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Como a Toyota se preparou para a falta de microchips na indústria
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Como a Toyota se preparou para a falta de microchips na indústria

Terremoto que causou tsunami e explosão da usina nuclear de Fukushima fez a Toyota criar mecanismo para monitorar componentes

Diogo de Oliveira, Especial para o Estado

12 de abr, 2021 · 5 minutos de leitura.

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Toyota
Após os desastres naturais de 2011 no Japão, que culminaram na explosão da usina nuclear de Fukushima, a Toyota decidiu mapear cerca de 1.500 componentes presentes nos seus carros
Crédito:Toyota/Divulgação

Desde o início da pandemia da covid-19, os semicondutores estão em falta no mundo todo. O microchips são a base para a produção de processadores de notebooks, smartphones e vários tipos de eletrônicos. Assim como os que estão em veículos. Por isso, todas as montadoras foram afetadas. Contudo, a Toyota estava preparada para a escassez desses componentes.

Tudo começou em 2011. Naquele ano, o Japão sofreu os efeitos da maior catástrofe de sua história desde a explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Há 10 anos, um forte terremoto na região de Tohoku desencadeou um tsunami que varreu a costa nordeste do Japão. Com isso, alcançou a usina nuclear de Fukushima, que explodiu.

Assim, as consequências foram devastadoras. E foram além das 15.853 mortes e 3.282 pessoas desaparecidas. A economia do país sofreu um grande baque. A Toyota, por exemplo, ficou três meses com sua maior fábrica totalmente parada. Da mesma forma, outras grandes companhias japonesas tiveram suas operações e instalações comprometidas.

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Uma das providências da Toyota foi mapear todos os componentes críticos de seus carros. Pois o resultado foi uma lista de 1.500 peças com alto risco de falta. Da mesma forma, o relatório indicou que seria necessário estocar semicondutores.

“O processo de fabricação desse componente é complexo. Com isso em mente, precisamos garantir que haja estoque suficiente. Ou seja, para cobrir um período de possível interrupção do fornecimento”, disse Shiori Hashimoto, porta-voz da Toyota, à Bloomberg.

Detalhamento profundo

Semicondutores são peças necessárias para o funcionamento de todo o sistema eletrônico de um veículo
Reprodução/Reuters

A montadora pediu aos principais fornecedores que detalhassem quais eram seus fornecedores de peças e insumos. Assim, obteve um profundo detalhamento da operação dos parceiros.

Segundo Hashimoto, o complexo banco de dados reúne informações “tão detalhadas quanto os nomes e localização das empresas que fazem os materiais para tratamento de superfície d​as lentes de um farol”.

Perda de até US$ 60 bilhões em 2021

Estudos preliminares apontam que a escassez de semicondutores pode gerar um prejuízo bilionário para a indústria em 2021. Segundo a Bloomberg, as montadoras vão perdem US$ 60 bilhões com a queda nas vendas. A Anfavea, associação que reúne as montadoras instaladas no Brasil, informa que a regularização das entregas vai levar meses.


Para agravar a situação, em março um grande incêndio atingiu a fábrica da Renesas Technology, no Japão. A unidade produz 6% dos semicondutores vendidos no mundo. Segundo estimativa do banco britânico Barclays, o impacto na entrega de microchips à indústria será de cerca de 30%.

No Brasil, os estragos já estão ocorrendo. Em março, a GM parou a produção da fábrica de Gravataí (RS) por causa da falta de semicondutores. Lá são feitos os compactos Chevrolet Onix e Onix Plus (sedã). Com isso, a dupla perdeu a tradicional liderança de vendas no mercado.




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