Vitara Brezza usa praticamente a mesma mecânica do Suzuki Jimny Sierra que é vendido aqui. O motor 1.5 naturalmente aspirado tem quatro cilindros e 104 cv (ante 108 cv do Sierra). A transmissão é rigorosamente a mesma nos modelos: manual de cinco marchas ou automática de quatro velocidades.
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Porém as chances de o Vitara Brezza vir são remotas. O fato de não ser um produto global da marca reduz as chances de o SUV vir para cá. Aqui a Suzuki também tem um representante local, a HPE Automotores. O SUV seria uma ótima opção para substituir o antigo Jimny, que segue montado na fábrica da HPE em Catalão, Goiás.
Faz poucos dias, autoridades goianas anunciaram a manutenção do acordo fiscal com o governo federal até 2025, preservando os benefícios tributários das fabricantes instaladas no estado.
Toyota Urban Cruiser
Motor: 1.5 aspirado a gasolina
Câmbio: Manual de cinco marchas ou automático de 4 marchas
É o modelo mais distante do Brasil neste momento. Até porque o novo Urban Cruiser é o Suzuki Vitara Brezza com escudo da Toyota. As conterrâneas decidiram fazer uma parceria com a Maruti na Índia, e essa união é gerou os SUVs quase gêmeos.
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Em termos gerais, o Urban Cruiser mantém até o design do Vitara Brezza, diferenciando-se pouco do SUV da Maruti. A cabine é idêntica, e até mesmo a mecânica. O Toyota traz motor 1.5 aspirado de 104 cv, câmbio manual de cinco marchas ou a velha caixa de quatro relações.
Por dentro, o Urban Cruiser é despojado e basicamente revestido de plástico rígido. O painel traz uma tela multimídia bem no meio, e tem poucos botões. Vendido a partir de aproximadamente R$ 60 mil, traz o trivial, como ABS, airbags frontais, controle de tração, ar-condicionado e multimídia.
Para o Brasil, a Toyota não planeja em lançar um SUV para esta categoria. A montadora prepara o lançamento do Corolla Cross, um rival para o Jeep Compass. O modelo será produzido em Sorocaba (SP) e está previsto para estrear já no primeiro semestre de 2021.