Há três montadoras entre as dez maiores do Brasil que costumam praticar preços um pouco mais altos que o da concorrência. Esse posicionamento sempre acaba gerando algum tipo de repercussão negativa na época do lançamento. Uma das marcas em questão é a Toyota. Com o novo Corolla 2020, porém, a empresa “desapontou”.
Mas não de uma maneira negativa. Os preços do novo Corolla 2020 surpreenderam por estarem completamente em dia com os da concorrência. Pouco depois de a Honda promover leve mudança na linha 2020 do Civic, aumentando os preços de todas as versões, a Toyota anunciava a tabela de seu modelo mais vendido.
A maior surpresa? Mesmo recebendo, em nova geração, diversas melhorias, como a suspensão independente nas quatro rodas (em substituição ao eixo de torção atrás), os preços vieram totalmente em acordo com a realidade.
Agora apenas com o novo (e, segundo nosso repórter Hairton Ponciano, que avaliou o carro, muito bom) motor 2.0 de 177 cv, o Corolla 2020 parte de R$ 100 mil reais na versão GLI. Muito? Pois então vamos comparar com a concorrência (Civic, Cruze e Jetta)?
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Preços do novo Corolla x rivais
O Civic, na linha 2020, passou a trazer uma nova versão de entrada, a LX, por R$ 98 mil. São R$ 2 mil a menos que o Corolla 2020 mais barato.
Nas versões mais vendidas, EXL para o Honda e XEi para o Toyota, a vantagem passa a ser do novo Corolla. Ele sai por R$ 111 mil, ante os R$ 112.600 do Civic.
No caso do Jetta, os preços das duas versões equivalentes são quase os mesmos: R$ 100 mil para a 250 TSI e R$ 110 mil para a Comforline.
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Além da Toyota, as outras duas marcas que costumam ter carros mais caros que os da concorrência são justamente Honda e Volkswagen. No entanto, nem o Cruze, da Chevrolet, que costuma ter preços mais em conta, foge muito dessa faixa.
São R$ 99.300 para a versão LT e R$ 109 mil para a LTZ. Vale lembrar, no entanto, que esses valores ainda são da linha 2019. Na 2020, na qual a LTZ será substituída pela Premier, são esperados preços um pouco mais altos.
Aqui, vale ressaltar que só Corolla e Civic têm suspensões independentes nos quatro eixos. Nos outros dois, a traseira é por eixo de torção.
Além disso, o novo Corolla 2020 passa a ser, desse grupo, o mais potente, com 177 cv. O Civic tem 155 cv, o Cruze, 153 cv e o Civic, 155 cv.
Versões de topo
Quando se olha para as versões de topo é que o Corolla chama mais a atenção. Entre a Altis com motor 2.0 flexível custa R$ 125 mil. É um abismo em relação do Civic Touring, a R$ 134 mil.
E, agora, nem dá para falar da diferença de potência entre eles. Apesar de não ter optado pelo turbo, como no bom 1.5 de 173 cv do Civic, o 2.0 do novo Corolla 2020 traz sistemas de injeção direta e indireta. Ou seja: tecnologia em dia com a da concorrência.
Aqui, a vantagem é do Jetta. A versão Highline custa R$ 120 mil.
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A maior surpresa, no entanto, é a versão híbrida, que custa os mesmos R$ 125 mil da versão 2.0. Ele é menos potente, mas é fato que a tecnologia híbrida tem um custo mais alto.
Vale ressaltar que a versão topo de linha do Jetta não é a Highline, e sim a GLI. Mas, nesse caso, ela destoa completamente do grupo: tem 230 cv e sai por R$ 145 mil. É a única configuração do VW com suspensões independentes nos dois eixos.
Estratégia lembra a do Polo
A atual geração do Polo, lançada há dois anos, usou uma estratégia bem parecida com a do novo Corolla 2020. Esperava-se o carro com preço superior ao da concorrência. Ele, no entanto, veio em dia com a tabela dos rivais, a exemplo do Argo, lançado cerca de seis meses antes.
Depois dele, houve outros dois lançamentos da Volkswagen, Virtus e T-Cross. Ambos vieram com preços um pouco acima da média da concorrência. Ou seja: foi uma estratégia usada apenas para o Polo.
A diferença entre o novo Corolla e o hatch compacto da VW? O modelo menor estava chegando, e precisava conquistar espaço. No caso do Toyota, ele já é disparadamente o sedã mais vendido do Brasil, e não perdeu força nem no período de transição (entre a geração antiga e a nova).
O que esperar? Talvez uma boa migração de clientes da concorrência para o novo Corolla. Afinal, ele é um sedã desejado, mas estava já defasado. Com preços que não fazem feio diante da concorrência, ele pode atrair novos clientes, principalmente nesta fase em que é novidade.
Outra frente que a Toyota pode atacar com o carro é a de versões de topo de SUVs compactos. Vale lembrar que a marca é uma das únicas que não atuam nesse segmento. Será que o sedã vai conseguir?
Por que ter preços mais altos
Aqui, não estou dizendo que o Corolla deveria custar mais que a concorrência. Não mesmo. No entanto, a Toyota está de parabéns por não usar o fator novidade para inflacionar a tabela. Até porque é uma tática que ela sempre usou.
E não estamos falando, como explicado acima, de um carro que precisa afirmar sua posição no mercado. Estamos falando de um dos automóveis mais amados do Brasil.
E por que Honda, Toyota e Volkswagen quase sempre têm preços mais altos? São vários fatores. Em conversas de bastidores, já surgiram explicações como qualidade atribuída ao produto, desvalorização mais baixa que a concorrência, etc.
Em alguns casos, não há explicação. Em meu ponto de vista, no entanto, a razão principal é outra: custa mais porque as pessoas querem. Desejam. E compram.
Tanto é verdade que o HR-V Touring, um carro inferior ao Civic Touring (que tem mesma mecânica), foi lançado quase R$ 10 mil mais caro. Com o reposicionamento da linha 2020 do sedã, os valores se aproximaram. Mas o SUV ainda custa mais.
A razão da diferença? O consumidor brasileiro não está tão disposto a comprar sedãs médios quanto está de adquirir SUVs compactos. O que é mais desejado pode custar mais.
Eventualmente, no entanto, uma estratégia de preço exagerada, mesmo em montadoras renomadas, pode acabar com a carreira de um produto já na “largada”. De vez em quando, não dá para reverter esse começo ruim. Mas isso é assunto para outro post.
ATUALIZADA ÀS 00H15 DE 13 DE SETEMBRO
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