Primeira Classe

A nova quarta força do mundo dos carros

Enquanto a Renault cresce, Ford está cada vez mais distante do clube das quatro grandes

Rafaela Borges

16 de mai, 2019 · 6 minutos de leitura.

Renault Kwid" >
Kwid é o trunfo da Renault
Crédito: Daniel Teixeira/Estadão

Quem é atento ao mundo do automóvel sabe o que significa “quatro grandes”. É o grupo formado pelas montadoras mais antigas do País: Chevrolet, Ford, Volkswagen e Fiat. Nos últimos anos, com raras exceções, elas também foram as que mais venderam carros no mercado nacional. Em 2019, no entanto, a Renault está quebrando essa regra.

Desde o início do ano, a marca vem aparecendo firme na quarta posição do ranking de vendas, jogando a Ford para trás. Não é, porém, a primeira vez que isso acontece.

Em 2016, pela primeira vez, a Hyundai conseguiu quebrar a força das quatro grandes e tirar a Ford desse grupo. Depois disso, não houve mais mudanças em um ano completo. A ordem de vendas desde então é Chevrolet na liderança, Volkswagen e Fiat se alternando na segunda e terceira posições e a Ford no quarto lugar.

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Houve casos isolados no decorrer dos anos, em que em um ou outro mês Toyota ou Renault conseguiram tirar a Ford do quarto lugar. Em 2019, porém, o desempenho da Renault está bem consistente.

 

Veja também: Os carros mais vendidos em abril de 2019


 

Renault em números

Considerando apenas os carros sem passeio – sem contar vans e picapes -, a Renault só vende menos, atualmente, que Chevrolet e Volkswagen. É a terceira força.

Quando os comerciais leves entram em ação, a marca é quarta colocada no ranking de vendas. No acumulado deste ano, somou 70.507 emplacamentos. Já tem cerca de 3 mil exemplares de vantagem para a Ford.


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Nos quatro primeiros meses deste ano, a Renault ficou três vezes na quarta posição em vendas. Só apareceu atrás da Ford em janeiro.


Apesar da consistência, a briga está longe da decisão. A vantagem de 3 mil unidades é pequena. E, além da quinta colocada, Ford, sexta e sétima também aparecem próximas da francesa.

Sexta colocada, a Toyota somou 66.907 emplacamentos neste ano. A Hyundai, sétima, tem 63.686 unidades vendidas.

Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).


O trunfo da Renault

O que levou à marca francesa à posição que ocupa hoje é o Kwid. É claro que dificilmente um carro sozinho faz verão, mas a Renault tem outras armas secundárias para lutar pela manutenção de quarto força do mundo dos carros.

Lançado no ano passado, o Kwid logo caiu no gosto do povo. A razão: fórmula que une preço baixo, consumo de combustível reduzido (é um dos mais econômicos do País) e espaço bem acima do oferecido pelo principal rival no segmento de entrada, o Mobi.

Além disso, o Kwid é o único carro da Renault que não tem alta dependência das vendas diretas. Elas representam 21% de seus emplacamentos, número baixo no universo do mercado em que essa modalidade detém quase 45% das unidades vendidas neste ano.


 

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Mas, por falar em vendas diretas, o fato de a Renault ser muito forte nessa modalidade é a outra razão de seu sucesso. Esse tipo de negócio é o que impulsiona a maior parte das vendas de todos os outros modelos da marca.

A montadora também tem dois SUVs que ocupam posições intermediárias do ranking. Estamos falando do segundo segmento mais importante do Brasil. Juntos, Duster e Captur registraram 15,5 mil emplacamentos neste ano. Isso os colocaria, se fossem um só, à frente do EcoSport.


E, claro, a Ford também tem responsabilidade no salto da Renault. A linha da montadora hoje é restrita a praticamente quatro carros: Ka, Ka Sedan, EcoSport e Ranger. Enquanto isso, a Renault tem Kwid, Sandero, Logan, Duster, Captur e Oroch. Todos atuando em segmento importantes.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”